terça-feira, 30 de novembro de 2010

DELIMITAÇÃO DOS ANACÉS VAI ATRASAR

DELIMITAÇÃO DOS ANACÉS VAI ATRASAR

Depois do acordo entre Palácio Iracema e líderes anacés para que a comunidade abra mão do terreno da refinaria, o trabalho de identificação e delimitação indígena no Pecém ainda não tem data para terminar

O processo de identificação e delimitação de terras da comunidade anacé não deve ser concluído dentro do prazo inicialmente estabelecido. O grupo de trabalho foi nomeado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em 22 de julho e tinha inicialmente 25 dias para estudos de campo e mais 110 dias para entrega da versão preliminar do relatório, conforme o Diário Oficial da União, mas até agora o levantamento não acabou.

O trabalho busca verificar se existem terras indígenas na área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em Caucaia e São Gonçalo do Amarante, e é importante para projetos como a refinaria Premium II, da Petrobras.

“O grupo não teve condição de concluir ainda”, diz a superintendente estadual do Meio Ambiente (Semace), Lúcia Teixeira. Ela está no grupo como procuradora do Estado. Há técnicos da Funai, do Estado e das prefeituras de Caucaia e São Gonçalo.

Em 21 de outubro um outro ato no Diário Oficial fixou novos prazos para estudos de campo. O maior prazo era de 30 dias.

“Meu sentimento é que o grupo vai demorar para dar resultado, porque ainda vai trabalhar uma área muito grande”, afirma Lúcia. Até agora o estudo se concentrou mais em Caucaia.

Lúcia diz que o trabalho foi suspenso, mas teve retomada em 6 de novembro. “Nos próximos dias” será novamente suspenso, mas os trabalhos, provavelmente, serão reiniciados em dezembro, prevê a procuradora. “Essa segunda fase vai ser provisoriamente encerrada”.

“Acredito que nós vamos precisar de um pouco mais de tempo”, indica. Ela não deu estimativa sobre um prazo para o fim do trabalho.

O POVO também conversou ontem com a coordenadora do grupo de trabalho, a antropóloga Zambrotti Doria, da Funai, mas ela não falou sobre esse assunto.

O processo de identificação e delimitação das terras tem relação direta com a implantação da refinaria. Parte do terreno destinado ao empreendimento é reclamado como indígena pelos anacés. No início de julho, no entanto, o governador Cid Gomes (PSB) e outros membros do Governo do Estado participaram de uma reunião com líderes anacés em que a comunidade topou abrir mão dos terrenos. Em troca, por sua vez, o Estado se comprometeu a dar uma série de melhorias sociais e de infraestrutura à comunidade.

O Ministério Público Federal (MPF) pediu parecer à Procuradoria Geral da República (PGR) sobre o acordo. O procurador Francisco de Araújo Macêdo Filho lembra que a entidade manifestou de forma contrária, alegando que “o MPF não tem condições de chancelar isso”.



O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

A refinaria Premium II, será instalada em Caucaia, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). O projeto ainda tem pendências em relação à liberação total do terreno. A comunidade até abre mão da área que supostamente seria sua, mas os estudos não terminaram.



Diego Lage
diegolage@opovo.com.br

Fonte: http://www.dobelclipping.com.br/clipping/indexprincipal.php?data_pesquisa=

COMUNIDADE INDÍGENA SOFRE AMEAÇAS APÓS MORTE DE LÍDERES

COMUNIDADE INDÍGENA SOFRE AMEAÇAS APÓS MORTE DE LÍDERES

http://www.aquidauananews.com/index.php?action=news_view&news_id=174494

Indígenas da comunidade Kurussu Ambá, de Ponta Porã, denunciou ao MPF (Ministério Público Federal) que estão sendo ameaçados por “pistoleiros”. Ao todo são 130 indígenas que moram na comunidade, localizada entre os municípios de Amambai e Coronel Sapucaia, fronteira do Brasil com o Paraguai que afirmam ser ameaçados para saírem, nem que seja a força, da área que ocuparam por ser tekoha (terra sagrada), dentro da fazenda Nossa Senhora Auxiliadora.

Os indígenas temem as ameaças pois, até a comunidade acampar definitivamente no local, três líderes indígenas já foram assassinados, em 2006 e 2007, e em todos os casos nenhum dos autores foi preso.

Os índios relatam que no dia 23 de outubro um grupo teria estacionado um veículo na entrada da propriedade e feito ameaças contra a comunidade. As ameaças, segundo os indígenas, aumentaram após o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) ter suspendido a reintegração de posse em favor dos proprietários da fazenda.

Conforme o MPF, as informações foram enviadas à Polícia Federal (PF) de Ponta Porã, solicitando para que a denúncia seja apurada. Assim, o MPF acredita que é possível “facilitar a coleta de dados sobre o caso, além de conter o clima de tensão no local e evitar a ocorrência de outros incidentes”.

O estudo antropológico das terras Kurussu Ambá já está em está em estágio avançado, conforme o MPF, e deve ser finalizado pela Funai (Fundação Nacional do Índio).

Os indígenas da Kurussu Ambá foram expulsos da Aldeia de Taquaperi, no final de 2006, 50 famílias (cerca de 150 indígenas guarani-kaiowá, sendo 70 crianças e 18 bebês), acamparam na entrada da fazenda Madama, segundo eles, antigo tekoha (terra sagrada).

Desde então a comunidade tentou retomar as terras e até acampar em um pequeno pedaço de mata, onde estão até hoje, no centro da fazenda.

Fonte: http://www.dobelclipping.com.br/clipping/indexprincipal.php?data_pesquisa=

CERCA DE 50 INDÍGENAS FAZEM REFÉNS NA FUNASA DO ACRE

CERCA DE 50 INDÍGENAS FAZEM REFÉNS NA FUNASA DO ACRE
24 HORAS NEWS ONLINE


Depois de receberem uma ligação do secretário especial de saúde indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves, os índios decidiram liberar a saída dos trabalhadores, mas mantiveram preso o coordenador da Funasa, José Carlos Pereira Lima.

Segundo um dos manifestantes, Ninawa Hunikui, o coordenador continuará refém até que haja um acordo para melhorias nos investimentos.

´´Temos parentes nossos morrendo, pois o dinheiro que serve para tratar da saúde do índio está sendo mal investido. Estamos cansados de esperar, reivindicar, mandar documentos e nada acontecer, por isso vamos permanecer aqui´´, falou Hunikui.

Outro líder indígena, Sabá Manchineri, explicou que há 27 dias os nativos estão acampados na sede da Funasa, aguardando uma posição do Ministério da Sáude, mas nada foi feito até o momento.

A Polícia Federal foi chamada para tentar negociar o fim da manifestação, mas não houve acordo. Um representante da Funai (Fundação Nacional do Índio) também foi chamado ao local, mas os indígenas se recusaram em conversar com ele.

Fonte: http://www.dobelclipping.com.br/clipping/indexprincipal.php?data_pesquisa=

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

RACISMO AMBIENTAL EM SAGI/RN

RACISMO AMBIENTAL EM SAGI/RN


Na manhã da quarta-feira, 24/11/2010, às 9h e 30min, recebi uma ligação de Paulo, morador da Praia de Sagi que muito agitado relatou o grave problema pelo qual vem passando a comunidade, bem como, do ato público que seria realizado em instantes. De acordo com Paulo, a Comunidade Indígena de Sagi/Trabanda, última praia do litoral sul do RN pertencente ao Muncípio de Baía Formosa, é vitima há pelo menos dois meses, do crime ambiental praticado sob ordens direta do Prefeito JOSE NIVALDO DE ARAÚJO MELO.
Moradores apresentam resquícios de lixo hospitalar atirado na Comunidade
Com a interdição do lixão de Baía Formosa/RN, a solução encontrada pelo Prefeito fora deslocar todo lixo produzido pela sede do Município e despejá-lo na Comunidade de Sagi. Segundo moradores, tal conduta vem sendo praticada há dois meses, o que foi responsável por quadruplicar a população de moscas varejeiras pela Comunidade.

Mesmo sob ordem do Prefeito de Baía Formosa, caminhões tentaram em vão despejar lixo em Sagi.
Para se almoçar em qualquer dos dois excelentes restaurantes da praia é preciso estar bem fisicamente, porque a luta contra o “moscaréu” é grande. Em 2006, quando foi criada a Associação dos Moradores e Amigos da Praia de Sag, AMA SAGI, a primeira grande ação da associação fora para retirar o lixo, que era aglomerado ao lado do único colégio. O problema não foi resolvido, mas apenas remediado.

Até o urubu domesticado se juntou aos Indígenas de Sagi/Trabanda para protestar

O chefe do Poder Executivo Municipal ao invés de ajudar na busca pela solução do problema do lixo procurou se livrar dos dejetos, principalmente porque a Prefeitura promovedurante os dias 25 a 27/11/2010 o festival gastronômico de Baía Formosa. Vale ressaltar que o Prefeito é dono de uma das maiores pousadas de Baía Formosa e que o evento promoverá,indiretamente, o seu empreendimento. Mas quem ficará com a sujeira?

Infraestrutura do Festival Gastronômico de Baía Formosa

http://www.youtube.com/watch?v=0suJ76OQRSU

http://www.youtube.com/watch?v=Z0P0V-4IHJg

http://www.youtube.com/watch?v=RyV0AepBvME

http://www.youtube.com/watch?v=XUSIt9rU01o

http://www.youtube.com/watch?v=ixap_GMV-sE



Luciano Ribeiro Falcão

Advogado Popular

OAB/RN 6115

(84) 9655 1414 e 9988 9668


A Entrega

A Entrega

A porção da torá desta semana relata um estranho sonho do faraó, quando via sete vacas gordas seguidas de sete vacas magras. As interpretações de seus magos não lhe convenceram, e assim José foi chamado e previu que haveria uma abundancia de sete anos na terra, seguida de uma devastadora seca por igual período. Por isso ele foi nomeado governante.

Existe um código muito significativo presente nesta porção da Torá: Quando José foi chamado para interpretar o sonho, este era um momento impar em sua trajetória. Ele estava preso há muitos anos e se falhasse não teria mais qualquer esperança em sua vida.

Mas José sabia que era apenas um instrumento, à serviço de algo muito maior do que ele, e por isso foi bem sucedido. Tomados por esse espírito procuramos, nesta semana, controlar menos e entregar mais, para que, assim como ele, possamos no tornar instrumentos da Luz.

Shalom!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Deus É Fiel


Deus É Fiel
(Nani Azevedo)

Sim, Deus é fiel para cumprir
Toda palavra dita a mim,
Deus é fiel, Deus é fiel,
Sim, Deus é fiel para cumprir
Toda promessa feita a mim,
Deus é fiel, Deus é fiel

Eu não morrerei enquanto
O Senhor não cumprir em mim
Todos os sonhos que ele mesmo
Sonhou pra mim. Eu quero viver
Em santidade e adoração
Pois é só Dele, somente Dele
O meu coração.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A discriminação contra os pequenos indígenas

A discriminação contra os pequenos indígenas
SÍTIO FUNAI, 20.11.2010
O POVO-CE

Até hoje as crianças Tremembé têm cerimônia de se apresentar como índio, porque ainda sofrem discriminação. Falar de índio é sempre aquela imagem que passam na televisão, índio nu, pintado. Esse racismo, de mangofar da gente, ainda não acabou-se, ainda existe muito e a gente sofre muito isso no dia a dia.
O preconceito se manifesta de várias maneiras: é aquela chateação, aquela mangofa. Nós fomos obrigados a criar uma escola diferenciada porque as crianças indígenas eram criticadas pelos próprios amigos de sala. Eles perguntavam: quantos calangos vocês comeram hoje? Já tomaram o caldo do calango? A própria escola obrigou a criar uma escola diferenciada, que nasceu embaixo de um coqueiro e de um cajueiro; mas hoje estamos numa escola de qualidade.
A nossa escola é diferente em todos os modos, desde a hora de chegar na escola. A criança não indígena tem que ter a farda, sapato, livros, material senão não entra. Na nossa se o menino chegar com os pés descalços é recebido, se chegar atrasado é recebido. A história que ele aprende é a vivência do seu povo, é voltada para a questão cultural do nosso antepassado. Todo dia ele dança o ritual sagrado. Não tem onde escapulir, é tudo diferente.
Por tudo isso tem que ter escola indígena. Se a criança indígena sair e for para a escola tradicional ela se perde, porque o ritmo é outro. Na nossa, os professores, por serem da comunidade, têm mais compromisso, responsabilidade.
O impacto do preconceito é muito ruim nas nossas crianças, porque elas ficam receosas; às vezes ficam com vergonha de se apresentar como índia porque vão mangar, vão chatear. Ficam com cerimônia. Isso é um desrespeito muito grande. Mas vejo que a maioria das pessoas que faz isso é gente que não sabe nem de onde veio, que se aboleta por aqui, que não conhece a história de originalidade do povo Tremembé.
Apesar de tudo, no atual momento, o preconceito está moderado mais um pouco porque as escolas hoje estão fazendo um trabalho de pesquisa dentro das escolas indígenas, mas a situação já foi muito pesada. Hoje os professores trazem seus grupos de alunos para pesquisar as escolas indígenas, o ensino diferenciado. Isso traz um pouco de tranquilidade. Hoje já tem um reconhecimento muito grande por parte das instituições, do Estado, dos governos, graças à luta do nosso povo.
A lei chega tarde porque os primeiros habitantes do Brasil foram os índios, mas de qualquer forma ela faz um aparo que era para ter desde muito tempo e para se trabalhar melhor isso, é
preciso uma política para a questão indígena, na educação, na saúde....
E para acabar com racismo só vejo como saída a divulgação da história dos povos, que o índio foi gerado da mesma forma, até ainda mais amorosa. O índio tem seus idiomas, sua cultura própria - não copiada de ninguém -, respeita a natureza. A gente tem esse respeito, de zelar, respeitar e amar a mãe natureza.
Hoje os professores trazem seus alunos para pesquisar as escolas indígenas, o ensino diferenciado
João Venâncio Cacique e mestre da Cultura Indígena Tremembe

Fonte: Clipping da 6ªCCR do MPF.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Determinação


A Determinação

José era um dos doze filhos de Jacob, e desde pequeno mostrava as qualidades que lhe tornariam o herdeiro natural do patriarcado. Os irmãos passaram a sentir muita inveja dele e um dia, possuídos pelo ódio, o atacaram no deserto e venderam-no como escravo.

José não sucumbiu ao sentimento de raiva e ao desejo de vingança dos irmãos. Mesmo mais tarde, quando preso injustamente, não esmoreceu. Manteve-se sempre firme e aguardando dias melhores.

A conexão desta semana traz esta energia de determinação. Nos inspiramos em José para lembrar que mesmo os maiores obstáculos são temporários. Precisamos manter-nos firmes e não nos deixar contaminar pelos sentimentos negativos, já que temos algo muito importante a realizar.

Shalom!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Transformação

A Transformação

Vinte anos se passaram desde que Jacob fora jurado de morte pelo irmão. E ele está com muito medo, pois em breve re-encontrará Esaú. Jacob amadureceu muito neste período, formou uma grande família, tornou-se próspero, mas agora terá que lidar com um enorme desafio.


Por isso, durante uma noite inteira, se exila no deserto, para um combate com o anjo da morte. Desta luta ele sai ferido, mas consegue uma grande vitória. Ao olhar para dentro Jacob descobre em si mesmo os aspectos negativos que atribuía ao irmão, e a partir desta revelação, ele se transforma em um novo homem, e ganha um novo nome.


A conexão desta semana pede para levarmos este olhar para dentro. Ao fechar os olhos para fora descobriremos quem somos nós. Que possamos, como Jacob, nos tornarmos totalmente novos.

Shalom!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Organizações apelam à OEA pela suspensão da construção de Belo Monte

Organizações apelam à OEA pela suspensão da construção de Belo Monte


Natasha Pitts *

Adital -

Na tentativa de garantir os direitos de indígenas e ribeirinhos e de proteger o meio ambiente, mais de 20 organizações sociais se uniram para solicitar à Organização dos Estados Americanos (OEA) que barre o início das obras da hidrelétrica de Belo Monte, idealizada para ser construída na região da Volta Grande do rio Xingu (PA). Nesta quinta-feira (11), a OEA recebeu o documento e deve, em breve, divulgar sua decisão. A expectativa é de seja pedida a suspensão imediata de Belo Monte.

A iniciativa foi puxada pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre, junto ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Prelazia do Xingu, Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Justiça Global e Associação Interamericana de Defesa do Ambiente (AIDA), junto à várias outras, totalizando mais de 20 organizações e movimentos sociais.

A intenção é mostrar as ilegalidades que surgiram durante o processo de licitação e reforçar os prejuízos que serão causados às comunidades atingidas pela construção da hidrelétrica, principalmente indígenas e ribeirinhos. A petição também chama atenção para o fato de que o Brasil está ferindo tratados internacionais de direitos humanos, dos quais o país é signatário.

"A Convenção Americana de Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, é apenas um dos tratados internacionais que o Brasil está passando por cima quando decide construir Belo Monte sem realizar a consulta prévia, livre e informada. Além disso, a construção da hidrelétrica pode provocar insegurança hídrica, prejudicar o meio ambiente e comprometer a saúde das populações do Xingu", assegurou Roberta Amanajás, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).

Por esses e vários outros motivos citados na petição, as organizações solicitam à OEA, em caráter de urgência, a concessão de medidas cautelares para suspender o processo de licenciamento ambiental do projeto. A iniciativa busca proteger comunidades que vivem à beira do rio Xingu, entre elas a do Arroz Cru, Arara da Volta Grande, Juruna do Km 17 e Ramal das Penas.

Existe a possibilidade concreta de que a OEA conceda medidas cautelares para suspender a obra, pois a Organização já procedeu assim em outros casos, como no da construção da usina hidrelétrica Chan 75, no Panamá (2009). A obra estava promovendo o deslocamento forçado de comunidades indígenas e foi barrada.

De acordo com Roberta, a OEA não ofereceu prazo para a divulgação da decisão, no entanto, espera-se que o resultado saia com presteza, já que a questão é urgente. Com a liberação de um resultado positivo, todas as licenças liberadas para o início das obras serão consideradas ilegais em âmbito internacional.

No que diz respeito à esfera de Brasil, também é impossível a liberação legal de qualquer licença para o início das obras, visto que as 40 condicionantes de validade da Licença Prévia e as 26 condicionantes indígenas, estabelecidas no parecer Técnico da Fundação Nacional do Índio - Funai, não foram cumpridas em sua totalidade.

Por meio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a OEA pedirá esclarecimentos imediatos ao Estado brasileiro para, só após uma avaliação, emitir sua decisão. Segundo informações do Movimento Xingu Vivo para Sempre, caso as medidas cautelares sejam aprovadas o Governo Federá deverá cumprir as exigências impostas pela CIDH em sua resolução.

* Jornalista da Adital

Trabalhador rural é assassinado em acampamento no Tocantins

Trabalhador rural é assassinado em acampamento no Tocantins


Adital -

A violência associada aos conflitos de terra do país ceifou mais uma vida. Desta vez, a vítima foi o trabalhador rural Gabriel Vicente de Souza Filho, assassinado no Acampamento Bom Jesus, em Palmeirante, no estado de Tocantins.

Gabriel não resistiu aos cinco tiros recebidos no último dia 16 de outubro. A coordenação regional Araguaia-Tocantins da Comissão Pastoral da Terra (CPT) acusa o fazendeiro Paulo de Freitas e mais dois pistoleiros pelo crime. Uma testemunha presenciou o ocorrido. Segundo relatos, antes de ser alvejado, o sem-terra estava disposto a exigir que Paulo - que se apresenta como proprietário de parte da área em disputa - devolvesse seu facão, subtraído à força das mãos de outra lavradora acampada.

O clima de tensão por conta das disputas fundiárias é agudo e se arrasta há anos. Desde 2007, 30 famílias reivindicam a criação de um assentamento no local conhecido como Fazenda Recreio - hoje dividida em Fazenda Freitas (do acusado Paulo de Freitas, frontalmente contrário à demanda apresentada pelos sem-terra) e Fazenda Recreio II (de responsabilidade do antigo dono do toda a extensão, Pedro Bringel, que já concordou em negociar a parcela que lhe cabe para viabilizar o projeto de assentamento).

Várias denúncias relativas à situação de risco foram encaminhadas a órgãos públicos em nível estadual e federal, de acordo com informações da CPT. Os próprios agentes da pastoral sofreram ameaças diretas de Paulo de Freitas. Na companhia de pistoleiros com armas de fogo, o fazendeiro teria declarado inclusive que daria um basta à vida de outro acampado.

No dia seguinte à ameaça, este mesmo sem-terra chegou a se deslocar até a delegacia de Palmeirante (TO) para fazer o boletim de ocorrência acerca do caso. Contudo, não encontrou ninguém na unidade policial para fazer o devido registro. No retorno, teve ainda de fazer um desvio por um caminho mais longo para evitar bloqueios por parte dos ameçadores e chegar até o acampamento. Naquela mesma tarde, Gabriel foi assassinado.

"Quantas vezes essa situação [que atenta contra a vida das pessoas] foi denunciada? Quantas vezes a polícia poderia ter apreendido as armas que são ostensivamente carregadas pelo fazendeiro e pelos pistoleiros?", indaga Xavier Plassat, que faz parte da equipe da CPT na região. Ainda em 2007, a pastoral divulgou denúncias de despejo violento comandado pelos mesmos fazendeiros na mesma área conflituosa no Tocantins.

Em entrevista ao programa de rádio Vozes da Liberdade, Xavier analisa o contexto por trás da morte de Gabriel. Ele vê a região norte do Tocantins sendo cobiçada pela aptidão a diversos cultivos que interessam grandes fazendeiros, como a soja e o eucalipto (muito vinculado à demanda das siderúrgicas do Pólo Carajás pela matéria-prima do carvão vegetal). Ou seja, para o representante da CPT, a pressão sobre as terras se intensificou.

Muitas dessas terras, completa Xavier, nunca tiveram situação fundiária bem definida; inclusive com áreas devolutas ocupadas sem título legal. Esse quadro por si só conflituoso recebe o complemento do que ele define como "atuação demorada, frágil e fraca, quando não corrupta, por parte dos órgãos oficiais". Tudo isso, segundo ele, gera "um ambiente que favorece o uso e abuso de outros meios do que o uso da lei para resolver os problemas".

A violência ronda outra área no município de Palmeirante (TO): o Assentamento Santo Antonio Bom Sossego. Famílias que vivem no projeto e agentes apoiadores da CPT vem recebendo ameaças. A área está sendo explorada por madeireiras. A região como um todo, reforça Xavier, passa por um processo de mudança rápida. A terra está se valorizando com a Ferrovia Norte-Sul e o eixo de escoamento de produção da soja.

"Estatísticas acompanhadas pela CPT há muitos anos mostram que o campo de impunidade extremo no país é justamente aquele dos assassinatos e mortes no campo", destaca Xavier, que acompanha a questão cotidianamente. "A gente conta nos dedos das mãos os casos que foram apurados entre tantas centenas de trabalhadores que foram assassinados".

Situação fundiária

Em nota à Repórter Brasil, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sustentou que "não foi comunicado anteriormente" pela CPT das ameaças contra as famílias do Acampamento Bom Jesus. Informou também que a Ouvidoria Agrária Regional, o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e o próprio Incra "estão prestando orientações jurídicas às famílias do acampamento e acompanhando a apuração do caso". Procurada pela reportagem, a Ouvidoria Agrária Nacional - que está acima das Ouvidorias Regionais - não informou quais providências foram efetivamente adotadas.

A notícia é da Repórter Brasil, por Bárbara Vidal e Maurício Hashizume

Povos originários discutirão ações de resistência ao capitalismo

Povos originários discutirão ações de resistência ao capitalismo


Adital

"Pelos direitos dos (as) trabalhadores (as) e dos Povos Originários". Esse será o principal lema de duas ações que acontecerão neste mês na Austrália: o Encontro de Solidariedade com nossos povos da América Latina, da Austrália e do Pacífico da Ásia; e as Atividades Solidárias. Os dois eventos terão como objetivo a construção de alianças e redes de "resistência às multinacionais e ao capitalismo global".

O Encontro acontecerá entre 12 e 14 de novembro, no Centro Sindical de Melbourne. Já as Atividades Solidárias ocorrerão nos dias 26 e 27 do mesmo mês, no Centro Sindical de Sydney, também na Austrália. A expectativa é que participem das ações representantes de sindicatos e de organizações indígenas e trabalhistas de: Brasil, Colômbia, Chile, Austrália, Bolívia, Argentina, Equador, Venezuela, Nova Zelândia, Papua Ocidental, Boungainville, El Salvador e Filipinas.

As propostas e experiências de lutas contra o capitalismo nortearão as ações dos dois eventos. De acordo com comunicado da organização, o Encontro será também um momento para discutir questões como as implicâncias dos Tratados de Livre Comércio; a imposição da Iniciativa de Integração Regional América do Sul (IIRSA); a implementação dos planos dos Estados Unidos para as Américas (Norte, Central e Sul); e os problemas ocasionados pela globalização capitalista.

"O Encontro de Solidariedade com nossos povos se compromete a ser um espaço de construção em escala global de novas formas de solidariedade entre os povos, suas lutas e resistências. Não é suficiente compartilhar experiências e estar de acordo com palavras de ordem, necessitamos muito mais que isso. O programa do Encontro terá isto muito presente, por isso nós planejamos avançar além de somente contar nossas realidades, mas sim criar efetivas e poderosas formas de resistência global", avisa.

Dessa forma, as atividades dos eventos pretenderão, entre outros pontos: analisar o impacto das corporações multinacionais e do capitalismo; aprender a proposta do Bem Viver; construir uma frente ou uma rede internacional de luta contra a exploração das multinacionais; e discutir as possibilidades de criação de um Tribunal Comunitário ou de um Observatório que monitore, vigie e denuncie a ação das empresas multinacionais.

Para mais informações, acesse: http://www.latinamericansolidaritynetwork.org./

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

TRIBOS INDÍGENAS DO BRASIL

TRIBOS INDÍGENAS DO BRASIL

Após 500 anos do descobrimento do Brasil, ainda existe 215 nações e 170 línguas indígenas diferentes. Muitas delas preservam a riqueza de sua cultura e arte.




Confira abaixo em ordem alfabética de tribos algumas destas nações sobreviventes:



A

Aimoré
Grupo não-tupi, também chamado de botocudo, vivia do sul da Bahia ao norte do Espírito Santo. Grande corredores e guerreiros temíveis, foram os responsáveis pelo fracasso das capitanias de Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo. Só foram vencidos no início do século 20. Eram apenas 30 mil

Apalai

Nomes alternativos: Aparai, Apalay
Classificação lingüística: Carib
População: 450 (1993 SIL)
Local: Pará, principalmente no Rio Paru Leste, com remanescentes nos rios Jari e Citare. 20 aldeias

Apinayé

Nomes alternativos: Apinajé, Apinagé
Classificação lingüística: Macro-Gê
População: 800 (1994 SIL)
Local: Tocantins, perto de Tocantinópolis, 6 aldeias

Apurinã

Nomes alternativos: Ipurinãn, Kangite, Popengare
Classificação lingüística: Arawak
População: 2,000 (1994 SIL)
Local: Amazonas, Acre; espalhados sobre 1600 kilômetros do Rio Purus, de Rio Branco até Manaus

Arara do Pará

Nomes alternativos: Ajujure
Classificação lingüística: Caribe
População: 110 (1994 SIL)
Local: Pará em 2 aldeias

Asurini do Tocantins

Nomes alternativos: Assuriní, Akwaya
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)
População: 191 (1995 AMTB)
Local: Trocará on the Tocantins River, Pará
Criança Asurini

Asurini do Xingu

Nomes alternativos: Awaté
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kayabi-Arawete (V)
População: 63 (1994 ALEM)
Local: Pelo menos uma aldeia de tamanho razoável fica no Rio Piçava cerca do Rio Xingu, perto de Altamira, Pará



Atroari

Nomes alternativos: Atruahí, Atroaí, Atrowari, Atroahy, Ki'nya
Classificação lingüística: Caribe
População: 350 (1995 SIL)
Local: Nos rios Alalau e Camanau na fronteira entre o estado de Amazonas e o território de Roraima. Também nos rios Jatapu e Jauaperi
Avá-canoeiro

Avá-Canoeiro

Povo de língua da família Tupi-Guarani que vivia entre os rios Formoso e Javarés, em Goiás. Em 1973, um grupo foi contatado. Foram pegos "a laço" por uma equipe chefiada por Apoena Meireles, e transferidos para o Parque Indígena do Araguaia (Iha do Bananal) e colocados ao lado de seus maiores inimigos históricos, os Javaé . Parte da área indígena Avá-Canoeiro, identificada em 1994 com 38.000 ha, nos municípios de Minaçu e Cavalcante em Goiás, está sendo alagada pela hidrelétrica Serra da Mesa, no rio Maranhão.

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B

Banawá

Nomes alternativos: Kitiya, Banavá, Banauá, Jafí
Auto-denominação: Kitiya
Classificação lingüística: Arawak
População: 80
Local: Amazonas, rio acima bem distante dos Jamamadi. A metade mora no Rio Banawá, outros em riachos pequenos e em locais espalhados. 1 aldeia e 2 colonias de famílias extensas

Bororo

Classificação lingüística: Macro-Gê, Bororo
População: 1000+
Local: Mato Grosso central, 7 aldeias
Povo falante de língua do tronco macro-jê. Os Bororo atuais são os Bororo Orientais, também chamados Coroados ou Porrudos e autodenominados Boe. Os Bororo Ocidentais, extintos no fim do século passado, viviam na margem leste do rio Paraguai, onde, no início do séc. XVII, os jesuítas espanhois fundaram várias aldeias de missões. Muito amigáveis, serviam de guia aos brancos, trabalhavam nas fazendas da região e eram aliados dos bandeirantes. Desapareceram como povo tanto pelas moléstias contraídas quanto pelos casamentos com não-índios.



C

Caeté

Os deglutidores do bispo Sardinha viviam desde a ilha de Itamaracá até as margens do Rio São Francisco. Depois de comerem o bispo, foram considerados "inimigos da civilização". Em 1562, Men de Sá determinou que fossem "escravizados todos, sem exceção". Assim se fez. Seriam 75 mil

Caiapós

Explorando a riqueza existente nos 3,3 milhões de hectares de sua reserva no sul do Pará - especialmente o mogno e o ouro -, os caiapós viraram os índios mais ricos do Brasil. Movimentam cerca de U$$15 milhões por ano, derrubando, em média, 20 árvores de mogno por dia e extraindo 6 mil litros anuais de óleo de castanha. Quem iniciou a expansão capitalista dos caiapós foi o controvertido cacique Tutu Pompo (morto em 1994). Para isso destitui o lendário Raoni e enfrentou a oposição de outro caiapó, Paulinho Paiakan. Ganhador do Prêmio Global 500 da ONU, espécie de Oscar ecológico, admirado pelo príncipe Charles e por Jimmy Carter, Paiakan foi acusado do estupro de uma jovem estudante branca, em junho de 1992. A absolvição, em novembro de 94, não parece tê-lo livrado do peso da suspeita. Paiakan - mitificado na Europa, criminoso no Brasil - é uma contradição viva e um símbolo da relação entre brancos e índios.


Caiuá

Nomes alternativos: Kaiwá, Kaajova, Kaiova, Kaiowá
Auto-denominação: Te'yi
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Subgrupo I
População: 27.000
Local: Mato Grosso do Sul

Canela

Nomes alternativos: Kanela
Classificação lingüística: Macro-Gê,
Gê-Kaingang, Gê, Noroeste, Timbira
População: 1,420 (1995 SIL), inclusive 950 Ramkokamekra, 470 Apanjekra
Local: Maranhão, sudeste do Pará

Carijó: seu território ia de Cananéia (SP)
até a Lagoa dos Patos (RS). Vistos como "o melhor gentio da costa", foram receptivos à catequese. Isso não impediu sua escravização em massa por parte dos colonos de São Vicente. Em 1554, participaram do ataque a São Paulo. Eram cerca de 100 mil

Cinta Larga
Classificação lingüística: Tupi, Monde
População: 1,000 (1995 SIL)
Local: Oeste de Mato Grosso



D

Deni

Nomes alternativos: Dani
Classificação lingüística: Arawak
População: 600 (1986 SIL)
Local: Amazonas


F

Fulniô

Nomes alternativos: Furniô, Fornió, Carnijó, Iatê, Yatê
Classificação lingüística: Macro-Gê, Fulnio
População: 2,788 (1995 SIL)
Local: Pernambuco



G

Guajajara

Nomes alternativos: Guazazara, Tenetehar, Tenetehára
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)
População: 13.000 - 14.000
Local: Maranhão, 81 aldeias

Goitacá

Ocupavam a foz do Rio Paraíba. Tidos como os índios mais selvagens e cruéis do Brasil, encheram os portugueses de terror. Grandes canibais e intrépidos pescadores de tubarão. Eram cerca de 12 mil.

Guarani Mbyá

Nomes alternativos: Mbyá, Guaraní
Auto-denominação: Guarani
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Subgrupo I
População: 15.000 no Brasil, no Paraguai e na Argentina
Local: Sudoeste do Paraná, Sudeste de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais. 35 aldeias. Também na Argentina



H

Hixkaryana

Nomes alternativos: Hixkariana, Hishkaryana, Parukoto-Charuma, Parucutu, Chawiyana, Kumiyana, Sokaka, Wabui, Faruaru, Sherewyana, Xerewyana, Xereu, Hichkaryana
Classificação lingüística: Caribe
População: 804 (censo de Maio, 2001)
Local: Amazonas, Rio Nhamundá acima até os rios Mapuera e Jatapú

Hupda

Nomes alternativos: Hupdé, Hupdá Makú, Jupdá Macú, Makú-Hupdá, Macú De Tucano, Ubdé
Classificação lingüística: Maku (Puinave, Macro-Tucano)
População: 1,208 no Brasil (1995 SIL); 150 na Colômbia (1991 SIL); 1,350 nos dois países
Local: Rio Auari, noroeste de Amazonas



I

Ianomâmi ou Yanomámi Waicá Central

Nomes alternativos: Yanomámi, Waicá, Waiká, Yanoam, Yanomam, Yanomamé, Surara, Xurima, Parahuri
Classificação lingüística: Yanomam
População: 4.500
Local: Posto Waicá, Rio Uraricuera, Roraima, Posto Toototobi, Amazonas, Rio Catrimani, Roraima

Povo constituído por diversos grupos cujas línguas pertencem à mesma família, não classificada em troncos. Denominada anteriormente Xiriâna, Xirianá e Waiká, a família Yanomami abrange as línguas Yanomami, falada na maior extensão territorial, Yanomám ou Yanomá, Sanumá e Ninam ou Yanam, as quatro com vários dialetos. Os Yanomami vivem no oeste de Roraima, no norte do Amazonas e na Venezuela, num total de 20 mil índios.
Criança Ianomâmi

Ikpeng

Nomes alternativos: Txikão, Txikân, Chicao, Tunuli, Tonore
Classificação lingüística: Carib
População: 240
Local: Parque Xingu, Mato Grosso





J

Jamamadi

Nomes alternativos: Yamamadí, Kanamanti, Canamanti
Classificação lingüística: Arawak
População: 250
Local: Amazonas, espalhados sobre 512.000 km2

Jarawara

Nomes alternativos: Jaruára, Yarawara
Classificação lingüística: Arawá
População: 160
Data do início do trabalho da SIL: 1987
Local: Seis aldeias dentro da area indígena Jamamadi-Jarawara, no município de Lábrea, Amazonas. A reserva fica perto do rio Purus, acima de Lábrea e no lado oposto do rio.

Juma

Nomes alternativos: Yumá, Katauixi, Arara, Kagwahiva, Kagwahibm, Kagwahiv, Kawahip, Kavahiva, Kawaib, Kagwahiph
Auto-denominação: Kagwahiva
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kawahib (VI)
População: Havia 300 em 1940
Local: Amazonas, Rio Açuã, tributário do Mucuim
Criança Juruna

Juruna

Povo indígena cuja língua é a única representante viva da família Juruna, do tronco Tupi. Autodenominam-se Yudjá; o nome Juruna significa, em Tupi-Guarani, “bocas pretas”, porque a tatuagem características desses índios era uma linha que descia da raiz dos cabelos e circundava a boca. Na metade do século XIX tinham uma população estimada em 2.000 índios, que viviam no baixo rio Xingu. Um grupo migrou mais para o alto do rio, hoje em território compreendido pelo Parque do Xingu (MT). Segundo levantamento de médicos da Escola Paulista de Medicina, que prestam serviços de saúde aos índios do parque, em 1990 eram 132 pessoas. Alguns Juruna vivem dispersos na margem direita do médio e baixo rio Xingu, e há um grupo de 22 índios, segundo dados da Funai de 1990, que vive na Volta Grande do rio Xingu, numa pequena área indígena chamada Paquiçaba, no município de Senador José Porfírio, no sudeste do Pará. Suas terras serão atingidas pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.



K

Kaapor

Nomes alternativos: Urubu-Kaapor
Auto-denominação: Ka'apor
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Oyampi (VIII)
População: 800
Local: Maranhão, 10 aldeias espalhadas sobre 7168 km2. Há quatro
aldeias grandes, Zê Gurupi, Ximbo Renda, Gurupi-una e Água Preta

Os primeiros encontros de paz dos Kaapor com os brasileiros ocorreram em 1928 em Canindé no rio Gurupi. Em 1928 era conhecido como Posto Indígena Pedro Dantas. Naquela época, o Posto se encontrava na ilha na frente do local atual de Canindé, do lado do Pará. Veja as três perspectivas sobre estes encontros neste website do Kaapor. Com a chegada de civilização os Kaapor se retiraram para a selva até que a reserva presente foi demarcada. A população estava estável com cerca de quinhentas pessoas por muitos anos. Houve um censo feito pelo chefe do Posto Canindé em 1968 e a população foi enumerada em um pouco mais de quinhentas pessoas. Naquela época, o chefe do posto foi a quase todas as aldeias e fez um censo. Mais um censo foi feito pelo chefe do Posto Turiaçu no final dos anos 70. Mais uma vez, foram enumerados em pouco mais de quinhentas pessoas. Desde então a distribuição de medicamentos por vários grupos ajudou a combater a mortalidade infantil, e também ajudou aos adultos a sobreviverem epidemias de gripe forte. Atualmente (2002) os Kaapor estão enumerados em cerca de oitocentas pessoas.

Uma característica interessante da língua Kaapor foi o desenvolvimento de uma língua de sinais entre eles. Existem vários surdos-mudos entre eles que são capazes de se comunicar com outros que não são surdos-mudos. O povo desenvolveu uma língua de sinais entre si (sistema de comunicação intra-tribal). Um surdo-mudo visitando uma aldeia distante tem capacidade de se comunicar com um membro de outra aldeia sem problema. (Um trabalho sobre a língua de sinais Kaapor será publicado neste web site no futuro.)

Uma outra característica interessante é sua elaborada cerimônia de nomeação, com muitos enfeites de pena. No dia de nomear o(s) filho(s), esperam o nascimento do sol, e enfrentando o sol nascente o padrinho escolhido dançará com uma criança em seus braços, tocando um apito feito do osso do pé do gavião-real. Diversas crianças podem ser nomeadas durante esta cerimônia. O padrinho e o pai da criança têm ornamentos feitos de penas tais como um capacete feita das penas da cauda do pássaro japu, uma peça nos lábios decorada com a pena da cauda da arara como base, brincos, pulseiras, e às vezes faixas no braço também. Esta cerimônia está precedida por uma noite de bebedeira onde consomem quantidades grandes de cerveja feita de beiju (purê de mandioca tostada em bolinhos redondos) de banana ou de caju. A língua Kaapor tem 14 consoantes e 6 vogais que são orais e podem ser nasais.

Kadiwéu

Nomes alternativos: Mbaya-Guaikuru, Caduvéo, Ediu-Adig
Classificação lingüística: Mataco-Guaicuru
População: 2 mil
Local: Mato Grosso do Sul, cerca da Serra da Bodoquena. 3 aldeias

Kaiapó

Ou Kayapó, ou Caiapó. Povo de língua da família Jê. Distribuem-se por 14 grupos, num vasto território que se estende do SE do Pará ao N do Mato Grosso, na região do rio Xingu. Os grupos são: Gorotire, Xikrin do Cateté, Xikrin do Bacajá, A’Ukre, Kararaô, Kikretum, Metuktire (Txucarramãe), Kokraimoro, Kubenkrankén e Mekragnoti. Há indicações de pelo menos três outros grupos ainda sem contato com a sociedade nacional.

Kaingang

Nomes alternativos: Coroado, Coroados, Caingang, Bugre
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê-Kaingang, Kaingang do norte
População: 18,000 (1989 U. Wiesemann SIL)
Local: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul; 21
locais

Kaingang

Ou Caingangue. Povo de língua da família Jê. Também conhecidos como Coroados, vivem em 26 pequenas áreas indígenas no interior dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. São aproximadamente 7.000 índios.
Índio Kamayurá - Peter Sueta

Kamayurá

Nomes alternativos: Kamaiurá, Camaiura, Kamayirá
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kamayura (VII)
População: 279 (1995 AMTB)
Local: Parque Xingu, Mato Grosso

Karajá

Nomes alternativos: Xambioá, Chamboa, Ynã
Classificação lingüística: Macro-Gê, Karaja
População: 1,700 (1995 SIL)
Local: Goiás, Pará, Mato Grosso, Rio Araguaia, Ilha Bananal, e Tocantins

Karipuna do Amapá

Nomes alternativos: Karipúna, Karipúna do Uaçá, Patuwa
Classificação lingüística: Crioulo (francês)
População: 672 (1995 SIL)
Local: Amapá, na fronteira da Guiana Francesa

Karitiana

Nomes alternativos: Caritiana
Classificação lingüística: Tupi, Arikem
População: 150 (1995 SIL)
Local: Rondônia

Kaxarari

Nomes alternativos: Kaxariri
Classificação lingüística: Pano
População: 220 (1995 AMTB)
Local: Alto Rio Marmelo, tributário do Rio Abuna, Acre, Rondônia, Amazonas

Kayabi

Nomes alternativos: Kajabí, Caiabi, Parua, Maquiri
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kayabi-Arawete (V)
População: 800 (1994 SIL)
Local: Norte de Mato Grosso, Parque Xingu, e sul do Pará; Rio Teles Pires e Tatui, muitas aldeias

Kayapó

Nomes alternativos: Xikrin, Txhukahamai
Auto-denominação: Mebêngôkre
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê, Kayapó
População: 5.000
Local: Parque Xingu, Mato Grosso, sul do Pará. 9 aldeias

Antigamente os Kayapó eram considerados uma tribo muito belicosa e agressiva morando no sul do Pará e norte de Mato Grosso, vagueando por um território vasto desde a margem leste do Xingu até o Tapajós. A parte oriental da tribo foi pacificada por volta de 1940, e a parte ocidental na década de 50, pelos irmãos Villas Boas. Eles guerreavam com tribos vizinhas como Karajá, Juruna, Xavante, Tapirapé, Kreen-Akorore e outras, como também ribeirinhos, seringueiros e outros no local. Eles matavam, tocavam fogo nas aldeias e vilarejos, roubavam e sequestravam. Alguns dos cativos ainda hoje estão vivos, integrados na sociedade Kayapó, casados com filhos e netos. Além de guerrear com não-Kayapó, eles também praticavam guerra interna, com aldeias diferentes atacando e se matando umas as outras. Hoje em dia não tem mais guerra interna, nem guerra contra outras tribos, porém eles insistem em sua natureza belicosa, pois atacam aqueles que invadem suas terras.

Alguns aspectos distintivos da cultura Kayapó são os bodoques que os homens costumavam usar e ainda são usados por alguns, embora a nova geração não continue a praticar. Outro aspecto é a pintura corporal, uma coisa muito bonita, feita com linhas geométricas e intricadas. Crianças e adultos de ambos os sexos costumam usar. As primorosas festas constituem outro aspecto muito interessante. Estas festas chegam ao clímax, depois de um período de meses, durante o qual cada ritual se adere minuciosamente com suas canções, danças e cerimônias especiais próprias para aquela festa. A língua tem 17 vogais e 16 consoantes, e padrão distinto de entoação e vogal prolongada para dar ênfase.

Krahô

Classificação lingüística: Macro-Gê População: 1,200 (1988 SIL)
Local: Maranhão, sudeste do Pará, Tocantins, 5 aldeias

Kuikuro

Nomes alternativos: Kuikuru, Guicurú, Kurkuro, Cuicutl, Kalapalo, Apalakiri, Apalaquiri
Classificação lingüística: Carib
População: 526, inclusive 277 Kuikuro e 249 Kalapalo (1995 AMTB)
Local: Parque Xingu, Mato Grosso

Kurâ-Bakairi

Nomes alternativos: Bakairí, Bacairí, Kura
Classificação lingüística: Caribe
População: 800 - 900
Local: Mato Grosso em 9 ou 10 aldeias



M

Mamaindé

Nomes Alternativos: Nambikuára do Norte
Auto-Denominação: Mamaindé
Classificação lingüística: Nambikuára, Nambikuára do Norte, Mamaindé
População: 170+
Local: Mato Grosso, na divisa de Rondônia

Maxakali

Nomes alternativos: Caposho, Cumanasho, Macuni, Monaxo, Monocho
Classificação lingüística: Macro-Gê, Maxakali
População: 728 (1994 SIL)
Local: Minas Gerais, 160 km interior do litoral, 14 aldeias

Munduruku

Nomes alternativos: Mundurucu, Weidyenye, Paiquize, Pari, Caras-Pretas
Classificação lingüística: Tupi
População: 7.000 ou mais
Local: Pará, Amazonas. 22 aldeias

Os Munduruku vivem em 32 aldeias, em três áreas no Pará e Amazonas. Eles vivem da caça, pesca, coleta e agricultura. O grau de bilingüismo dos Munduruku não é muito alto, sendo o dos homens maior do que o das mulheres e crianças.



N

Nadëb

Nomes Alternativos: Makú-Nadëb, Makú
Auto-Denominação: Nadëb
Classificação lingüística: Makú, Nadëb
População: 300
Local: 2 aldeias: Rio Uneiuxi e Rio Japurá, Amazonas

Nambikuara

Nomes Alternativos: Nambikuara do Sul, Nambikwara, Nambiquara
Classificação lingüística: Nambikuara, Nambikuara do Sul, Nambikuara
População: 900
Local: Noroeste de Mato Grosso, espalhados na rodovia Porto Velho-Cuiabá por cerca de 300 km. 10 aldeias



P

Palikur

Classificação lingüística: Aruák, Aruák do Norte, Palikur
População: 1600 no Brasil e na Guiana Francesa
Local: Nos litorais do Norte às margens dos rios, Amapá

Parakanã

Nomes alternativos: Parakanân, Parocana
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)
População: 451 (1995 AMTB)
Local: Pará, Parque Xingu, parte inferior do Rio Xingu

Paresi

Nomes alternativos: Parecis, Paressí, Haliti
Auto-denominação: Haliti
Classificação lingüística: Arawak
População: 1,200 (1994 SIL)
Local: Mato Grosso, 6,000 km2. 15 a 20 aldeias

Paumari

Nomes alternativos: Paumarí, Palmari
Auto-denominação: Pamoari
Classificação lingüística: Arawá
População: 700
Local: Amazonas. 4 aldeias
Pataxó

Pataxó

Povo de língua da família Maxacali, do tronco Macro-Jê. Abandonou sua língua original e expressa-se apenas em português. Vive no sul da Bahia, em Barra Velha, Coroa Vermelha e Monte Pascoal, em zona economicamente valorizada (cacau e turismo), nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália e nas áreas indígenas Mata Medonha e Imbiriba. Em 1990, eram aproximadamente 1.600 índios.

Pirahã

Nomes alternativos: Múra-Pirahã
Classificação lingüística: Mura
População: Cerca de 300
Local: Amazonas, nos rios Maici e Autaces

Potiguar

Senhoreavam a costa desde São Luís até as margens do Parnaíba, e das margens do Rio Acaraú, no Ceará, até a cidade de João Pessoa, na Paraíba. Exímios canoeiros, inimigos dos portugueses, seriam uns 90 mil



R

Rikbaktsa

Nomes alternativos: Aripaktsa, Erikbatsa, Erikpatsa, Canoeiro
Classificação lingüística: Macro-Gê
População: 970
Local: Mato Grosso, confluência dos rios Sangue e Juruena, Japuira na beira do leste do Juruena entre os rios Arinos e Sangue, e Posto Escondido na beira do oeste do Juruena 700 kilómetros ao norte. 9 aldeias e 14 colônias.
Índio Rikbaktsa - Vésper Estudo Orientado



S

Sateré-Mawé

Nomes alternativos: Maue, Mabue, Maragua, Sataré, Andira, Arapium
Classificação lingüística: Tupi, Mawe-Satere
População: 9,000 (1994 SIL)
Local: Pará, Andirá e outros rios. Talvéz também em Amazonas. Mais de 14 aldeias

Suruí do Pará

Nomes alternativos: Akewere, Akewara, "Mudjetíre", "Mudjetíre-Suruí", Suruí
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)
População: 140 (1995 A. Graham SIL)
ocal: Pará, 110 km. de Marabá, no município de São João do Araguaia

Surui de Rondônia

Nomes alternativos: Suruí
Auto-denominação: Paíter, Paiter
Classificação lingüística: Tupi, Mondé, Suruí
População: 900
Local: Rondônia, na fronteira entre Rondônia e Mato Grosso

Suyá

Classificação lingüística: Macro-Gê
População: 196, inclusive 31 Tapayuna (1995 AMTB)
Local: Parque Xingu, Mato Grosso, fonte do Rio Culuen.



T


Tenharim

Nomes alternativos: Tenharem, Tenharin
Auto-denominação: Kagwahiva
Classificação lingüística: Tupi
População: 465
Local: Amazonas. Os Diahói moram no rio Marmelos, os Karipuna no Posto Rio Jaci Paraná em Rondônia, os Morerebi no Rio Preto e Marmelos. 2 aldeias

Terena

Nomes alternativos: Terêna, Tereno, Etelena
Classificação lingüística: Arawak
População: 20.000
Local: Mato Grosso do Sul, em 20 aldeias e 2 cidades

O povo Terena mora principalmente no estado de Mato Grosso do Sul, ocupando áreas entre Campo Grande, ao leste, e o Rio Miranda, ao oeste. Residem em mais ou menos vinte aldeias, havendo as maiores concentrações nas seguintes áreas:
1. Cachoeirinha/Moreira, na vizinhança de Miranda
2. Taunay-Bananal, entre Miranda e Aquidauana que fica uma hora de ônibus das duas cidades
3. Limão Verde, na área de Aquidauana
4. Buriti e outras aldeias perto, na vizinhança de Campo Grande População: aproximadamente 20,000. A SIL começou a trabalhar entre os terena em 1957. Naquela época, pensava-se que este grupo já tivesse sido bastante assimilado na sociedade brasileira. A sua antiga estrutura política tribal já não funcionava mais, e a maioria dos seus costumes e crenças tradicionais não estavam sendo praticados mais. Em ocasiões especiais como no Dia do Índio, 19 de abril, ainda fazem a Dança da Ema com as suas sete peças. Na região é conhecida como a dança do Bate-Pau. Embora os terenas sejam um povo basicamente agricultor, mudanças significantes têm ocorrido durante os últimos cinqüenta anos. Com maior ênfase agora em adquirir uma boa educação escolar, há maior diversidade hoje em dia na maneira que ganham a vida.

Tremembé

Grupo não-tupi, que vivia do sul do Maranhão ao norte do Ceará, entre os dois territórios potiguares. Grande nadadores e mergulhadores, foram, alternadamente, inimigos e aliados dos portugueses. Eram cerca de 20 mil

Tabajara

Viviam entre a foz do Rio Paraíba e a ilha de Itamaracá. Aliaram-se aos portugueses. Deviam ser uns 40 mil

Temiminó

Ocupavam a ilha do Governador, na baía de Guanabara, e o sul do Espírito Santo. Inimigos dos tamoios, aliaram-se aos portugueses. Sob liderança de Araribóia, foram decisivos na conquista do Rio. Eram 8 mil na ilha e 10 mil no Espírito Santo.

Tamoio

Os verdadeiros senhores da baía de Guanabara, aliados dos franceses e liderados pelos caciques Cunhambebe e Aimberê, lutaram até o último homem. Eram 70 mil.

Tupinambá

Consituíam o povo tupi por excelência. As demais tribos tupis eram, de certa forma, suas descendentes, embora o que de fato as unisse fosse a teia de uma inimizade crônica. Os tupinambás propriamente ditos ocupavam da margem direita do rio São Francisco até o Recôncavo Baiano. Seriam mais de 100 mil.

Tupiniquim

Foram os índios vistos por Cabral. Viviam no sul da Bahia e em São Paulo, entre Santos e Bertioga. Eram 85 mil.



W

Wai-wai

Ou Waiwai, Uaiai. Povo de língua da família Karíb. Vivem na área indígena Nhamundá-Mapuera, na fronteira do Pará com o Amazonas, e Waiwai, em Roraima. A população é constituída por uma mistura de várias tribos atraídas e assimiladas por eles ao longo dos anos, entre as quais as dos Karafawyana, dos Kaxuyana e dos Hixkariana. Em 1990, segundo a Funai, somavam cerca de 1.250 índios.

Waiãpi

Nomes alternativos: Wayampi, Wayãpi, Oyampi, Oiampi, Oyampik, Guayapi
Auto-denominação: Waiãpi
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Subgrupo 8, Wayampi
População: 1000+
Local: Várias aldeias nos tributários do rio Amapari na parte leste do Amapá e nos rios Oiapoque e Camopi na Guiana Francesa; há também uns poucos falantes no rio Paru Leste, na parte nordeste do Pará, Brazil

Waurá

Nomes alternativos: Uaura, Aura
Classificação lingüística: Arawak
População: 300
Local: Parque Xingu, Mato Grosso



X

Xavante

Nomes Alternativos: Xavánte, Shavante, Chavante
Auto-Denominação: A’uw?
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê,
Agrupamento Akwén, Xavante
População: 10.000+
Local: Na parte leste do Mato Grosso, 60 aldeias
Dança Xavante

Os Xavante são um povo forte e orgulhoso, tendo a reputação de serem muito agressivos e guerreiros. A primeira tentativa de pacificar os Xavante ocorreu no século 19, quando o governador da província de Goiás arrebanhou muitos Xavantes naquela área e os instalou num grupo de aldeias oficiais com outros grupos tribais e não-indígenas. Eles não se conformaram com a perspectiva de ficarem ali por muito tempo, e eventualmente fugiram de volta para a selva. Eles permaneceram relativamente imperturbados e inatingíveis até à década dos ‘40 e ‘50. Até fins dos ‘50, todas as facções Xavante, que tinham migrado para o estado de Mato Grosso, tinham sido pacificados – o último dos grandes grupos tribais no Brasil a iniciar contato regular com o mundo de fora.

A caraterística mais marcante da sociedade Xavante pode ser a sua feição dualista: a divisão da tribo inteira em dois clãs – âwaw? e po'reza'õno. Permite-se o casamento somente entre membros de clãs opostos. Algumas outras caraterísticas distintas da cultura Xavante incluem os longos e complexos ritos de iniciação para meninos, culminando na cerimônia de furar orelha – no qual pequenos paus são inseridos no lóbulo das orelhas dos iniciados. Estes paus são usados – e em tamanhos progressivamente maiores – durante o resto das vidas deles. Os Xavante são famosos também pelas suas corridas de troncos de árvore, onde os dois clãs competem numa espécie de corrida de revezamento, carregando por alguns kilômetros troncos de buriti que pesam até 80 kilogramas. As mulheres tecem um tipo de cesta incrivelmente forte, a qual elas usam para carregar os nenês recem-nascidos. A ampla alça da cesta passa pela testa da mulher, enquanto a cesta mesma fica deitada nas costas dela, livrando assim, as mãos da mulher para outros trabalhos. Uma aldeia tradicional é construída com as casas dispostas em forma de ferradura de cavalo, dando-se o seu lado aberto para o rio. O domínio da mulher é a casa, cujo abertura sempre dá para o centro da aldeia. O domínio do homem é o lugar de reuniões no centro da aldeia, onde são tomadas todas as decisões importantes no conselho diário dos homens.

A língua Xavante contém 13 consoantes e 13 vogais – das quais quatro são nasais. Termos de honra e carinho são usados com referência a outros, como os parentes por afinidade e os netos. Muitos destes relacionamentos chaves são atualmente refletidos na gramática da língua. Por exemplo, ao falar diretamente ao genro, um homem usará a forma gramática indireta (terceira pessoa) em vez das formas da segunda pessoa. (Para mais sobre este assunto, veja a publicação neste site com o título Xavante Morphology and Respect/Intimacy Relationships (em Inglês, 312 kB).)

Xokleng

Nomes alternativos: Aweikoma, Bugre, Botocudos
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê-Kaingang, Kaingang do norte
População: 250 falantes (1975) de um grupo étnico de 634 (1986 SIL)
Local: Santa Catarina, no tributário do Rio Itajaí.



Y

Yuhup

Nomes alternativos: Makú-yahup, Yëhup, Yahup, Yahup Makú, "Maku"
Classificação lingüística: Maku
População: 360 no Brasil (1995 MTB); 600 em total (1986 SIL)
Local: Amazonas, num tributário do Rio Vaupés. Talvez também na Colômbia



Fonte: Eduardo Bueno/Zero Hora/ Brasil 500 anos e Summer Institute of Linguistics (Sil Brasil)

‘Sobre a mudança climática, o governo brasileiro e os povos indígenas’. Nota das organizações indígenas

‘Sobre a mudança climática, o governo brasileiro e os povos indígenas’. Nota das organizações indígenas

Por racismoambiental,

“Ao governo, às organizações não governamentais e outros interesses estranhos exigimos que parem de assediar e inculcar nos nossos povos e comunidades ilusões e propósitos relacionados com o mercado de carbono que podem comprometer a sua integridade sociocultural, respeitando o nosso ritmo e a criação de condições para o entendimento desta e outras questões emergentes, em prol da preservação dos nossos territórios e suas riquezas, mas principalmente da nossa vida”. A afirmação integra a nota pública da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), reproduzida pelo sítio do Cimi, 09-11-2010. Eis a nota.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), considerando a contribuição milenar dos nossos povos proteção e preservação da Mãe Terra, da biodiversidade, de milhares de espécies animais e vegetais, das reservas de água doce, de plantas medicinais e no enfrentamento das mudanças climáticas, entre outros feitos, rechaça a visão reducionista que vê em nossos territórios apenas depósitos de carbono, potencialmente lucrativos, nem sempre para as nossas comunidades. As nossas terras são o nosso lar, a base de sustentação da nossa identidade e cultura e da nossa convivência com outros seres vivos e demais elementos da Natureza.

Portanto recusamos o olhar mercantilista com que mais uma vez agentes externos, nacionais ou internacionais, se aproximam de nossos territórios e povos, incentivando-os a se envolver em potenciais negócios milionários, sem antes entender a complexidade das mudanças climáticas, além de seus efeitos ou impactos, considerando a história e o contexto da atual crise, que não é só climática, mas também econômica, energética, ambiental, social e de valores.

Daí que os governos dos países ricos, e agora aderidos pelos países ditos emergentes, dentre eles o Brasil, estão mais preocupados em recuperar o seu poderio, no controle ou repartição do mundo, ao invés de consertar o estrago que vem causando ao meio ambiente como conseqüência do modelo econômico que adotaram: poluidor, de extrativismo industrial e depredador, responsável pela atual catástrofe de inundações, secas, processos de desertificação, degelos, desaparecimento de espécies e ecossistemas, chuva ácida, poluição urbana, águas contaminadas, doenças, conflitos sociais, deslocamento populacional, empobrecimento, depredação de recursos naturais, descaracterização sociocultural e riscos de dizimação de povos, enfim, de atentados contra a vida do planeta e da humanidade. Por isso, antes de pensar na transferência de recursos para os países pobres ou na discussão e implementação de mecanismos de compra de crédito de carbono, a preocupação dos governos deve ser assumir metas concretas necessárias para a efetiva e comprovada redução de gases de efeito estufa nos seus respectivos países.

A contribuição dos povos indígenas no enfrentamento da mudança climática e na preservação da biodiversidade e dos recursos naturais nos diversos biomas não é de agora, e isso tem que ser reconhecido e valorizado pelo Governo e o povo brasileiro. Por isso é fundamental que se conclua a demarcação das terras indígenas e se garanta a sua proteção perante as distintas formas de invasão: empreendimentos madeireiros, latifundiários, agroexportadores, garimpo e pesca ilegal, empresas de mineração e grandes empreendimentos de infra-estrutura.

O Governo brasileiro deve também respeitar rigorosamente ás normas nacionais e internacionais que asseguram o direito dos povos indígenas à consulta livre, prévia e informada, assegurada principalmente nos artigos 6º e 7º da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e na Declaração da ONU sobre os direitos dos povos indígenas. Nessas condições, não basta pretender mostrar ao mundo, no marco das negociações sobre a Convenção do clima, que a sociedade civil é consultada, porque até o momento essa participação se deu de maneira informal, limitada e praticamente sem a participação dos povos e organizações indígenas.

Para a APIB, está mais do que claro que não cabe somente ao governo, e muito menos a setores empresariais, organizações não governamentais e até indivíduos oportunistas, definir o destino e a participação dos povos indígenas em quaisquer medidas ou ações que afete os seus interesses. Até o momento, o Governo brasileiro possibilitou processos de consulta em questões como o Estatuto dos Povos Indígenas e a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI). Por que então não envolver os povos indígenas na discussão da questão climática, dos serviços ambientais e inclusive dos mecanismos de Redução de emissões por desmatamento e degradação (REDD), mesmo para fins de esclarecimento sobre o assunto e para saber se os povos e comunidades indígenas estão ou não interessados em participar desta nova promessa de “bem-estar” e “futuro promissor”?

A APIB alerta sobre os riscos de quaisquer iniciativas que ao invés de levar melhorias podem prejudicar a integridade sociocultural, territorial e ambiental das terras e povos indígenas. Como em outras ocasiões, a APIB reitera o seu entendimento a respeito das políticas públicas voltadas aos povos indígenas, no sentido de que a participação dos povos indígenas deve ser garantida na sua formulação, implementação e avaliação, através do diálogo institucionalizado e formal. E as políticas, programas e projetos devem se pautar pela transversalidade e a articulação interna para assegurar a sua gestão e aplicabilidade eficiente, atingindo os seus objetivos mas sobretudo os interesses e as aspirações dos seus destinatários. Essa unidade de ação necessariamente requer de uma visão e comportamento articulado dos distintos órgãos de governo envolvidos com a questão indígena. Dessa forma a APIB espera que o Governo brasileiro assegure processo qualificado de consulta aos povos indígenas, para não omitir a sua participação e contribuição na elaboração do Plano Nacional de Mudança Climática, sem esquecer que esta questão não pode ser tratada de forma isolada, mas sim no contexto da PNGATI, cujos objetivos já tratam dos serviços ambientais oferecidos pelos povos e terras indígenas, além de muitas outras demandas e propósitos relacionados com a gestão territorial e ambiental dessas terras.

Ao governo, às organizações não governamentais e outros interesses estranhos exigimos que parem de assediar e inculcar nos nossos povos e comunidades ilusões e propósitos relacionados com o mercado de carbono que podem comprometer a sua integridade sociocultural, respeitando o nosso ritmo e a criação de condições para o entendimento desta e outras questões emergentes, em prol da preservação dos nossos territórios e suas riquezas, mas principalmente da nossa vida.

Brasília, 09 de novembro de 2010.

APIB – ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL

APOINME – ARPIN SUDESTE – ARPIN SUL – ARPIPAN – ATY GUASU – COIAB

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=38198

Denúncia: Devastação ambiental em Mucuri, BA

Denúncia: Devastação ambiental em Mucuri, BA

Diz uma velha máxima que: “O que os olhos não vêem o coração não sente”. Por essa razão que uma das mais belas lagoas do município litorâneo de Mucuri – BA tende a sumir totalmente dentro de no máximo um ano em razão da destruição da sua bacia. As matas em sua volta estão sendo destruídas para dar lugar a uma extensa plantação de eucalipto. Tudo financiado pela empresa Fibria Celulose S/A, (antiga Aracruz Celulose), que há mais de duas décadas vem patrocinando a devastação ecossistema e mais uma vez não respeitou os limites legais.

A Lagoa do Espelho, de 9,27 hectares, situada a 800m da costa da Praia do Domingo, no litoral sul do município de Mucuri, está secando e o seu espaço está virando lajedo por causa da aproximação do eucalipto. E mesmo levando em consideração que a região já vem registrando freqüentes etapas de chuvas, desde o dia 13 de fevereiro deste ano a vista da lagoa é mesmo de falecimento em meio à monocultura.

Os moradores da região contaram à reportagem do Teixeira News, que este é o terceiro cultivo de eucalipto na área e a cada novo plantio a empresa de celulose aproxima a floresta sugadora para dentro da Lagoa.

A agressividade é tanta, que a vegetação que margeava a Lagoa, foi destruída pelos plantios de eucalipto e o seu espaço natural que antes era distinguido pelas águas do lago é hoje o cenário de um deserto rachado e marcado pelo poder do capitalismo da celulose. No mínimo deveria ter aberto um corredor ecológico até o lago e procurado preservar o local como forma de contrapartida em favorecimento ao meio ambiente.

As formas como as empresas de celulose conseguem para passar por cima de tudo e de todos na região extremo sul chega a ser impressionante e o fato é demonstrado na ação proposital de se plantar uma cultura madeireira nociva ao solo e ao meio ambiente em geral, dentro do leito de uma lagoa que antes servia de visitação e hoje ficou ilhada por florestas de eucaliptos. Mesmo resistindo às agressões impostas, o lago some devagar, deixando para trás uma paisagem que as futuras gerações não encontrarão mais, numa época que só se discute a salvação do planeta pelas boas ações empregadas ao meio ambiente.

Crime ambiental igual a esse só o cometido pela subestação da empresa Suzano Papel e Celulose S/A, onde os tanques da Estação de Tratamento de Esgoto dão vazão aos resíduos procedentes da indústria para dentro do Rio Mucuri. Até anos atrás, os canos despejavam o líquido a céu aberto no rio, e causavam uma espuma química que não se desfazia facilmente e chamava a atenção sobre as águas de rio abaixo e principalmente dos ambientalistas. Há pouco tempo a empresa instalou as bocas dos canos no fundo do rio, de onde o líquido já sobe dissolvendo a sua espuma grossa na água e causando o broto de uma mancha extremamente escura.

No local é possível ver, mesmo de longe, uma faixa completamente densa jorrada dos canos no fundo do rio, que toma conta das águas por meio de uma faixa que se ver claramente a diferença do líquido na cor de carvão que vem da Suzano, com a da água do rio. A faixa negra vai se espalhando ao longo do leito conforme vai conseguindo extensão sobre as águas. Além dos canos que jorram os resíduos na cor de óleo diesel dentro do rio, o cheiro forte no local é insuportável e nem permite insetos e pássaros voarem. Observa-se também que o lado do rio em que o resíduo é despejado a encosta virou barranco. O outro lado que não é impactado pela contaminação química a vegetação ambiental mantém-se natural.

“A sociedade não imagina o que as comunidades ribeirinhas que ladeiam os povoados de Nova Brasília e Cruzelândia estão sofrendo com a morte do Rio Mucuri causada pela contaminação do seu leito com o veneno despejado 24 horas por dia pela Suzano. São impactos de todos os níveis. E como estaria hoje a foz do rio na plataforma continental de Mucuri, os arrecifes de corais e seus cardumes naturais? Toda a bacia hidrográfica e sua bacia de drenagem sofrem com este impacto. As correntes marítimas são direcionadas também para toda costa das baleias, especialmente o Arquipélago de Abrolhos, com centenas de recifes de corais que alimentam os cardumes. O efeito dominó é natural, refletindo o impacto na qualidade do solo, da água, do ar, da fauna e flora, especialmente na sociedade que sobrevive destes recursos naturais, mas que está sendo expulsa do campo, que sem recursos tecnológicos, seus filhos são obrigados a roubar e as meninas a se prostituírem nas cidades”, pontuou o perito ambiental Fábio Pontes.

E acrescentou. Empresas como a Suzano e a Fibria que matam rios e lagos com suas ações ilícitas em desfavor ao meio ambiente, precisariam no mínimo manter um serviço de alta qualidade de fiscalização, monitoramento, análises de laboratório e estudos especiais diariamente com equipes multidisciplinares para estudar os possíveis impactos causados. Principalmente em se tratando de uma empresa do cultivo da silvicultura e monocultura do eucalipto, que tem uma responsabilidade ambiental ainda maior, todavia, elas precisam de suas certificações para continuar atuando no mercado.

Além dos impactos que a biodiversidade ambiental da região tem sofrido e a tamanha desagregação social que tem mudado a realidade populacional, o que mais se lamenta é a tamanha confiança que as empresas de celulose têm pelo poder do dinheiro que possuem, não respeitando a justiça, o Ministério Público, os poderes políticos constituídos. Desconsideram os organismos de meio ambiente em um município que perde solo e recursos, ficando cada dia mais pobre administrativamente para oferecer bilhões de lucros às empresas de celulose. A Suzano Papel e Celulose S/A, por exemplo, só paga a metade do que deveria pagar de ISS para os cofres de Mucuri.

A Suzano Papel e Celulose privou a sociedade de freqüentar determinadas áreas públicas, a exemplo da praia Cacimba do Padre, no litoral sul do município de Mucuri. Cercou toda a área e impede com homens armados que alguém entre para visitar o local, numa praia que tem um grande significado pelo seu valor de sítio histórico, demarcada por um extenso conjunto arqueológico. Local que foi abrigo natural dos jesuítas no século XVIII.

O Teixeira News tem conversado com pessoas que moram em baixo da ponte do rio Mucuri, na Rodovia BR-101, pouco abaixo da descarga do esgoto químico da Suzano Papel e Celulose. No local eles pescam peixes que estão agonizando. Cascudos e bagres africanos mortos apresentando verrugas avermelhadas em toda a sua pele.

Alguns peixes recolhidos foram encaminhados para um laboratório especializado em São Paulo, com ajuda do biólogo e perito judicial Antônio Carlos Martins Filho. Os exames detectaram e concluíram a origem das infecções oncogênicas. Os peixes estão sendo mortos por um material corrosivo tipo dióxido de cloro com solda cáustica. Justamente os produtos químicos usados no branqueamento do papel, procedente da celulose.

O processo de degradação ambiental em Mucuri demonstra o desequilíbrio difícil de ser revertido. A conscientização e participação comprometida com a causa da população envolvida – pescadores, populações tradicionais, afro descendentes -, e o poder público podem buscar uma solução sustentável para que o homem comum, o mucuriense resgate a alegria e a dignidade perdida ao longo do tempo.

“Além de tudo, nesta região onde o eucalipto tomou conta do solo e expulsou o homem do campo, não existem mais fazendas para oferecer empregos para a população que está encurralada pelos cinturões verdes das empresas de eucalipto. Os pequenos proprietários que insistiram ou insistem em ficar em suas pequenas propriedades rurais pagam um preço muito alto. Foi o que aconteceu com o produtor rural Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, que no dia 17 de março passado, foi espancado e teve o braço esquerdo quebrado a pauladas. Ele ainda foi submetido à dura missão de presenciar o seu filho Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, ser assassinado com um tiro na cabeça por prepostos da Fibria Celulose S/A, as proximidades da sua casa, na praia dos Coqueiros, no litoral sul do município de Mucuri”, informa a vereadora Justina Souza Cruz “Tina”.

A parlamentar conta que outros pequenos produtores rurais são diariamente coagidos pelos vigilantes das empresas de celulose. Acusando-os de roubo de madeira, invadem suas residências para amedrontá-los. Causam terror de todas as espécies, forçando as pessoas, em sua maioria sem estudo e sem esclarecimentos dos seus direitos, a venderem suas terras a preço de banana ou abandoná-las.

As empresas de eucalipto que deveriam desenvolver programas sociais, qualificar estes trabalhadores e construir escolas para os filhos destes produtores fazem exatamente o contrário. Empurra essas pessoas a furtar suas madeiras para fabricar carvão, única saída de sobrevivência em meio toda aquela extensa mata de eucalipto, longe de tudo e de todos. Ou seja, as ocorrências de furtos de madeiras registradas na região pelas próprias empresas de celulose é uma questão puramente social, onde as próprias empresas criaram ilhas de pobrezas em meio ao seu mar de riqueza.

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2010/11/11/denuncia-devastacao-ambiental-em-mucuri-ba/

Kuntanawa: memórias de um povo amazônico

Kuntanawa: memórias de um povo amazônico

Ibase *

Adital -

Por Fabíola Ortiz

Eles foram quase exterminados no início do século 20 com o avanço dos seringais no estado do Acre, na região norte do Brasil. Sua língua se extinguiu e sua cultura praticamente desapareceu. Os Kuntanawa são um povo que hoje luta pelo resgate de sua identidade e tradição. Eles se misturaram com a população cabocla local no oeste do Acre e estiveram prestes a perder seus traços indígenas.

Em 1911, durante as perseguições armadas aos povos indígenas que acompanharam a abertura e a instalação dos seringais em todo o Acre, a etnia Kuntanawa, ou inicialmente grafada `Kontanawa' -o povo do côco-, contabilizava apenas cinco sobreviventes. Atualmente, soma cerca de 400. Eles não falam mais a sua língua tradicional, pertencente ao tronco linguístico Pano; falam apenas o português.

Com o desafio de reavivar a memória e reforçar os laços de identidade, diversos povos do tronco Pano se reuniram na aldeia Kuntamanã, próxima à fronteira com o Peru, no final de julho, num grande encontro de confraternização. O "Festival Cultural Indígena Corredor Pano" representou o primeiro movimento de mobilização e revitalização das tradições indígenas perdidas.

Em um momento de auto-afirmação de sua unidade em meio às diferenças étnicas, estavam todos lá: Huni Kuin, Yawanawa, Shanenawa, Shawãdawa, Jaminawa, Nukini, Marubo, Katukina e Kuntanawa. Todas essas etnias foram convidadas e protagonistas do que seria o grande encontro dos povos de língua Pano.

Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), a população indígena do Acre é de cerca de 10 mil, e a maioria é composta por povos de língua Pano. Essa família linguística é falada por povos especialmente no noroeste do Brasil e também na Bolívia e Peru. Nesses três países, o Pano possui cerca de três dezenas de línguas faladas por aproximadamente 40 mil pessoas, sendo a maioria no Peru com cerca de 30 mil, outros 8 mil no Brasil e não mais do que mil na Bolívia.

Das línguas que compõem a família Pano, estima-se que existam 26 vivas, isto é, línguas ainda faladas. Contudo, uma porção expressiva dessas 26 se encontra em processo de extinção, correndo o risco de se juntar às outras 10 que já desapareceram.

O festival

Foram seis dias de atividades de confraternização e rodas de `mariri' no terreiro - dança indígena coletiva em que todos dão os braços num ritmo binário ao som de `maracá', o chocalho indígena utilizado em festas, cerimônias religiosas e guerreiras feito a partir de uma cabaça seca. Houve muita festa, brincadeiras, cantos, pescaria, trocas de presentes e rituais sagrados com o consumo de rapé e ayahuasca, o cipó da Amazônia bebido de forma ritualística pelos povos do Acre.

A diversidade não foi só entre os povos indígenas da língua Pano que compareceram com sua trupe de pajés, cada um representando a sua respectiva etnia, mas também entre os não índios, convidados brasileiros e estrangeiros, que foram conferir o festival, levar um pouco de sua cultura e aprender sobre os costumes e a vida na floresta amazônica.

Tinha gente de todo o tipo: de acreanos, paulistas, cariocas e candangos, até alemães, suíços, ingleses e representantes indígenas da Groenlândia, no Canadá. Inclusive um xamã esquimó que alimentou a diversidade étnica com o ritual da tenda do suor em pleno rio amazônico. Foram seis dias de reunião e pluralidade em que cerca de 200 pessoas vivenciaram experiências mais diversas de estar no coração da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo e a maior concentração de água doce e biodiversidade do planeta.

Além das rodas de cantos e danças, houve também o grito de preservação da Amazônia. O maior perigo da Amazônia hoje é o desmatamento, garante Haru Xinã, o jovem líder indígena Kuntanawa que se lançou ao desafio de reanimar as tradições de seu povo. A devastação da floresta tem sido motivo de grande preocupação por parte dos Kuntanawa que vivem às margens do rio Tejo, na Reserva Extrativista (Resex) do Alto Juruá, próximo à fronteira com o Peru, situada no extremo oeste do Acre. A exploração de uma forma irresponsável dos recursos da floresta fez com que os povos Pano ali reunidos no `Corredor Pano' lançassem um apelo para a recuperação da floresta.

Acompanhe nas próximas semanas a história dos Kuntanawa, o povo em reconstrução; a longa viagem pelos rios da Amazônia até chegar à aldeia Kuntamanã ou Sete Estrelas, onde ocorreu o festival; a conversa com o líder indígena Haru Xinã Kuntanawa, embaixador mundial da paz das Nações Unidas e fundador da organização Instituto Guardiões da Floresta (IGF); o uso ritualístico da bebida sagrada `ayahuasca' e a espiritualidade do povo Kuntanawa.

Publicado em 8/11/2010.

* Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

Recebido por email da Indigenista Especializada Raquel - FUNAI

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Presidente Lula homologa Terras Indígenas Tupiniquim e Comboios no Espírito Sant


Presidente Lula homologa Terras Indígenas Tupiniquim e Comboios no Espírito Santo

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, homologou por meio de decreto presidencial publicado nesta segunda-feira (11) no Diário Oficial da União (DOU), a demarcação administrativa das Terras Indígenas (TIs) Tupiniquim, com superfície de 14.282 hectares, e de Comboios com 3.872 hectares, ambas localizadas no município de Aracruz, no Espírito Santo.

Segundo o presidente da Funai, Márcio Meira, esse é um conflito antigo que perdurou durante quase 30 anos devido a impasse entre indígenas e empresários da região. “Considero essa homologação como uma das mais importantes do governo. Agora tanto os indígenas como empresários da região sabem o limite das Terras Indígenas. Depois de Raposa Serra do Sol, essa é uma das maiores conquistas”, declara o presidente.

As primeiras notícias de ocupação dos povos Tupiniquim se confirmam por volta da década de 50. Neste momento, a Fundação Nacional do Índio – Funai constata a situação de desamparo que resultou em intensa violência e desrespeito aos povos indígenas. Em 1975, o processo com vistas à regularização da T.I. foi iniciado. Tendo ocorrido a homologação em 1983. Já na Aldeia de Comboios o processo de regularização fundiária iniciou-se em 1975. Sendo o reconhecimento oficial das terras em 1979.

Em 1993, os Tupiniquim e os Guarani encaminharam a Funai reivindicação de revisão dos limites das terras. O pedido é atendido em 1998. Porém, é instaurado Inquérito Civil Público, pelo Ministério Público de Espírito Santo, que culminou na realização de novos estudos. Em 2008, a Funai aprova estudos de demarcação, encaminha para o Ministério da Justiça, que no ano seguinte encaminha processo para homologação.

Indígenas da região – Atualmente residem na Terra Indígena de Tupiniquim cerca de 2 mil indígenas. Já na TI de Comboios, a população indígena total é de 512 pessoas. As duas TIs tem como uma das principais atividades econômicas e de sub-existência o cultivo de alimentos. Na Tupiniquim, 1,2 mil indígenas estão envolvidos diretamente no plantio de sementes, como feijão e milho, para consumo interno e comercialização. O projeto de cultivo, feito com apoio da Funai, foi iniciado em junho de 2010 e prossegue até fevereiro de 2011.

Já na TI do Comboios, localizada em uma extensa faixa litorânea, com cerca de 20 km de praia e o Rio Comboios, 170 indígenas desenvolvem atividades de plantio. A degradação da terra e a poluição do rio dificultam a plantação e a pesca de peixes. Com intuito de melhorar a disponibilidade de alimentos, a Funai desenvolve projetos que estimulam a plantação de sementes e o desenvolvimento da pesca.

teste Foto: Mayson Albuquerque/ Funai

Ocupantes não- índios – Nas duas terras indígenas ocorrem a presença de não-índios. Calcula-se um total de onze ocupações na TI Tupiniquim e seis na Comboios. A avaliação das benfeitorias para a saída dos não-índios está na Comissão de Análise de Boa Fé. Os dados fazem parte do Levantamento Fundiário da Funai e INCRA.

Desenvolvimento Sustentável – A Funai, a Fibria e as comunidades indígenas assinaram um Termo de Compromisso que prevê o repasse de 1,8 para a Associação Indígena Tupiniquim e Guarani (AITG) e Associação Indígena Tupiniquim de Comboios (AITC). Os recursos serão utilizados para a realização de projetos que promovam o desenvolvimento sustentável da região. O documento foi assinado em 2 de setembro deste ano.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sakineh Ashtiani será executada hoje no Irã

Sakineh Ashtiani será executada hoje no Irã

Extraído de: Espaço Vital - 03 de Novembro de 2010

A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, cuja condenação à morte por apedrejamento provocou uma onda de manifestações na comunidade internacional, será executada hoje (3), de acordo com a ONG Comitê Internacional contra Apedrejamento.



Informações obtidas pela organização apontam que as autoridades iranianas teriam ordenado a execução na prisão de Tabriz, onde Sakineh está detida.

O caso de Sakineh, de 43 anos, atraiu a atenção do mundo inteiro, em uma campanha que mobilizou inúmeros governos e entidades humanitárias.

Considerada culpada de adultério pela Justiça iraniana, ela foi condenada à morte por apedrejamento, mas a pena acabou sendo suspensa no início de setembro.

No final do mês passado, autoridades locais anunciaram o castigo de enforcamento como punição pela participação na morte do marido. A medida foi logo retificada pela Chancelaria do Irã, a qual afirmou que as formalidades legais do processo ainda não estavam concluídas.

Entre os que tentaram intervir estiveram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu a libertação de Sakineh e ofereceu-lhe asilo. Em resposta, o governo de Mahmoud Ahmadinejad afirmou que o brasileiro estava "desinformado" sobre o caso.

No dia 5, Sajjad informou à ter pedido a interferência do papa Bento 16 a favor de sua mãe e solicitou asilo político à Itália. Na ocasião, o jovem afirmou que ele e a irmã, Sahideh, temiam ser presos em seu país, e que Kian também corria esse risco. (Com informações da Folha de São Paulo).

Sakineh Mohammadi Ashtiani (em persa: سکينه محمدي آشتياني ; nascida em 1967) é uma iraniana de etnia azeri que está no corredor da morte após ter sido condenada à pena capital no Irã por ser partícipe do assassinato de seu marido, juntamente com um de seus amantes. A princípio, Sakineh seria executada por lapidação. Tal fato provocou comoção da comunidade internacional, levando a imprensa a divulgar, inadvertidamente, que o motivo da condenação à pena capital seria por uma suposta condenação no crime de adultério. A condenação, na verdade, se deu em função da comprovação da participação da criminsa no assassinato de seu marido juntamente com um de seus amantes. Ela foi julgada pela primeira vez em 15 de maio de 2006, por um tribunal de Tabriz, quando admitiu ser culpada do crime de "manter relacionamento ilícito" com dois homens, embora o incidente tivesse ocorrido após a morte do seu marido. Ela foi condenada a receber 99 chibatadas, uma punição que já foi cumprida.[1]

Em setembro de 2006 o processo foi novamente aberto quando um outro tribunal julgava um dos dois homens envolvidos na morte do marido de Sakineh Mohammadi Ashtiani. Ela foi então condenada por cometer adultério enquanto ainda era casada. A sua sentença foi a pena de morte por lapidação. Mais tarde ela voltou atrás da sua confissão do crime, alegando que confessou sobre pressão e que fala apenas a língua turca, não compreendendo o idioma farsi.[2][3] Malek Ejdar Sharif, diretor do Poder Judiciário da Província do Azerbaijão Oriental afirmou que “ela foi condenada à pena de morte... sob acusação de assassinato, homicídio culposo e adultério”."[4][5] O supremo tribunal iraniano confirmou a sentença em 27 de maio de 2007, de forma que somente um perdão concedido pelo aiatolá Ali Khamenei poderia impedir a sua execução.[1] A campanha movida pelos seus dois filhos resultou no adiamento da execução iminente de Mohammadi Ashtiani em julho de 2010, mas a pena de morte não foi suspensa. Foram feitos protestos contra a sentença em Londres e Washington, D.C., entre outras cidades.[6][7] Apelos pelo cancelamento da sua execução foram emitidos pela Anistia Internacional e pela Human Rights Watch, bem como por várias celebridades.[8][9][10][11]

A Embaixada do Irã em Londres divulgou uma declaração dizendo que ela não seria executada por lapidação, o que deixou em aberto a possibilidade de execução por um outro método.[12] Os jornalistas no Irã estão proibidos de noticiar o caso, e o advogado dela, Mohammed Mostafei, teve que se esconder no país.[13][14]

Em 31 de julho de 2010, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a anunciar publicamente que pediria ao líder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que enviasse a iraniana condenada à morte por apedrejamento ao Brasil, onde ela poderia receber asilo.[15] Entretanto em 18 de agosto Mahmoud Ahmadinejad, descartou conceder o asilo.[16]. O porta-voz do Ministério exterior do Irã considerou Lula uma pessoa "emotiva e desinformada" [17]

Em 8 de setembro, sua pena por apedrejamento foi suspensa, o que não descarta a hipótese de outro castigo, fazendo com que grupos como a União Europeia tivessem exigido, no dia seguinte, a completa revogação da sentença.[18]

Em 2 de novembro a ONG Comitê Internacional contra Apedrejamento anunciou que a morte de Sakineh estaria marcada para o dia seguinte. Informações obtidas pela organização apontam que as autoridades iranianas teriam ordenado a execução na prisão de Tabriz, onde Sakineh está detida. No dia anterior a ONG já tinha adiantado que o processo de execução de Sakineh poderia ter sido acelerado pela Justiça iraniana.[19]


Referências

  1. a b "Iran: Prevent Woman’s Execution for Adultery", Human Rights Watch, July 7, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  2. "Iran delivers an ambiguous reprieve", The Irish Times, July 10, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  3. "Iranian Woman Will Not Be Stoned, May Still Be Killed", Newsweek, July 9, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  4. "Iran’s judiciary suspends stoning sentence against woman", The Hindu, July 12, 2010. Página visitada em July 13, 2010.
  5. "IRAN: Judiciary official says woman to be stoned for husband's murder, not just adultery", LA Times, July 12, 2010. Página visitada em July 14,2010.
  6. "Iran execution of woman temporarily halted, state media reports", CNN, July 11, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  7. "DC: Protests Outside Iranian Interests Building: Stop the Stoning of Sakineh Ashtiani", Responsible for Equality And Liberty, July 3, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  8. Akin, David. "PM's wife opposes Iranian woman's death sentence", Toronto Sun, July 10, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  9. "Halt stoning of Iran 'adulterer' - Human Rights Watch", BBC News, July 7, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  10. "Celebs Pressure Iran on Stoning", The Sun, July 8, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  11. Gibson, Megan. "An Iranian Woman's Unlikely Supporter: Lindsay Lohan", Time Magazine, July 9, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  12. "Iran denies stoning claims", Press TV, July 9, 2010. Página visitada em July 12, 2010.
  13. Dehghan, Saeed Kamali. "Iran imposes media blackout over stoning sentence woman", The Guardian, July 9, 2010.
  14. Somra, Gena. "Lawyer in Iran stoning case in hiding to avoid arrest, supporters say", CNN, July 28, 2010. Página visitada em July 28, 2010.
  15. Lula apela ao líder do Irã para enviar condenada à morte por apedrejamento ao Brasil Folha Online. 31 de Julho de 2010
  16. Ahmadinejad diz que iraniana condenada não será enviada ao Brasil (18 de agosto de 2010).
  17. "Estadão", Internacional
  18. União Europeia considera suspensão de apedrejamento de Sakineh 'insuficiente'. Bloco diz que medida não respeita os direitos humanos e exige revogação completa de sentença Estadão, 9 de setembro de 2010.
  19. Sakineh Ashtiani será executada na quarta-feira no Irã, diz ONG