sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Vida com Deus e crescimento espiritual

Vida com Deus e crescimento espiritual

Começarei explicando primeiro, que o Senhor Jesus, tem chamado à todos nós, pessoas comuns, com altos e baixos, para crescermos em graça e conhecimento, não é necessário ser alguém com super poderes, Deus tem chamado a cada um de nós, grandes ou pequenos, não interessa quem somos, apenas quem é JESUS CRISTO! Faço um convite especial àqueles que ainda não aceitaram a Cristo como seu Salvador, recebam Cristo em suas vidas, Jesus te diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Apocalipse 3.20
O Senhor Jesus, já fez todo o sacríficio por nós, com a sua morte na cruz, Ele levou todas as nossas enfermidades, todos os nossos pecados e fraquezas, o que Ele quer de nós agora é que venhamos a compreender isso e aceitar. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento. Mateus 9.13
Deus nos chama para sermos diferentes e ir mais além, fazer a diferença: exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória. 1 Tessalonicenses 2.12
Depois que aceitamos a Cristo e compreendemos que somos chamados, que somos seu povo escolhido, precisamos avançar e não estagnar…porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. 1 Tessalonicenses 4.7
Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo… Efésios 4.15 Devemos crescer espiritualmente, da mesma maneira que uma criança cresce até chegar a idade adulta, se uma criança não cresce, imediatamente ela é levada a um médico para ser diagnosticado os motivos que estão impedindo seu crescimento. Na vida espiritual é muito semelhante, se não estamos crescendo, é porque estamos doentes espiritualmente, ou seja, abrimos uma brecha na qual o inimigo de nossas almas, está se aproveitando e impedindo o nosso crescimento, como um parasita, ele vai nos corroendo e aos poucos, muitas vezes sem perceber, já esfriamos e caímos, voltando para a prática do pecado!
Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus… Colossenses 1.7
É desejo do Senhor que tenhamos conhecimento e crescimento espiritual, para que dessa forma venhamos a frutificar, ou seja, venhamos a ganhar mais almas para o Senhor Jesus, esse é o nosso propósito aqui. Devemos compartilhar com o próximo as bênçãos de Deus, e para isso, é necessário buscarmos constantemente o Espírito Santo em nossas vidas, para sermos cheios, a fim de repartirmos com aqueles que não tem!
Precisamos crescer, para podermos levar ao arrependimento os pecadores, porque esse é o querer de Deus! Precisamos conhecer a Bíblia, ter entendimento, para não difundir idéias erradas e impedir que o Reino de Deus avance! Você foi chamado por Deus e deve cumprir com tudo que o Senhor te tem pedido. Busque entendimento, sabedoria, cresça na fé, na graça!
…antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno. 2 Pedro 3.18
E não diga: “Mas eu sou tão fraco, eu não sei falar direito, não sei como vou fazer o que Deus me pede!”
Irmão, o apóstolo Pedro, era um humilde pescador, iletrado, com um aspecto rude, talvez muitos de nós hoje, o olharíamos e não daríamos nada por ele, quem sabe até iríamos rir. As Epístolas que ele escreveu possuem vários erros ortográficos (claro, na tradução corrigiram esses erros), e não foi por isso que o Senhor deixou de usá-lo, pelo contrário, até a sua sombra curava (Atos 5.15)! Então, não há desculpas, Deus não está preocupado se você tem faculdade ou não, se você nem sequer terminou o ensino primário, Deus quer e se você permitir, Ele irá te usar e fazer milagres na sua vida e na vida daqueles que te cercam, basta você crer e deixar Deus agir!
Abra seu coração para o Espírito Santo trabalhar, você com certeza irá crescer! Pois é como uma semente plantada, você fertiliza a terra e vai regando todos os dias e a plantinha vai crescendo, crescendo, até chegar o dia em que ela irá dar frutos!
Vá regando sua vida com águas vivas, que descem do Trono de Deus e receba mais do que bênçãos, SEJA UMA BÊNÇÃO!

Michelle Martins

Mensagem de Ano Novo - 2011





A lei foi-nos dada por intermédio de Moisés, mas o amor e a verdade de Deus vieram-nos por meio de Jesus Cristo.
João 1, 17

Fonte: Bíblia Sagrada, A Palavra de Deus

La estructura incorpórea




La estructura incorpórea



¿Espiritual o material?

« Espiritual es todo aquello que no resulta afectado o cambiado ni por el espacio ni por el tiempo. No depende de estados emocionales o de lo que pensemos acerca de ello. Es la causa que genera todo el mundo material »

El Rabino Iehudá Halevi Ashlag, Sabio Kabalista que vivió en Jerusalem hasta mediados del siglo XX , en el comienzo de su comentario al "Etz Jaím" ("Arbol de Vidas", de Itzják Luria Ashkenazi conocido como el Ariz’al, siglo XVI) nos señala que:

"Debemos recordar que toda la Sabiduría de la Kabalá está basada en estratos espirituales que no requieren ni espacio ni tiempo, y ninguna falta o cambio los gobiernan ni afectan".

"La ausencia, como el cambio, sólo actúa sobre los estados materiales, siendo allí donde reside toda la dificultad para los principiantes. Estos toman a menudo dichos conceptos en su expresión material dentro de los dominios del tiempo y el espacio, los cuales fueron utilizados por sus autores sólo como referencias palpables de sus raíces superiores ".

Talmúd Eser haSefirót, Or Pnimí Capítulo I

Para comprender lo que el Rabino Ashlag nos explica tenemos que ubicarnos por sobre el plano físico y trasladarnos a conceptos tales como, por ejemplo, la alegría y la tristeza.
La alegría y la tristeza se manifiestan en el mundo emocional del hombre y no ocupan un lugar físico.

Cuando alguien está alegre y luego, por determinada circunstancia entristece, no significa que la alegría dejó de existir, sino que ese hombre perdió momentáneamente su capacidad de estar alegre. Pero si los estímulos que generan la alegría vuelven, desaparecerá la tristeza y la alegría ocupará su lugar.

Las emociones no ocupan un lugar físico, sino que abarcan el mundo emocional del hombre siendo generalmente su influencia más poderosa que la realidad material.
La emoción y el pensamiento son poderosos instrumentos a través de los cuales el hombre se conecta con la realidad. Aunque no debemos olvidar que son tan sólo medios para lograr materializar nuestra voluntad y deseo.
La voluntad y el deseo son la fuerza interior que mueven al hombre, pero ... ¿Cuál es el objetivo que motiva a esa poderosa fuerza ... ?
La voluntad altruista de ayudar y beneficiar al prójimo y a la sociedad o, por el contrario, el deseo personal, egoísta.

En este punto radica la diferencia entre lo espiritual y lo material.
Espiritual es la voluntad altruista de beneficiar al prójimo y material es el deseo personal, egoísta. (cita del libro " Maamarei Shamáti " , pag. 107, del Rabino Kabalista Barúj Shalom Ashlag).

Por eso nos enseñan nuestros Maestros que es fundamental aprender el lenguaje, la terminología y los objetivos de la Kabalá de un verdadero iniciado en esta Sabiduría. De este modo evitamos interpretar dichos términos fuera del contexto de la Torá y la Kabalá, lo cual desemboca en sincretismos, pseudo - espiritualidad y mística. .

Kabalá es el estudio del orden de causas y consecuencias espirituales que se generan a partir de la causa primera, el Infinito / Ein - Sof.

Espiritual es todo aquello que no resulta afectado o cambiado ni por el espacio ni por el tiempo. No depende de estados emocionales o de lo que pensemos acerca de ello. Es la causa que genera todo el mundo material.
Explicación: en el plano físico hay leyes que rigen la materia, como ser la gravedad. Observamos que cada vez que un objeto entra en el ámbito de dicha fuerza es atraído inexorablemente por ella, hasta que otra fuerza la contrarresta.

La actividad de la fuerza de gravedad no depende de lo que creemos o pensamos o sentimos, sino que es objetiva y tiene sus propios códigos. Quien quiera relacionarse con ella positivamente deberá conocer sus parámetros y sólo luego podrá usarla en su beneficio.La esencia de la fuerza de gravedad se encuentra por encima del mundo material ya que no depende de la voluntad de los hombres. Como en el caso de la gravedad, la esencia del mundo físico tiene su raíz en el plano espiritual.

Las leyes espirituales actúan en todos los planos: físicos, emocionales y mentales, pero sólo percibimos sus consecuencias cuando nos relacionamos con la realidad concientemente (como en el ejemplo anterior acerca de la ley de la gravedad). Por el contrario, cuando el hombre se relaciona con la realidad inconcientemente, sin conocimiento de las leyes que rigen la vida, es como un niño que no tiene conciencia de las consecuencias de sus actos.

Es importante definir precisamente el área a la cual se aboca este estudio. De lo contrario podríamos perdernos en un laberinto de ideas ajenas a los objetivos de la Kabalá. El objetivo de este estudio es educar a la voluntad y al deseo del hombre hacia el bien colectivo, que es la meta de la Torá:

"Amarás a tu prójimo como a ti mismo".

El único cambio posible que podemos lograr en la vida es la actitud interior, lo que deseamos en nuestro corazón. El "mejor" sistema socio-político-económico está destinado a fallar si el hombre es egoísta. En cambio, cuando cambiamos interiormente buscando el bien colectivo, el "peor" de los sistemas exteriores va a funcionar. Los verdaderos cambios y batallas se desarrollan en nuestro interior.Para ello el hombre debe conocerse y conocer las leyes que rigen todos los planos de la realidad. Entonces, tomará gradualmente conciencia de su raíz y objetivo, unificándose con todos los hombres y con el Kadósh Barúj Hú.

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Tradução para o Português

"Espiritual ou material?

"Espiritual é tudo que não é afetado ou modificado por qualquer espaço ou tempo. Não depende de estados emocionais ou o que pensamos sobre isso. É a causa que produz todo o mundo material "

Rabi Judah Halevi Ashlag, Wise cabalista que viveu em Jerusalém até meados do século XX, no início de seu comentário sobre o "Etz Chaim (" Árvore da Vida ", Yitzhak Luria Ashkenazi conhecido como o século XVI Ariz'al) nos que:

"Devemos lembrar que toda a sabedoria da Cabala é baseada em camadas espirituais que não necessitam de espaço e tempo, e nenhuma falta ou governar ou afetar a mudança."

"A ausência, como a mudança, só atua nos estados de material, sendo que a dificuldade reside todos os novatos. Estes muitas vezes levar estes conceitos em sua expressão material nos domínios do tempo e do espaço, que foram utilizados pelos seus autores como uma referência somente palpável parte superior das raízes. "

Talmud Eser HaSefirot, Ou Pnimi Capítulo I

Para entender o que explica Rabi Ashlag temos que nos colocar acima do plano físico e passar para conceitos como, por exemplo, alegria e tristeza.
Alegria e tristeza se manifestam no mundo emocional do homem e não ter um físico.

Quando alguém está feliz e triste para uma determinada circunstância, não significa que a alegria deixou de existir, mas o homem perdeu temporariamente a sua capacidade de ser feliz. Mas, se os estímulos que geram retorno alegria, tristeza e alegria desaparecer tomará seu lugar.

As emoções não ocupam um lugar físico, mas incluir o mundo emocional do homem, sendo, geralmente, mais a realidade material poderosa influência.
A emoção eo pensamento são poderosos instrumentos através dos quais o homem está conectado com a realidade. Enquanto não nos devemos esquecer que eles são apenas meios para atingir materializar a nossa vontade e desejo.
A vontade eo desejo são a força interior para mover o homem, mas ... Qual é o objetivo que move essa força poderosa ... ?
O desejo altruísta de ajudar e para benefício de outros e da sociedade ou, pelo contrário, desejo pessoal, egoísta.

Aqui reside a diferença entre o espiritual eo material.
Espiritual é o desejo altruísta de beneficiar os outros eo material é desejo pessoal, egoísta. (Citação do livro "Shamati Maamarei" página. 107, cabalista Rabbi Baruch Shalom Ashlag).

Então, nós ensinamos a nossos professores é essencial para aprender a língua, a terminologia e os objetivos de uma verdadeira essa sabedoria da Cabala começaram. Desta forma, evitar a interpretação desses termos fora do contexto da Torá e da Cabala, o que leva ao sincretismo, pseudo - espiritualidade e misticismo. .

A Cabala é o estudo da ordem das causas e conseqüências espirituais que são gerados a partir da Primeira Causa, o Infinito / Ein - Sof.

Espiritual é tudo que não é afetado ou modificado por qualquer espaço ou tempo. Não depende de estados emocionais ou o que pensamos sobre isso. É a causa que produz todo o mundo material.
Explicação: No plano físico, há leis que regem a matéria, tais como a gravidade. Notamos que cada vez que um objeto entra no campo da força é inexoravelmente atraída por ele, até que outra força os contadores.

A atividade da força da gravidade não depende do que acreditamos ou pensamos ou sentimos, mas que é objetiva e tem seus próprios códigos. Quem quiser se relacionar com ele de forma positiva deve conhecer os parâmetros e só então você pode usar em sua essência beneficio.La de gravidade está acima do mundo material e não depende da vontade dos homens. Como no caso de gravidade, a essência do mundo físico tem as suas raízes no plano espiritual.

As leis espirituais que operam em todos os níveis: físico, emocional e mental, mas só percebem as consequências quando nos relacionamos com a realidade conscientemente (como no exemplo acima, sobre a lei da gravidade). Em contrapartida, quando o homem se relaciona com a realidade, inconscientemente, sem conhecimento das leis que governam a vida é como uma criança que não está ciente das conseqüências de suas ações.

É importante definir com precisão a área que se dedicou a este estudo. Caso contrário, poderíamos ter perdido em um labirinto de idéias alheias aos objectivos da Cabala. O objetivo deste estudo é o de educar a vontade eo desejo do homem para o bem coletivo, que é o objetivo da Torá:

"Amarás o teu próximo como a ti mesmo."

A única mudança possível que podemos alcançar na vida é a atitude interior, o que nós desejamos nos nossos corações. O "melhor" o desenvolvimento sócio-político-econômico é fadado ao fracasso se o homem é egoísta. Em contrapartida, quando se olha para a mudança dentro do bem coletivo, o "pior" dos sistemas externos de trabalho. As mudanças reais e as batalhas acontecem em nossa interior.Para este homem deve conhecer e compreender as leis que regem todos os níveis da realidade. Então, gradualmente se enraizar e consciência de sua finalidade, reunindo com todas as pessoas e os Kadosh Baruch Hu.

Fonte: Halel

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Crianças e jovens indígenas bebem e se drogam sem nenhum controle.

Crianças e jovens indígenas bebem e se drogam sem nenhum controle.

Por racismoambiental, 28/12/2010 14:31

Crianças e jovens indígenas bebem e se drogam sem nenhum controle.

Alcoolismo, drogas, magia negra, estupros e suicídios cada vez mais fazem parte da rotina de comunidades indígenas localizadas em uma região isolada do país, nas fronteiras com o Peru e a Colômbia. Na terra dos tikunas, no extremo oeste da Amazônia, não há controle na venda de álcool e drogas.

Por isso, os índios da região formaram sua própria polícia, uma espécie de milícia paramilitar. A fronteira entre Tabatinga, no Brasil, e Letícia, na Colômbia, é rota do tráfico de drogas e de armas. O Rio Solimões é a principal estrada da região. As aldeias Tikuna ficam justamente neste entorno e são mais de 20 vilas.

Os tikunas formam a mais numerosa nação indígena do Brasil. A proximidade com os brancos tem feito os índios adotarem práticas perigosas, como o alcoolismo. O índios alegam que a bebida vem das cidades e são vendidas nas tribos. Pela lei, é proibido vender qualquer tipo de bebida alcoólica em região indígena.

Muitos jovens e até crianças com idades entre 10, 11 e 12 anos de idade já estão envolvidos com álcool. É possível ver jovens bebendo na porta de casa, sem o menor controle dos pais. Embriagados, muitos perdem o equilíbrio e chegam a cair no igarapé.

Em cada comunidade há um contingente que pode variar de 100 a 300 milicianos.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=374598

A ideia em torno do socialismo ecológico

A ideia em torno do socialismo ecológico


Marcus Eduardo de Oliveira *

Adital -
Mudar radicalmente a racionalidade econômica; aproximar as preocupações da ciência econômica para a necessidade de libertar o homem; criar um novo ambiente propício para a vida de todos os seres humanos, sem a divisão costumeira que privilegia alguns em detrimento de muitos e reconhecer, definitivamente, a existência de limites ao crescimento. São esses alguns pontos centrais da discussão em torno do que se convenciona chamar socialismo ecológico; ou como alguns preferem de ecossocialismo.

Socialismo, sim, no sentido de enaltecer os laços sociais e políticos que respeitam, primeiramente, a Mãe Terra. Socialismo no sentido de fazer a crítica verdadeira ao "deus-capitalismo" que se afirma consoante a ideia básica de que o mercado, altar sagrado do dinheiro, pode tudo. Esse socialismo, aqui defendido, se põe em posição contrária a essa premissa, pois entende que o mercado é incapaz de resolver tudo e que o mundo não pode viver apenas de consumo e mais consumo, como o "deus-capitalismo" sempre quis que assim fosse e quer que assim seja.

Quem tem olhos para ver sabe que a contradição entre capital e natureza aí está posta e deve ser repensada à luz de uma nova perspectiva que inclua, essencial e preferencialmente, o ser humano dentro do objeto de análise dos modelos econômicos, partindo da premissa que o mundo não é, como dissemos, um objeto, uma simples e qualquer mercadoria pronta para ser digerida por bocas ávidas. Se o consumo consome o consumidor, o socialismo ecológico, o ecossocialismo, vem para refutar o deus-mercado e pôr novas regras no jogo, defendendo as bases de sustentação da vida, condenando, primeiramente, o consumo artificialmente induzido pela publicidade que faz a sobrevivência daquele "deus" que ora mencionamos.

Esse socialismo ecológico, defendido pelo economista mexicano Enrique Leff, pelo sociólogo Michael Lowy, por Victor Wallis, John Bellamy Foster, Jean-Marie Harribey, Raymond Willians, David Pepper e tantos outros nomes de destaque na academia, aponta para a necessidade de incutir no imaginário coletivo a verdade de que toda vez que o capital se constrói sob as ruínas da natureza é a vida de todos nós que entra em perigo. Talvez seja por isso que Enrique Leff acertadamente pontua que "a economia está gerando a morte entrópica do mundo". Essa "morte", em nosso entendimento, é cada vez mais explícita quando se percebe que a única preocupação dos "Senhores da Economia Mundial" é em salvar o grande capital, não em salvar o planeta e a vida. Por sinal, melhor seria dizer em salvar a vida, pois o planeta saberá viver sem nós uma vez que não depende de nossa presença para sobreviver.

Pelo lado da economia voraz e consumista, base do deus-mercado, que a tudo destrói em nome de atender aos ditames mercadológicos, somos sabedores de que a ordem da macroeconomia comandada por esses "Senhores" é uma só: fazer crescer e crescer e crescer cada vez mais a economia mundial. Do outro lado, para o bem da sobrevivência e do respeito às leis da vida, a ordem da ecologia também é una: lutar pela possibilidade de assegurar a sobrevivência de nossa espécie.

Conquanto, o fato é que já não é mais possível aceitar a prédica mercadológica que faz com que uma minoria prospera enquanto uma maioria conheça de perto o drama da exclusão numa sociedade que parece não ser de outra natureza além daquela consumista, insuflada pela propaganda, financiada pelo capital, destruidora da natureza.

Os que defendem o modelo de fazer a economia crescer sem limites para assim promover a "felicidade geral", como se isso fosse exequível, e como se não houvesse nenhum tipo de diferença sócioeconômica, se equivocam ao ignorar que esse "crescimento" é dependente das leis da natureza e a natureza, em toda sua amplitude, não é (e nunca será) capaz de dar conta dessa política de crescimento.

Nesse sentido, a economia parece ser completamente míope em relação à necessidade de se regular a produção. Para o bem daqueles que se encontram ao lado da ecologia, contra a economia destruidora, cabe atentar aos preceitos desse novo pensamento que ganha, cada vez mais, contorno de paradigma que veio para ficar. Consoante a isso, analisemos a seguir o que tem dito Lowy e Bellamy Foster que trabalham a ideia de "ecossocialismo".

O ecossocialismo

Afinal, o que é o ecossocialismo? Para Lowy, "Trata-se de uma corrente de pensamento e de ação ecológica que toma para si as conquistas fundamentais do socialismo - ao mesmo tempo livrando-se de suas escórias produtivistas".

Já o sociólogo John Bellamy Foster definiu o ecossocialismo como sendo "a regulação racional da produção, respeitando a relação metabólica entre os sistemas sociais e os sistemas naturais, de forma a garantir a satisfação das necessidades comuns das gerações presentes e futuras".

Portanto, a definição dada por Foster não está muito distante da recomendação feita pelo Relatório Brundtland. Para melhor ilustrar-se essa questão, três aspectos realçam o posicionamento de Foster. São eles:

* O reconhecimento dos limites ao crescimento e a ruptura com a lógica produtivista que associa o aumento do bem-estar a um aumento da produção. Colocar o prefixo eco na palavra socialismo implica conciliar a igualdade intrageracional com a igualdade intergeracional;

* A reformulação do sistema produtivo de forma a torná-lo dependente unicamente do uso de recursos renováveis, articulando com o princípio anterior. Cumpre ressaltar que a sustentabilidade exige um uso dos recursos renováveis a um ritmo que garanta a sua renovação;

* O uso social da natureza, privilegiando a gestão comunitária de recursos comuns.

Como visto, os termos ecossocialismo e socialismo ecológico estão longe de serem apenas modismos ou meras retóricas românticas. São, ademais, conceitos que ganham contornos relevantes num mundo que vive intensamente a mais grave crise ecológica de toda a história. Para o bem de todos nós, o pensamento em defesa da sustentabilidade se fortalece no dia a dia. A natureza e a vida agradecem.

* Economista brasileiro, especialista em Política Internacional. Articulista do site "O Economista", do Portal EcoDebate e da Agência Zwela de Notícias (Angola)

Fonte: Adital

José Márcio, o guardião dos bichos e das pessoas maltratadas na Amazônia


José Márcio, o guardião dos bichos e das pessoas maltratadas na Amazônia

Lúcio Flávio Pinto *

Adital -

O corredor ecológico em Namirauá, criado pelo saudoso biólogo paraense, se tornou o melhor local para viver para aqueles que já lá viviam /ROLEX AWARDS.

"José Márcio Ayres, Guardião da Amazônia" (Edição da Autora, São Paulo, 144 páginas) é um livro raro. Bonito como produto gráfico, sua rica iconografia mostra o personagem em atividade, ora pesquisando, ora fotografando. Suas fotos são lindas e os fotos que fizeram dele, no meio de pessoas e macacos, selvas e cidades, emocionantes

O texto, da jornalista e historiadora Rose Silveira, conduz o leitor pela trajetória movimentada do biólogo paraense José Márcio, desde seus estudos iniciais sobre primatas até desembocar numa nova visão da convivência do homem com a natureza na Amazônia.

É um trabalho sentimental e rigoroso, na medida do biografado, homem cheio de sentimentos e exigente no seu ofício. Um dos heróis da Amazônia dos nossos dias, com seus dias encurtados pela selvageria da doença que o atacou, sem lhe dar a possibilidade de vitória.

José Márcio perdeu a batalha pela vida, mas seu pai, o médico Manuel Ayres, e sua prima, Ana Rita Alves, devolveram-lhe os trunfos e o reconhecimento público com este livro. Para ser lido e guardado - na estante e no coração. Como parte da homenagem a José Márcio, reproduzo o prefácio que escrevi para o livro.

O primeiro dos "grandes projetos", de um ciclo que mudou em profundidade e em definitivo a feição da Amazônia, mantida em seus traços básicos até então, entrou em operação em Oriximiná, no extremo oeste do Pará, em 1979. Nesse ano começou ali a extração de bauxita pela Mineração Rio do Norte, empresa formada pela então estatal Companhia Vale do Rio Doce em sociedade com um grupo de multinacionais do cartel do alumínio.

Para que a MRN, hoje uma das maiores produtoras mundiais, se estabelecesse com suas minas enormes, foi criada uma reserva biológica do outro lado do rio Trombetas, onde a mineradora instalou seu terminal portuário. Era a contrafação aos danos ambientais que a companhia praticaria, como quase destruir o belo lago Batata com os rejeitos de bauxita e lançar no espaço o pó vermelho da secagem do minério.

Pureza ecológica absoluta

A reserva protegeria a tartaruga, que integrava então uma lista de animais ameaçados de extinção na Amazônia. O IBDF (atual Ibama) manteria fiscalização permanente sobre as praias nas quais o animal procriava, enquanto estimularia a substituição da pesca indiscriminada e predatória pela criação racional. Manteria os hábitos de consumo da população sem pôr em risco a espécie. Para que o empreendimento fosse aprovado, porém, Brasília exigiu que todas as pessoas que morassem no interior da reserva fossem remanejadas.

Não importava que o local fosse habitado há dezenas de anos (mais de um século) por descendentes dos escravos negros, fugidos do cativeiro para formar os seus quilombos. Nem que eles, mesmo pescando tartarugas para vender ou comer, estivessem perfeitamente integrados ao ambiente. O radicalismo era total, a pureza ecológica absoluta. Ou era para afastar qualquer força de resistência - e contraste - ao "grande projeto" que se estabelecia na região?

Vocação para a pesquisa veio cedo

A manutenção dos quilombolas exigiu uma luta de vários anos e a demonstração de que sua presença era compatível com a unidade de conservação. Mesmo assim, os danos já haviam sido causados e certo desvio cientificista se consolidara; de que a natureza só seria mantida, em sua exuberância original, se o homem fosse colocado a distância. Um purismo escolástico que causa ainda prejuízos aos esforços para harmonizar a presença humana nos domínios da natureza.

José Márcio Ayres, o personagem deste livro, se consolidou como um dos mais importantes cientistas já nascidos no Pará (e na Amazônia) sem nunca padecer desse mal. Ele parecia seguir a carreira convencional do pesquisador que se dedica obsessivamente a um tema e o aprofunda a minudências rococós, desligando-se do mundo em volta. Ele, pelo contrário, sempre esteve com os olhos abertos para tudo que tivesse vida ao seu redor, sobretudo para os outros humanos.

Sua vocação para a observação, o estudo, a pesquisa - e, sobretudo, a pesquisa de campo - se manifestaram logo cedo como vocação, fecundada no útero de uma família de inteligências privilegiadas e alta sensibilidade humana. Nele, esse acervo familiar se multiplicou e se adensou de tal forma que, ao concentrar o foco do seu interesse acadêmico numa espécie de primata, depois de ter lidado com vários tipos de macacos, ele descobriu que podia favorecer o animal e o homem.

A ambos cederia o conhecimento elaborado e refinado que acumulou em alguns dos principais centros de formação científica, numa partilha natural e fraterna, com um objetivo único: manter a rica diversidade de vida da Amazônia, com seus cinco milhões de seres vivos (20% do total que existe sobre a Terra), incluindo a espécie mais complexa dessa rede, o homem, que não seria nunca mandado embora.

Márcio serviu de exemplo para outros pesquisadores que chegaram a Mamirauá, no Amazonas, com resíduos (ou pedaços inteiros) de arrogância, que costuma marcar aqueles que sabem mais ou têm mais títulos (nem sempre as duas coisas andam juntas). Ele ensinou muito, mas aprendeu ainda mais no contato com os nativos, cujo conhecimento resultou não de centros urbanos de saber ou de alguns anos de aprendizado e observação, mas de décadas e décadas de existência, de gerações e gerações passadas.

Criador do maior corredor ecológico amazônico

Com seu jeito simples, vivo e solidário, Márcio conseguiu a difícil confiança dessa gente isolada - e geralmente maltratada. Mais ainda: demonstrou-lhes que a existência de uma unidade de conservação em seu reduto não os inibiria nem provocaria maldades, como aquela que sofreram os quilombolas do Trombetas. Eles ganhariam se juntassem suas práticas empíricas às observações e sugestões dos cientistas. Ganhariam mais, inclusive, em dinheiro e na ampliação do principal dos estoques de recursos naturais que lhes garante a existência, o peixe.

A história da criação das duas unidades de conservação, Mamirauá e Anamã, com 3,4 milhões de hectares, gestadas no corpo do governo federal e nascidas na administração estadual amazonense, está contada neste livro. É uma história modelar, exemplar, inspiradora.

Com paciência e jeito, mas também com a determinação daqueles que sabem o que fazem (e o bem que fazem), José Márcio criou o maior - e, a rigor, o único - corredor ecológico amazônico em Mamirauá, que se tornou o melhor local para viver para aqueles que já lá viviam.

Não se trata apenas de um título, de um experimento ou de uma utopia: é um centro de vida que difere das frentes pioneiras abertas na Amazônia para saquear a Amazônia, enclaves de um bem que, transformado em mercadoria, é lançado além-mar, deixando aqui apenas as sobras do banquete.

Na Amazônia Central Márcio lançou sementes tão boas que elas continuaram a germinar enquanto ele padecia as dores do câncer, durante uma enfermidade de dois anos que o manteve distante da sua base física, e não foram interrompidas por sua morte, em 2003, aos 49 anos de idade. Mamirauá continuou a crescer, a vencer desafios, a avançar na escritura de uma história mais favorável à harmonia entre homem e natureza, sem a qual a devastação colonial, que se expande feroz, não parará de transferir para fora o melhor da riqueza explorada (e dissipada para sempre).

Márcio deixou uma novidade benfazeja para todos aqueles que acreditam que há lugar para o homem na Amazônia, desde que ele descubra (usando ciência de ponta, inclusive estrangeira, sem medo ou preconceito, e o empirismo nativo, sem egocentrismo e arrogância) o que lhe cabe fazer nesse lugar para não fazê-lo desaparecer, dessa maneira eliminando a fonte da riqueza.

Mais do que um guardião da Amazônia, José Márcio Ayres foi um patrono da Amazônia que, em vez de humilhar e envergonhar a civilização, lhe deu o valor de bem do planeta com marca brasileira digna e boa, como foi este grande amazônida.

* Jornalista paraense. Publica o Jornal Pessoal (JP)


Fonte: Adital

Orçamento 2011 não prioriza programas para crianças e adolescentes no Ceará

Orçamento 2011 não prioriza programas para crianças e adolescentes no Ceará


Karol Assunção *


Adital -
Crianças e adolescentes não são prioridades no Projeto de Lei Orçamentária de 2011 (PLOA 2011) elaborado pela Prefeitura de Fortaleza (CE). Essa é a conclusão do relatório de análise do projeto orçamentário 2011 divulgado neste mês pelo Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca Ceará). De acordo com o documento, dos R$ 4,483 bilhões previstos para o orçamento público do próximo ano, somente R$ 12,1 milhões serão destinados para a Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), órgão que administra a maior parte das políticas para crianças e adolescentes.

Para tentar destinar mais recursos para essa parcela da população, entidades de defesa dos direitos de crianças e adolescentes foram hoje (21) até a Câmara Municipal de Fortaleza para acompanhar as discussões e a votação do PLOA 2011. Entretanto, tudo indica que o aumento esperado não ocorrerá.

De acordo com Clézio Freitas, economista do Cedeca, a ideia era que os vereadores ampliassem o orçamento destinado a crianças e adolescentes para "ficar pelo menos no mesmo patamar desse ano". No entanto, pelas discussões realizadas até o início da tarde de hoje, parece que o aumento não será concedido. "A bancada governista está irredutível em dar esse aumento", observa.

Segundo o relatório do Cedeca, o dinheiro destinado à Funci para o ano de 2011 corresponde apenas a 0,31% do orçamento total de Fortaleza. A pouca atenção dada às crianças e aos adolescentes fica clara ao comparar com o orçamento destinado ao gabinete da prefeita, por exemplo, previsto para receber R$ 62,5 milhões, ou seja, quantia cinco vezes superior à destinada para a Funci.

"Enquanto a prefeitura de Fortaleza espera gastar R$ 3,2 milhões em um único evento, o Revéillon, para a política de atendimento à liberdade assistida, em todo o ano, irá gastar apenas 1,40 milhões de reais, 56% a menos do que a festa de fim de ano. E para o enfrentamento à exploração sexual no turismo, apenas 600 mil reais, ou seja, cinco vezes menos", destaca o documento.

A má distribuição do orçamento não é visível apenas nos gastos de eventos como o Revéillon. De acordo com o relatório, enquanto o recurso para a publicidade aumentará para R$ 16 milhões só no gabinete da prefeita, os recursos para a erradicação do trabalho infantil cairá para R$ 4,3 milhões.

A quantia será ainda menor para o atendimento de adolescentes usuários de drogas: apenas R$ 2,5 milhões. "[Percebemos que] tem recursos, mas tem que priorizar. [A prioridade é] investir na infância e na adolescência ou em propaganda institucional?", questiona Freitas, ressaltando que o orçamento para o próximo ano aumentará em 16,25% em relação ao planejado para esse ano.

"Esse baixo orçamento [para crianças e adolescentes] é uma opção política, falta de prioridade da gestão. Isso ficou claro em visitas que realizamos aos equipamentos públicos municipais. Há um descaso com o segmento da infância e da adolescência. O orçamento aumentou, mas, para a infância, o aumento não foi o mesmo", desabafa o economista do Cedeca.

Diminuição no orçamento

Segundo o relatório do Cedeca, importantes programas destinados a crianças e adolescentes tiveram seus orçamentos reduzidos ou apenas um "tímido" aumento. Os recursos do programa Raízes da Cidadania, por exemplo, foram reduzidos para R$ 435 mil. Já o programa Viver Proteção Especial à criança e ao adolescente teve um aumento no orçamento, mas somente de 181 mil reais.

Outras reduções aconteceram na ação de erradicação do trabalho infantil (queda de 35,6% do orçamento), na área de educação - para ampliação e construção de centros de educação infantil - (redução de 12,20%), e no orçamento destinado às ações ligadas a crianças e adolescentes da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), como Pró-Jovem Adolescente (diminuição de 40,08%).

O relatório do Cedeca está disponível em: http://www.cedecaceara.org.br/files/Relatorio_PLOA%202011_PMF.FINAL08122010.pdf

Fonte: Adital

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Demandas indígenas não foram priorizadas nos últimos oito anos

Demandas indígenas não foram priorizadas nos últimos oito anos


Tatiana Félix *

Adital -
As expectativas dos povos indígenas foram mais que frustradas durante os oito anos de governo do presidente Lula. Em linhas gerais, isso é o que atesta Roberto Antonio Liebgott, vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade que atua ativamente pela defesa dos direitos dos povos indígenas. Em análise detalhada, são comprovados os poucos avanços e relatadas situações de descaso com a saúde, a educação e a demarcação de terras indígenas.

Rememorando a atuação dos chefes de Estado brasileiros, começando pelo general do Exército João Batista Figueiredo é possível constatar a permanente desatenção a esta parcela da população brasileira. O governo de Figueiredo foi marcado por epidemias e endemias que vitimaram dezenas de povos e quase extinguiram algumas etnias, como os Deni. Os anos de 1979 a 1985 também foram marcados pela construção de estradas e hidrelétricas em terras indígenas.

No governo do presidente José Sarney (1985-1990) o processo de invasões teve continuidade, desta vez, protagonizado por pescadores, madeireiros, garimpeiros e mineradoras. Fui durante esta gestão que, com a ajuda do Governo Federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai), mais de 30 mil garimpeiros ocuparam as terras indígenas Yanomami, situação que ocasionou a morte de cerca de 2.000 indígenas em virtude das doenças trazidas pelos invasores.

O sucessor de Sarney, Fernando Collor de Mello (1990 a 1992), promoveu alguns benefícios, como a demarcação das terras Yanomami. No entanto, a iniciativa foi motivada pela pressão em função da realização da ECO 92 no Brasil. Este governo promoveu a homologação de 108 terras indígenas. Após o impeachment de Collor, o Brasil foi governado durante dois anos por Itamar Franco, quem promoveu a homologação, em dois anos, de 20 terras indígenas.

Presidente do Brasil durante oito anos (1994 a 2002), Fernando Henrique Cardoso deu um pouco mais de visibilidade à questão indígena, mas de acordo com Liebgott isso foi feito em virtude de interesses econômicos sobre as terras indígenas. Durante seus dois mandatos FHC homologou 147 terras indígenas.

Com a chegada de Lula à presidência após quatro disputas, as camadas populares e as minorias étnicas se encheram de esperança. No entanto, esse sentimento, sobretudo no que diz respeito aos povos indígenas, foi se esvaindo com o passar dos anos. Isso aconteceu porque demandas prioritárias da agenda indígena não foram levadas em consideração como deveriam durante o governo Lula.

As demarcações não foram priorizadas, prova disso é que apenas 88 terras foram homologadas, sendo que algumas tiveram seus procedimentos iniciados em governos anteriores. Centenas de outros processos de demarcação estão parados.

Segundo Liebgott ‘das 988 terras, 323 ainda encontram-se sem nenhuma providência; 146 estão em estudo, mas ainda a identificar. Quanto às terras em que os procedimentos de demarcação já tiveram início, a situação atual é a que se segue: 20 estão identificadas; 60 estão declaradas; 35 já foram homologadas e 366 encontram-se registradas e, desse modo, com sua demarcação concluída. Existem ainda 36 áreas que foram reservadas aos povos indígenas’.

A violência e a criminalização dos protestos indígenas foram outros pontos negativos que marcaram os últimos oitos anos. Bahia, Pernambuco, Maranhão e Mato Grosso do Sul foram cenário de episódios de violência, despejo e invasões. O caso dos Guarani Kaiowá, que foram despejados de suas terras, perseguidos e obrigados a viveram à beira de uma rodovia, foi considerado um dos episódios mais significativos para provar "a falta de interesse pelos povos indígenas".

A má utilização do orçamento indígena, que não promoveu ações efetivas para a sobrevivência física e cultural dos povos, e a reestruturação da Funai imposta sem consulta aos povos, também foram situações que contrariaram o solicitado pelos 241 povos indígenas do Brasil. No mesmo caminho seguiram as ações voltadas para a saúde e a educação, já que as propostas encaminhadas para os povos foram esquecidas em detrimento das propostas governamentais.

Aos povos indígenas e organizações que defendem os direitos destes só resta intensificar a luta. Os desafios que se configuram para o próximo ano não são desconhecidos. ‘Apresentar demandas, mobilizar-se em torno delas para que se transformem em políticas públicas, batalhar por participação em todas as etapas, e pressionar o poder público pela efetivação dos povos indígenas continuam sendo o caminho, assegura o vice-presidente do Cimi.

* Jornalista da Adital

FONTE: Adital

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Chamado

O Chamado

A porção da torá desta semana narra o início de um processo de libertação. Moisés é agora incubido a ir o Faraó para exigir a liberdade para o seu povo e questiona, pois se seu próprio povo não escutara o chamado, como iria o Faraó escutar?

Nesse momento ha a indicação de algo que acontece também em nossa vida, quando recebemos um chamado, mas mergulhados em conflitos emocionais e pressionados pela pesada batalha da sobrevivência, deixamos de escutá-lo.

A porção da Torá acontece em um momento muito especial, quando Plutão avança pelo signo de capricórnio, e o ser humano, como nunca, passará a questionar o significado da palavra realização. Mudanças muito profundas à caminho. Sem dúvidas, um chamado para a auto-transformação.

Shalom!

A Revelação

A Revelação

A porção da torá desta semana, a primeira do livro do Êxodo, relata uma história que fala de muitos confrontos: a de Moisés, aquele que retirou o povo hebreu da escravidão. Como se sabe, ele foi criado no palácio real, mas um dia, já crescido, ao defender um escravo, acabou matando o guarda e por isto teve que se afastar.

Durante o exílio, Moisés viveu em uma cidade vizinha. E foi lá que ele recebeu pela primeira vez a revelação divina. Diante da sarça ardente, que jamais se consumia. Ele pergunta quem é Deus e tem como resposta: "Eu sou o que sou".

Aqui ele descobre onde se encontra Deus e toda a força da eternidade: em um estado de total presença e aceitação. Esta semana aprendemos a respirar, observar e aceitar. Faça isto e você também estará pronto para uma grande revelação.

Shalom!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Lei do Retorno

A Lei do Retorno

Esta porção da torá, a última do livro de Gênesis, trata basicamente da morte de Jacob. Como grande patriarca que foi, embora já muito debilitado, ele chama a família para definir sua linha sucessória.

Uma das passagens mais interessantes desta porção se dá quando, após a morte do pai, os irmãos de José vão a ele pedir clemência, com medo de serem punidos pelo grande mal que haviam lhe feito muitos anos antes. Ao ouvir aquilo ele chora e diz: “Não temais, acaso estou eu no lugar de Deus?”.

Esta pequena frase tem um sentido muito especial para nós, pois não são poucas as vezes em que nos inquietamos com a sensação da falta de justiça em uma situação e assim, nos corroemos por dentro. No entanto, é importante perceber que, de uma forma ou de outra, a justiça sempre se faz.

Por isso, nesta semana nos lembramos que não cabe a nós culpar ninguém, muito pelo contrário, nossa função é tão somente a de dar exemplo através de nossas próprias ações.

Shalom!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

II Mostra Nacional de Economia Solidária começa hoje em Salvador (BA)

II Mostra Nacional de Economia Solidária começa hoje em Salvador (BA)


Adital -

Caravanas com representantes de Empreendimentos de Economia Solidária de várias partes do Brasil já estão a caminho de Salvador, Bahia, para a II Mostra Nacional de Economia Solidária. O evento começa hoje (8) e se estenderá até próximo domingo (12) na Praça Wilson Lins, orla da Pituba, juntamente com a VI Feira Baiana de Economia Solidária e Agricultura Familiar.

Cerca de 600 empreendimentos de todos os estados brasileiros se reunirão na capital baiana para expor e comercializar os produtos da Economia Solidária (ES). Para Shirlei Silva, coordenadora do Instituto Marista de Solidariedade e integrante da coordenação executiva do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, a Mostra é um "espaço para encontro dos empreendimentos e para divulgar a ES para a sociedade em geral".

Tanto é que a estimativa de público para o evento é otimista. De acordo com a coordenadora do Instituto Marista de Solidariedade, a expectativa é que "de 100 a 150 mil pessoas" passem pela feira durante os cinco dias. A abertura está marcada para acontecer amanhã às 18h.

Shirlei revela que, apesar de ser um dos pontos fortes do evento, ele não se resumirá apenas a Feira. "Vai ter seminários, debates, rodas de conversa, apresentações de grupos culturais", enumera. Durante o período do dia, os presentes terão a oportunidade de participar de seminários, palestras e discussões sobre temas relacionados à economia solidária. A partir das 16h, grupos culturais realizarão apresentações de capoeira, poesia, hip hop, percussão, entre outros.

Dentre os assuntos a serem discutidos, a integrante do Fórum destaca a Comercialização Solidária. De acordo com ela, durante esses dias, ocorrerá um seminário que abordará as estratégias de comercialização solidária no Nordeste e como fazer para que o produto - assim como o princípio - de Economia Solidária chegue aos consumidores.

Outros temas de discussão durante a Mostra, segundo Shirlei, serão Finanças Solidárias - como trabalhar o Fundo Solidário na perspectiva do desenvolvimento solidário; e Bancos Comunitários com moeda social.

A coordenadora explica que o Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário, reconhecido pelo Estado no último dia 17 através de decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também não passará despercebido pela Mostra. De acordo com ela, os participantes discutirão sobre o assunto e já trabalharão na formação de uma comissão gestora nacional.

Mostra no Nordeste

Além da realização da II Mostra Nacional de Economia Solidária, Shirlei Silva alegra-se por esta acontecer na Bahia, estado do Nordeste brasileiro. Isso porque, para ela, além de ser um local com forte presença da negritude, é a primeira vez que um evento de grande porte da Economia Solidária acontece em um estado nordestino. "O Nordeste não tinha sido palco de um grande evento de Economia Solidária. É uma região que tem muito a oferecer para o Brasil e para o mundo", considera.

Para mais informações, acesse: http://cirandas.net/feiranacionaldeeconomiasolidaria/capa

* Jornalista da Adital

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O bravo Apoena Meirelles

O bravo Apoena Meirelles

Comecemos com o pai de Apoena, Francisco Meirelles, o Chico Meirelles, para os amigos.

Chico Meirelles foi um dos grandes indigenistas brasileiros de todos os tempos e aquele que fez a ponte entre o período maduro e generoso do velho SPI (1939-1955) com a jovem geração de indigenistas que cresceu e se formou durante a ditadura militar, especialmente a partir da década de 1970. Diferente em muitos modos e ações dos irmãos Villas-Boas, nivela-se à estatura deles por seus feitos e sua dedicação à causa indígena. Entre seus feitos estão: o primeiro contato amistoso com os Xavante liderados pelo grande e sábio Apowen, nas margens do rio das Mortes (1946); o contato com os bravos Kayapó-Mekragnotire, no médio rio Xingu (1957); e o contato com os ariscos Cintas-Largas, no rio Roosevelt (1966). Por cima disso, sobressai sua personalidade extremamente generosa e despojada de veleidades. Os que o conheceram guardaram a memória de um homem que andava sem dinheiro, e quando o tinha era para distribuir para o primeiro que precisasse mais do que ele. Tinha a virtude ou a sina de ser um convicto comunista, membro do Partidão, e leal seguidor de seus ditames. Isto o atrapalhou diversas vezes na vida, na maior delas durante os anos em que viveu na ditadura militar, até 1973, quando faleceu do coração.

Apoena nasceu numa aldeia xavante, onde vivia seu pai nos primeiros anos do contato, e ganhou esse nome em homenagem ao grande líder Xavante. (Sobre Apowen, aliás, ver a postagem nesse Blog sobre o filme “A estratégia xavante” que seu neto Jurandi Siridiwe fez junto com um cineasta brasileiro). Porém, sendo o pai chamado para outras tarefas indigenistas, Apoena acabou sendo criado no Rio de Janeiro. Menino ainda, o pai o levava em suas expedições, como a que resultou no contato com os Mekragnoti, em 1957, quando Apoena tinha apenas 8 anos. A partir de 1966, quando esteve pela primeira vez com os Cintas-Largas, Apoena tomou gosto pelo ofício e virou indigenista.

No auge da ditadura, quando o AI-5 prendia, torturava, cassava e desempregava companheiros seus, Apoena estava nos sertões do rio Javaé procurando um grupo de índios Ava-Canoeiro que viviam por lá e que estavam em perigo de serem assassinados por fazendeiros que se instalavam por seu território. Há poucos anos outra aldeia Avá havia sido atacada e massacrada na região chamada “Mata do Café”, uns 100 km a leste. O contato com um grupo de 9 índios foi dramático e trágico, tal qual vinha sendo a vida desse povo indígena desde 1808, quando foi declarado “incivilizável” por Dom João VI, ao chegar ao Brasil, portanto, sujeito a ataques de extermínio por parte de grupos armados brasileiros. Apoena contatou esse pequeno grupo e teve que levá-lo para um posto indígena dos índios Javaé, na Ilha de Bananal. Não conseguiu do governo federal uma terra para os Avá. Nos primeiros anos morreram dois Avá-Canoeiros, e ao longo dos anos, três mais vieram a falecer, um deles provavelmente intoxicado por pesticidas em fazendas próximas onde for a trabalhar, em 1993. A mocinha virou mulher e casou-se com um índio Tuxá, depois com um Javaé e teve quatro filhas e dois filhos, hoje todos casados com índios Javaé. O velho, a velha, um irmão e ela são os únicos representantes “puros” da banda ocidental dos Avá-Canoeiro, enquanto da banda oriental restam um homem, três mulheres e dois jovens adolescentes vivendo numa terra demarcada e garantida na beira da Usina Hidrelétrica Serra da Mesa, a 200 km de distância dos seus irmãos da Ilha do Bananal.

As décadas de 1970 e 80, Apoena passou principalmente em Rondônia, saindo de vez em quando para alguma outra tarefa, por exemplo, para ser diretor do Parque do Xingu, para ajudar no contato com os Krenhacarore (Panará) e para ajudar no recontato com os Waimiri-Atroari. No mais, deu continuidade ao trabalho iniciado por seu pai. Ajudou a estabelecer um bom relacionamento com os Cintas-Largas, contatou os Suruí, os Zoró e vários grupos Urueuauau. Dirigiu a Administração da Funai em Porto Velho, num tempo de grandes mudanças regionais, imposições militares, imigração em massa de trabalhadores sem-terra e de pequenos e médios fazendeiros que iam se assentando pelos vales do Guaporé e do Ji-Paraná, seguindo a velha trilha da Linha Telegráfica de Rondon, e ampliando pelos lados, invadindo as matas e cerrados, derrubando tudo em vista para plantar café, criar gado e abrir garimpos.

Ainda hoje, Rondônia é o segundo estado amazônico mais desmatado e sofre pela praga dos madeireiros e garimpeiros ilegais e dos invasores de terras. O assédio que madeireiros e garimpeiros fazem aos índios para lhes permitir explorar madeira e garimpar é enorme e muitos povos indígenas têm sucumbido às vantagens aparentes de obter mais dinheiro e mais bens de consumo. Apoena lutou muito contra isso, perdeu cargos em várias gestões da Funai por opor-se a contratos ilegais entre índios e madeireiros. Apesar de seu esforço, a força maior da atração pelo dinheiro falou mais alto com os índios, especialmente entre aqueles que experimentavam a vida nas cidades. Devemos a Apoena a demarcação da maioria das terras indígenas de Roraima, inclusive o Parque Aripuanã, com 2,7 milhões de hectares.

Apoena foi presidente da Funai em 1986, num período muito conturbado, com intrigas entre indigenistas e com um enorme afluxo de índios em Brasília. Sua coragem e despreendimento passaram por cima das críticas do CIMI (Dom Luciano Mendes de Almeira o criticou dizendo que era parte da herança da ditadura, ao que Apoena respondeu com dignidade em carta aberta), de diversas Ongs, de alguns indigenistas, que não entenderam o que estava acontecendo à época, e de diversas lideranças indígenas, inclusive Raoni. Consciente de suas idéias, Apoena sugeriu e conseguiu que o governo fizesse a primeira reestruturação da Funai para dar mais poder e capacidade de ação às administrações regionais. Tal estruturação nova funcionou bem até 1991, quando outro presidente-indigenista incientemente desfez todo seu trabalho, re-centralizando as ações indigenistas em Brasília, o que provocou o aumento de conflitos entre índios e a direção da Funai, pelo influxo maior de indígenas a Brasília procurando soluções a problemas que poderiam ser resolvidos em suas regiões. Por conta disso vários presidentes da Funai foram retirados à força por lideranças indígenas descontentes com suas atuações.

Mesmo aposentado Apoena continuou a trabalhar com povos indígenas, quando algum novo presidente o convidava. Nunca, porém, trabalhou em ou para Ongs indigenistas pois sempre considerou que a questão indígena tinha que ser responsabilidade do Estado, e através da Funai que, bem ou mal, herdara as virtudes e os potenciais do indigenismo brasileiro. Apoena era um rondoniano avant la lettre, acreditava na possibilidade da nação brasileira abrigar e ser generosa com os povos indígenas, sem esquecer que o processo de aculturação dos índios na sociedade brasileira estava apressando o processo de integração e inserção social de diversos povos indígenas.

Quando assumi a presidência da Funai, em setembro de 2003, vários amigos indigenistas me disseram que Apoena desejava voltar à Funai. Pessoalmente não o conhecia, assim, chamei-o para conversarmos. Convidei-o para um cargo de coordenação, ao mesmo tempo em que lhe dei a tarefa de coordenar a região de Rondônia, Mato Grosso e Acre, e trabalhar a relação indigenista com os Cintas-Largas, que há anos vinham sendo assediados por garimpeiros que teimavam em entrar na Terra Indígena Roosevelt, para garimpar diamantes no igarapé do Lage. Apoena viajava com freqüência para essa região e tinha um bom diálogo com os Cintas-Largas. Achava que eles se davam conta dos riscos do garimpo ilegal, mas estavam presos à roda viva dos pequenos benefícios do garimpo, das dívidas contraídas nas cidades e das pressões dos garimpeiros para abrir-lhes suas terras. A hecatombe que se deu em 7 de abril de 2004, quando 29 garimpeiros foram mortos por um grupo de guerreiros Cintas-Largas, foi acompanhada pari passu por Apoena, que tentou de tudo para arrefecer a possibilidade de gente da cidade querer entrar na terra indígena para retirar os corpos sem a permissão dos índios e da Funai, e, ao final, acontecer um desastre de ataques mútuos de proporções ainda maiores.

Nos meses seguintes Apoena se desdobrou em reuniões com lideranças Cintas-Largas tanto de Rondônia quanto do Mato Grosso, com policiais federais e com autoridades estaduais. Sugeriu uma força-tarefa do Governo Federal, com determinação presidencial em forma de decreto, para vigiar as entradas de garimpos e para fortalecer o desenvolvimento econômico dos Cintas-Largas, o que veio acontecer alguns meses depois. Entrentanto, em outubro de 2004, na volta de uma de suas idas aos Cintas-Largas e à cidade de Cacoal, onde está localizada a Administração Regional da Funai, viagem realizada com o intuito de reformar aquela administração, quando passava por Porto Velho para ir a Brasília, Apoena foi assassinado por um rapaz de menor idade num assalto feito dentro do hall de entrada de uma agência do Banco do Brasil.

A morte de Apoena, nessas trágicas circunstâncias, foi sentida por todo o indigenismo brasileiro. Sua estatura pessoal, seu carisma, seu modo de se relacionar com os índios, sua lealdade a amigos, sua sabedoria eram reconhecidos por todos que o conheciam. Apoena tinha muito ainda que dar ao indigenismo brasileiro e aos povos indígenas.

Alguns analistas do indigenismo brasileiro já quiseram colocar em campos opostos, como se fossem duas orientações distintas, por um lado, os irmãos Villas-Boas, e por outro, Chico Meirelles. Um seria proponente do isolamento dos índios em uma redoma cultural. O outro a favor da assimilação. Dessa última, Apoena seria um seguidor. Na verdade, esta é uma análise simplória de toda a questão indígena brasileira. Tanto os Villas-Boas quanto Chico Meirelles eram a favor da autonomia cultural dos povos indígenas e do papel do Estado em ajudá-los a ganhar forças para enfrentar as injunções assimilacionistas que os ameaçavam. Os irmãos Villas-Boas dedicaram suas vidas ao estabelecimento do Parque Indígena do Xingu com a especificidade cultural que lhe é própria. Chico Meirelles trabalhou em frentes diversas e nunca se dedicou exclusivamente a uma situação.

Apoena, como representante exemplar da geração que amadureceu nas décadas de 1970 e 1980, sabia das pressões integracionistas e assimilacionistas, mas lutava para promover uma Funai forte capaz de segurar ou arrefecer esse processo sobre os índios para que este ganhassem tempo para se fortalecer com instrumentos políticos-culturais próprios e sincréticos que os ajudassem a enfrentar os desafios que estavam para vir pela frente. Tais desafios são não somente aqueles que aparentam perigo iminente, como a pressão dos interesses econômicos, mas aqueles que parecem chegar como indutores da ampliação do conhecimento do mundo moderno, como a educação escolar formal, a vivência nas cidades, o uso de tecnologias modernas e a participação política nas vilas, nas cidades e no panorama nacional. Porém, como em todo processo cultural, a tudo há que se pagar um preço, e a fatura final é o processo de inserção dos povos indígenas na sociedade nacional.

Portanto, sem fugir a esses desafios, como muitos o fazem (e se perdem em ingenuidades e extravagâncias discursivas formais que só prejudicarão os povos indígenas), a atitude e a visão de Apoena sobre essa problemática indigenista são coerentes com a tradição rondoniana e com as possibilidades inerentes na cultura brasileira. Eis o seu legado a ser compreendido, emulado e adaptado aos novos tempos pelas novas gerações de indigenistas.

FONTE: Blog do Mércio

Sertanista: A fase é difícil para os povos indígenas


Sertanista: A fase é difícil para os povos indígenas

Ali Karakas/Divulgação

Terra Indígena Pimentel Barbosa, do povo Xavante, em frente a fazenda do Grupo Magg, no Mato Grosso. Sertanistas contribuiram para garantir os territórios indígenas

Felipe Milanez
de Manaus (AM)

Odenir Pinto é sertanista e indigenista. Profissão no Brasil de quem defende os índios, representando o estado brasileiro. Em 2010 completam cem anos da criação de órgão oficial, republicano, que representa a defesa dos índios. Hoje, desde 1967, a Funai. Antes, criado por Rondon em 1910, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI).

Seu avô era sertanista, seu pai era sertanista, e ele nasceu na aldeia Bakairi, no Mato Grosso, na época do contato com um subgrupo do povo Xavante que permanecia evitando a aproximação com a sociedade nacional.

Viveu com os Xavante e os Bakairi. Fala as duas línguas desses povos com fluência.

Durante a sua carreira, foi exonerado da Funai, por perseguição política, e chegou a ficar exilado dentro de um território xavante. Foi anistiado em 1993.

No dia 28 de outubro, ele contou, no SESC Consolação - SP, suas experiências no sertão, no ano em que o Brasil celebra o centenário da criação do indigenismo, pelo Marechal Candido Rondon.

Confira a entrevista.

Terra Magazine - Como definir o trabalho do sertanista?

Odenir Pinto - A atividade de sertanista vem de muito tempo. Há registros deles desde começinho do ano de 1600, dentro dos Estados de São Paulo, Minas, Paraná e Bahia, principalmente. Evidente que eram pessoas irrequietas, querendo expandir as fronteiras de exploração, em busca de riquezas minerais, e ficaram conhecidas e reconhecidas oficialmente como sertanistas.
Mas somente no começo de 1950, com o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) em pleno funcionamento, o trabalho do sertanista passa a fazer parte de uma atividade de um órgão de proteção aos índios. Estes, bem mais idealistas e humanistas do que irrequietos - e não vou citar nomes para não cometer injustiça -, dão um sentido nobre a essa atividade porque para exercê-la é preciso apego à causa, renúncia a qualquer tipo de conforto, ser obstinado para não desistir diante do inesperado e dispor de meios, recurso, para sustentar as expedições até o momento do contato pacífico.
Convenhamos que não era fácil, por isso precisava ter uma última coisa: articulação para convencer todo mundo de que o trabalho de proteção aos povos indígenas era uma coisa que o Brasil precisava fazer. Na maioria das vezes as expedições eram bancadas com recursos oficiais, e é por isso que o SPI e a Funai (que surgiu em 1967) puderam desenvolver essa atividade com um mínimo de planejamento, sendo executadas sem grandes riscos para o sertanista e sua equipe serem massacrados pelos índios. Mesmo assim, houve alguns casos, como o de Pimentel Barbosa e Gilberto Figueiredo, só para citar os mais conhecidos, que foram assassinados em atividade. Mas também as Igrejas, no passado e no presente, quiseram fazer contatos com povos isolados. Alguns deram certos e outros nem tanto. Atualmente as Ongs também estão entrando nessa atividade - inclusive com recursos financeiros oficiais e do exterior.
Não vejo o trabalho do sertanista contemporâneo muito diferente do daquele que trabalha com povos indígenas já contatados, que vivem em aldeias. E também acho que ser sertanista agora é mais fácil. Daqueles do passado tenho grande admiração, até mesmo porque eles sabiam que depois do contato pacífico, esse povo sucumbiria. Mas eles tinham de obedecer a ordens - e acho que eles sofriam muito com isso.

Como começou sua vida sertanista?
- Fiz o primeiro concurso público, nacional, para seleção de candidatos a técnico indigenista, em fevereiro de 1969. Após o concurso fiz o primeiro curso de indigenismo, que ficou conhecido como o "curso piloto de indigenismo". Foram seis meses de teoria e seis meses de prática. Sendo que no teórico, na Enap (Escola Nacional do Servidor Público), em Brasília, por seis meses, e mais outros seis meses vivendo em alguma aldeia para elaborar um "projeto" para aquela comunidade onde o novo indigenista estava estagiando.
Depois de análises, por uma comissão, do desempenho da parte teórica em Brasília e na aldeia, o estagiário, ainda, era enviado para o mato, para um curso de "sobrevivência na selva", ministrado por sertanistas e que durava, em geral, trinta dias.
Fiz o meu no Xingu, orientado por Orlando Villas Boas, entre outros. No período teórico em Brasília recebi, também entre outros, aulas de Chico Meireles.
Em 1984, 1985, não me lembro bem, fui promovido a sertanista. Não por mérito, mas porque na carreira de técnico indigenista não havia mais como ser promovido, atendendo a legislação de CLT, se não fosse como sertanista. E foi assim que passei a exercer esse cargo, essa função, de sertanista.
Meu avô, Otaviano Calmon, que entrou no "serviço de índio", como eles designavam o trabalho indigenista, terminou por fazer parte da Comissão Rondon, que entrou por Mato Grosso em direção a Rondônia e criou a primeira Inspetoria do SPI, no Centro Oeste, sediada em Cuiabá-MT.
Meu pai, Pedro Vanni de Oliveira, e minha mãe, Joana Pinto de Oliveira, também fizeram parte disso e foram viver entre os Bakairi, na margem direita do rio Paranatinga, no médio norte do Mato Grosso. Também foi ali que meus pais tiveram o primeiro contato pacífico com um grupo Xavante, aqueles que escaparam dos massacres promovidos por expedições armadas, financiadas pelo governo de Mato Grosso e por empresários que desejavam ocupar essa região entre o nordeste de Mato Grosso e o sul do Pará.

Com quais povos trabalhou?
Nasci no Posto Indígena Bakairi, entre o povo homônimo. Após o concurso e o curso indigenista fui designado para trabalhar com os Mura Apirahã, no baixo Amazonas. Depois de quase três anos, voltei para Mato Grosso, porque o governo precisava de alguém que falasse a língua Xavante, uma vez que esse povo havia rompido relação pacífica com o governo. (Acho que com quase todo mundo, sem exagero, porque eles resolveram demarcar suas terras).
Depois voltei a trabalhar com os Bakairi, não aqueles onde nasci, mas com os que vivem até hoje na região do Rio Novo, na terra indígena Santana.
Em seguida fui trabalhar na frente de atração Peixoto de Azevedo, norte de MT, entre aqueles que o governo e a imprensa chamavam de "índios gigantes", os Krenacarore, hoje Panará. Com a transferência destes para o Parque do Xingu, fui trabalhar entre os Xavante, no Leste de MT. Muitos anos depois, como Superintendente e/ou Administrador da Funai, com inúmeros povos da Amazônia e do Centro Oeste brasileiro.

O que você aprendeu no convívio com os índios, que mais tenha marcado sua vida?
Ora, ora, uma boa parte do que sei e do que sou aprendi com eles (Parece uma resposta politicamente correta, mas é assim).

Como você vê a relação do Brasil com os índios?
Este país é um pouco indígena, mas cada vez mais as pessoas que vivem por aqui querem ter algum compromisso com a proteção desses povos. Ainda não sabem como fazer isso. Há uma pesquisa recente, promovida pelo Instituto Socioambental (ISA), que mostra que cerca de 80% dos brasileiros querem a demarcação das terras indígenas. Para mim isso é surpreendente! Uma bela notícia! Aqui entre nós, dá para esquecer o passado e apostar no presente, no futuro.

Qual foi o período mais difícil para os índios, durante os anos que você trabalhou com eles?
Houve um período muito difícil para os índios e para todos que estavam com eles. Foi no intervalo - que durou anos - entre a extinção do SPI e a criação da Funai. Lembro-me que nesse período, estudando na cidade, e quando podia visitava a aldeia onde meus pais trabalhavam, eu os encontrava em desespero, sem saber a quem recorrer, e os índios estavam morrendo sem qualquer assistência e inteiramente entregues à míngua. Acho que os militares, que de quando em quando aterrissavam seus aviões na pista da aldeia, para distribuir caixas de estiletes, facas, punhais, etc, não queriam socorrer os doentes porque sabiam o que estavam fazendo.
A ditadura militar correu de volta para onde nunca deveria ter saído; muitos indígenas sobreviveram a esse período; se organizaram e ajudaram a escrever uma Constituição que deu sequência às leis que transformaram o Brasil, desta vez incluindo eles também.
Muitos anos depois da ditadura militar, estamos assistindo agora outra fase muito difícil para os povos indígenas. Estamos vendo uma política deliberada para extinguir o único órgão indigenista que tem conversado com eles nos últimos tempos; que tem tentado demarcar seus territórios; que tem tentado proteger seus meio-ambientes e suas culturas.
Certamente, este período vai ser o mais difícil para eles superá-lo. Não há mais o sujeito fardado que deixou momentaneamente a caserna para se aventurar numa coisa que não tinha legitimidade e nem conhecia, mas há agora o sujeito que disputa com eles o emprego, inclusive no órgão indigenista, porque precisa fazer caixa do seu partido político com seus 10% de salário. E esse partido político é legitimamente eleito pelo povo brasileiro.

Em duas semanas haverá eleições para presidente da República, e o tema indígena não tem sido abordado. Como o futuro pode ser melhor para os índios?
Será o dia em que um partido político que ganhar a eleição para presidente da República tiver no seu programa de governo uma agenda para a questão indígena, algo de planejamento estratégico para proteção das terras e promoção das culturas dos povos indígenas. Só isso.

Felipe Milanez é jornalista e advogado, mestre em ciência política pela Universidade de Toulouse, França. Foi editor da revista Brasil Indígena, da Funai, e da revista National Geographic Brasil, trabalhos nos quais se especializou em admirar e respeitar o Brasil profundo e multiétnico.

Fale com Felipe Milanez: felipemilanez@terra.com.br

FONTE: Terra

Congresso sobre Tráfico de Pessoas

Congresso sobre Tráfico de Pessoas



As inscrições para participação no Congresso sobre Tráfico de Pessoas, que será realizado na próxima quinta-feira (9), na sede do Banco do Nordeste (BNB) em Fortaleza, Ceará, continuam abertas. Os interessados podem se inscrever até às 16h desta terça-feira (7), pelo site da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), que promove o evento: www.esmpu.gov.br - seção "inscrições".

O Congresso, que é gratuito e aberto ao público, tem por objetivo discutir e buscar soluções jurídicas para os problemas que os operadores de Direito enfrentam em casos de tráfico humano. Quem não fizer sua inscrição pelo sistema eletrônico ainda terá a chance de se inscrever na hora. O evento começa às 9h e encerra às 18h.

Mais informações no site: www.esmpu.gov.br

Delegados indígenas exigem respeito a seus direitos na Cúpula Climática

Delegados indígenas exigem respeito a seus direitos na Cúpula Climática


Adital -

Delegados indígenas presentes na Cúpula sobre Mudança Climática exigiram a viva voz que os governos incorporem os direitos humanos e refiram a Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas nos textos finais da negociação.

Reunidos em frente ao edifício Maya do luxuoso Moon Palace de Cancún, os delegados expressaram seu pedido para que a cúpula seja exitosa para a humanidade e a Mãe Terra e rechaçaram as falsas soluções para a mudança climática.

Em particular, expressaram sua preocupação e rechaço pelos denominados mecanismos para financiar programas que reduzam as emissões que contribuem para o aquecimento global ocasionado pelo desmatamento e degradação das matas (REDD, por sua sigla em inglês).

Denunciaram que o desmatamento e a degradação das matas não é a principal causa da mudança climática e que, com esses programas, os países industrializados pretendem evadir sua responsabilidade e evitar assumir compromissos firmes para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.

Por outro lado, não se podem ver as matas unilateralmente a partir de sua função ecológica de escoadoras de carbono, pois, para eles, as matas têm outras dimensões que não podem reduzir-se ao enfoque de mercado.

Os delegados indígenas rechaçaram também a posição de alguns poucos governos que pretendem colocar obstáculos em um enfoque de direitos ao sustentar que a mudança climática é um tema ambiental, e não um tema de direitos.

Delegados dos povos indígenas dos cinco continentes se encontram reunidos cada dia no centro global e constituem o Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudança Climática, que vem realizando esforços para que os documentos de negociação contemplem seus direitos.

Sem a incorporação de seus direitos, a cúpula será considerada um redondo fracasso para a humanidade atual e futura, sustentaram alguns representantes indígenas.

A notícia é de Servindi

FONTE: Adital

Indígenas chamam atenção para extermínio da etnia por conta do conflito armado

Indígenas chamam atenção para extermínio da etnia por conta do conflito armado


Karol Assunção *

Adital -

Deslocamentos forçados, sequestros, assassinatos, perseguições. Essas são apenas algumas situações vividas por colombianos e colombianas no marco do conflito armado no país. Violações que nem mesmo as populações indígenas conseguem escapar. No mês passado, a Unidade Indígena do Povo Awá (Unipa) chamou atenção da comunidade nacional e internacional para a ameaça de extermínio sofrida pela população.

No comunicado, a organização indígena solicita aos grupos armados, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), que respeitem a vida e o território indígena. Da mesma forma, pede às forças de segurança pública que protejam as populações colombianas, inclusive as indígenas.

Unipa também aproveita o comunicado para exigir do Governo Nacional o cumprimento da garantia da sobrevivência física e cultural do povo e o respeito aos direitos humanos, fundamentais e coletivos dos indígenas. Solicita ainda a retirada das munições do território sem explodi-las, a realização de investigações para relevar a relação entre exército, polícia e paramilitares, e a adoção do Plano de Salvaguarda Étnica elaborado pelos Awá.

À comunidade internacional, a organização pede que ela acompanhe e monitore a situação dos Direitos Humanos e do Direito Internacional Humanitário do povo indígena e que solicite do Governo colombiano as garantias efetivas de cumprimento dos direitos dos povos indígenas.

"Chamamos, ademais, povos e organizações indígenas a se unir em resistência pacífica e empreender ações de incidência ante qualquer feito de violência que afete a sobrevivência, os direitos e a dignidade de nossos irmãos indígenas", reforça.

De acordo com o comunicado de Unipa, somente no mês passado que as autoridades nacionais e departamentais manifestaram repúdio aos crimes cometidos contra as populações indígenas em 2009. Isso depois que conseguiram encontrar, nos computadores de membros das Farc, provas de que os assassinatos contra os indígenas foram cometidos por integrantes do grupo armado, e não por ocasião de brigas internas entre os próprios indígenas, como queriam justificar.

"Deixando na opinião pública nacional e internacional uma mensagem implícita ‘os assassinatos que estão se apresentando no povo indígena Awá é um problema interno, estão matando entre eles mesmos’. O que nunca [os meios de comunicação de massa] manifestam é que, igual aos wisha (não indígenas), a vinculação dos atores armados legais e ilegais se faz de maneira individual e não obedece aos mandatos de um povo", ressalta.

A organização revela que os assassinatos e as violações ao povo Awá não terminaram no ano passado. "A estratégia de extermínio contra nosso povo continua. Faz seis meses, na defesa Chinguirito Mira e nos conselhos comunitários das imediações, as Farc advertiram à comunidade que, se os erradicadores entrassem com força pública, iriam bombardear", relata.

As violações, entretanto, não são cometidas somente por grupos guerrilheiros. De acordo com Unipa, em outubro passado, o exército entrou no território Awá de Chinguirito Mira e invadiu as casas das famílias indígenas, levando pertences da população.

Além disso, os bombardeios e enfrentamentos realizados nas áreas indígenas e proximidades afetam as comunidades. "Desde que o exército está presente na zona, os habitantes da reserva não podem realizar suas atividades cotidianas, como semear, caçar e pescar. Por causa desses enfrentamentos e bombardeios, as pessoas têm medo", comenta.

O temor não é exagero. De acordo com a organização, no último dia 14, um enfrentamento entre Farc, ELN e Exército Nacional, ocorrido no município de Barbacoas, departamento de Nariño, deixou, no mínimo, um morto e dois feridos.

Violações em 2009

As violações cometidas neste ano não são novidade para os Awá. Em 2009, a população indígena foi alvo de pelo menos dois massacres, resultados dos conflitos entre guerrilheiros e forças armadas. Em fevereiro do ano passado, integrantes das Farc invadiram o município de Barnacoas, em Nariño, e mataram 15 indígenas, incluindo mulheres grávidas. Em agosto do mesmo ano, um novo ataque matou 12 Awá e deixou dezenas de feridos.

* Jornalista da Adital

FONTE: Adital

BRASIL, GANHE COM OS SERVIÇOS AMBIENTAIS

BRASIL, GANHE COM OS SERVIÇOS AMBIENTAIS


Jorge Khoury
Deputado federal (DEM-BA)


No Parlamento brasileiro tramita um projeto de lei (PL) que marca mais um importante avanço para a preservação de nossos recursos naturais. Falo do substitutivo, em tramitação final na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, do qual sou relator, que institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

Trata-se do PL 792, do deputado Anselmo de Jesus, ao qual foram apensados oito PLs, inclusive um do Poder Executivo.

Tal política busca remunerar aqueles que conservarem a biodiversidade além do que estipulam as determinações legais em vigor.

Queremos incentivar a sociedade a valorizar os ecossistemas nativos, já que os que contribuírempara que os serviços ecossistêmicos sejam perpetuados serão recompensados.

Esse é o melhor caminho para que a conservação possa enfrentar os demais usos potenciais da terra, cujo retorno econômico é mais facilmente percebido.

A conservação da flora e da fauna e das paisagens de grande beleza cênica dá, ainda hoje, grande suporte a muitos setores da iniciativa privada, especialmente num País como o Brasil, abundante desses recursos. É sob esse ponto de vista que a remuneração dos serviços ambientais prestados pelas áreas conservadas têm sido cada vez mais defendida, pois os diferentes setores se beneficiam direta e indiretamente dessa conservação.

O PSA é um mecanismo de compensação a quem despende esforços na preservação da vegetação nativa e, com isso, presta os serviços ambientais essenciais para todos.

A instituição desta política é essencial para a promoção de ações de longo prazo e para a integração dos órgãos federais entre si e, especialmente, com os diversos setores sociais e empresariais interessados.

Muitas são as inovações no âmbito do substitutivo. Propomos a implantação do Cadastro Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, para dar maior transparência e controle social aos projetos de PSA. Nele deverão conter os dados de todas as áreas contempladas, os serviços ambientais prestados e as informações sobre os planos, programas e projetos da Política Nacional de PSA.

Instituímos também os contratos de PSA. A ausência de contratos poderia ensejar que qualquer dono de terras com vegetação nativa requeresse, judicialmente, o pagamento por serviços ambientais. No entanto, é fundamental que o recebedor desse pagamento dê garantias de que manterá a área protegida e se empenhará para perpetuar e melhorar os serviços ambientais.

O substitutivo cria um órgão colegiado para gerir a política de PSA, a ser regulamentado pelo Poder Executivo, e garante a paridade de representantes do poder público e da sociedade civil na sua composição.

A todos os projetos de PSA será estabelecida isenção fiscal, já que os principais beneficiários desses projetos serão as populações mais vulneráveis das áreas urbanas e rurais.

O substitutivo prevê ainda o Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais, cujas prioridades serão a conservação e melhoria da quantidade e da qualidade dos recursos hídricos e a conservação da vegetação nativa, da vida silvestre e do ambiente natural em áreas de elevada diversidade biológica. Além disso, visa à preservação de unidades de conservação, de zonas de amortecimento e de terras indígenas.

Também será instituído o Fundo Federal de PSA, cuja fonte principal serão os royalties do petróleo destinados ao Ministério do Meio Ambiente, conforme previsto na Lei do Petróleo. A aplicação dos recursos da Lei do Petróleo é fundamental, pois os combustíveis fósseis são os principais vilões do aquecimento global, efeito este que é parcialmente minimizado pelos serviços ambientais prestados.

Considerando a rapidez com que a degradação ambiental avança sobre os biomas nacionais, faço um apelo ao poder público, ao setor privado e à sociedade civil para que formemos um consenso em torno da aprovação da matéria o mais breve possível, como medida urgente para a conservação da biodiversidade no Brasil. Isso irá preencher uma lacuna do ordenamento jurídico nacional na área de meio ambiente.

Quem contribuir para que os serviços ecossistêmicos sejam perpetuados será recompensado

Jorge Khoury
Deputado federal (DEM-BA)
dep.jorgekhoury@uol.com.br

FONTE: Clipping da Funai

JUIZ FEDERAL MANDA RETIRAR INVASORES DE ASSENTAMENTO

JUIZ FEDERAL MANDA RETIRAR INVASORES DE ASSENTAMENTO

Edivan Silva e José Alzenir Cruz reclamaram da medida
NAIRA SOUSA

Após ocupar uma área no Projeto de Assentamento Nova Amazônia I, na região do Truaru, há cerca de um ano e sete meses, oito famílias da Raposa Serra do Sol esperavam ser regularizadas. Mas sexta-feira, a pedido da Procuradoria Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Roraima, o juiz federal Helder Girão Barreto concedeu liminar de reintegração de posse da área de 3.200 hectares, localizada a 90 quilômetros de Boa Vista.

A advogada de defesa dos moradores, Denise Cavalcanti, informou que vai recorrer junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão. Além de recorrer, espera o posicionamento do estado. “O fato foi passado ao procurador-geral, Francisco das Chagas Batista, agora esperamos o seu posicionamento”, esclareceu Denise.

O prazo para que as famílias se retirem do local ainda não foi informado. Enquanto isso o presidente da Associação dos Excluídos da Raposa Serra do Sol, Edvan Silva, disse que os moradores vão lutar pela terra, uma vez que eles não têm para onde ir.

“Ano passado levamos os funcionários do Incra até o local. Chegando lá eles falaram que eu poderia mandar as pessoas que fossem ex–moradora da Raposa Serra do Sol, invadir que depois iriam ser regularizadas”, afirmou Silva. O Incra nega que tenha feito a promessa.

Um dos moradores, José Alzenir Cruz, possui o recibo da Fundação Nacional do Índio (Funai) que comprova ter saído da Raposa. “Esperava ter a aprovação da terra, pois já plantei e tenho criações de animais. Expulso mais uma vez, não tenho para onde ir”, comentou Cruz.

OUTRO LADO - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou que vai reassentar dezenove famílias desintrusadas da terra indígena Raposa Serra do Sol, previamente cadastradas e selecionadas para receberem o benefício, conforme relação apresentada à Justiça Federal.

“Os réus ingressaram na área de forma irregular, sem anuência do Incra. Alguns deles, como é o caso do senhor Edivan da Silva, já haviam inclusive sido beneficiados com a destinação de lotes de cerca de 500 hectares na região. O Incra trabalha na logística da ação para dar suporte aos oficiais de justiça no cumprimento da medida judicial, que terá apoio da Polícia Federal”, relatou a nota.

FONTE: Clipping da Funai

Indigenista pensou que ia morrer por mais de uma vez ao tentar resgatar colegas de trabalho da Funai atacado por indígenas nos anos de 1970.

INDIGENISTA COORDENA PROGRAMA DE ETNIA QUASE EXTINTA COM CRIAÇÃO DA BR-174



Crédito: Lucas Frasão/ Globo Amazônia

Indigenista coordena programa de etnia quase extinta com criação da BR-174
Indigenista pensou que ia morrer por mais de uma vez ao tentar resgatar colegas de trabalho da Funai atacado por indígenas nos anos de 1970.

Um acordo internacional nos anos de 1960 queria ligar a Patagônia aos Estados Unidos sem passar pelas Cordilheiras. E a criação da BR-174, que hoje conecta as capitais de Roraima e Amazonas, fazia parte do plano brasileiro para a integração do continente americano. A existência de 1.500 waimiri atroaris na divisa entre os dois estados era vista pelo governo como entrave ao avanço da estrada, cuja construção quase resultou na morte de uma etnia.

José Porfírio de Carvalho presenciou a derrubada da floresta amazônica para a passagem da via. Por conta de insurgências indígenas contra a obra, também sentiu, mais de uma vez, que estava prestes a dar seu último passo.

´´Chegamos em um hidroavião. O piloto disse: só desço se vocês deixarem um papel me autorizando a ir embora, não fico. Fizemos uma cartinha. Neste tempo eu ainda era jovem e solteiro e deixei um bilhete para minha família. Nos jogamos na água como se fosse a última vez na vida´´.

Nadando ao lado do indigenista Gilberto Pinto Figueiredo, Porfírio inciara ali a mais aventureira expedição de sua carreira. A missão era resgatar colegas de trabalho da Fundação Nacional do Índio (Funai), desaparecidos após tentativas de contato com povos que habitavam a região. Famosos pela reação enérgica a presença de estranhos em suas terras, os waimiri atroaris lutavam contra a chegada do operariado para a construção da BR-174.

Indigenista pensou que ia morrer por mais de uma vez ao tentar resgatar colegas de trabalho da Funai atacado por indígenas nos anos de 1970. (Foto: Lucas Frasão/ Globo Amazônia)
Em um dos embates, acabaram atacando funcionários da Funai, que havia sido criada em 1967 e instalou ali um posto de atração com a meta de estabelecer contato com os indígenas. Porfírio avaliou a situação antes mesmo de pousar: ´´Olhamos para baixo e as canoas dos índios estavam lá. A porta do posto aberta. Sabíamos que o ataque tinha ocorrido´´.

Em uma parceria cinematográfica, ele e Gilberto se embrenharam na selva querendo encontrar seus colegas ainda vivos. ´´Combinamos que, se um de nós fosse flechado, o outro teria de voltar sem tentar socorrer, porque isso não valeria a pena´´, diz. A flecha passou perto e atravessou o corpo de uma cadela que os dois decidiram seguir no meio do mato, acreditando que ela os levaria ao local em que estavam seus companheiros.

´´Eu ia na frente. Logicamente estávamos temendo morrer, mas se houvesse alguma chance de nossos colegas estarem vivos, precisávamos socorrê-los, porque acreditavam em nós. Caminhamos acompanhando a cachorra, mas em poucos minutos ela calou. Estava varada com uma flecha. Os índios estavam ali e, naquela hora, senti que era meu último passo. Paramos e voltamos de costas´´.

Os indigenistas avistaram seus colegas mortos na volta ao posto, onde deveriam aguardar o retorno do avião, previsto para a mesma tarde. Mas o piloto não veio. ´´Ficamos nós dois lá com os mortos. Descemos pela beira do rio e passamos a noite conversando bem baixinho para que ninguém ouvisse´´, diz.

A equipe da Funai que Porfírio e Gilberto tentaram resgatar não havia sido a primeira a ser atacada por indígenas. A estrada começou a ser construída no fim dos anos de 1960, pouco depois de o órgão ser criado. E a diretoria da Funai escalou o padre e antropólogo italiano Giovane Calleri para tentar conversar com os índios. ´´Ele tinha contrato assinado com o Departamento de Estradas de Rodagem do Amazonas para amansar os índios e colocá-los para trabalhar na estrada, que naquela época tinha muita carência de mão de obra´´, diz Porfírio.

´´Chegamos a fazer um bolão para apostar quantos dias o padre ia sobreviver. Foi muito menos do que pensávamos. Em menos de 2 dias ele foi morto dentro de uma aldeia junto com toda sua equipe, com exceção de um ex-funcionário que sentiu que ia ter o ataque, fez uma balsa e se mandou´´.

Naquele dia de 1968, morreram Calleri e mais 10 pessoas. O corpo do padre foi velado por uma semana em Boa Vista e, de acordo com Porfírio, o ódio contra os waimiri atroaris aumentou a partir daquele momento. O resultado foi a adoção de uma estratégia mais rígida do governo militar para implementar a rodovia e a colocação de 6 batalhões de engenharia do Exército para concluir a obra.

A BR-174 foi finalizada em 1977 cortando um trecho de cerca de 125 quilômetros do território indígena. ´´Eles se entregaram quando viram que não tinha mais chance de sobreviver. Hoje dizem que se entregaram para tentar escapar´´, diz Porfírio. A população de waimiri atroaris caiu para 374 pessoas em 1986. Além da pressão que sofriam com o movimento gerado pela nova estrada, também adoeciam após encontrarem com garimpeiros do grupo Paranapanema, que havia começado a explorar cassiterita no local em 1971.

A inauguração da usina hidrelétrica de Balbina, no fim dos anos de 1980, alagou uma área de 30 mil hectares na reserva e poderia representar o ponto final na história dos waimiri atroaris, mas a injeção da verba prevista no estudo de impacto ambiental da obra acabou viabilizando a sobrevivência da etnia.

À frente do programa para os waimiri atroaris desde seu início, Porfírio tirou desta iniciativa o modelo que implantou também entre os índios paracanã. Antes, o indigenista também havia atuado ao lado de José Carlos Meirelles, no Acre, onde ajudaram índios tidos como escravos de seringalistas a reconquistarem suas terras. Seu esforço em ajudar os waimiri resultou no aumento da população, que soma 1.424 pessoas em 2010, ano que simboliza o centenário do indigenismo no Brasil, cujo marco inicial foi a inauguração Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhores Nacionais (SPI), em 1910.

Hoje os indígenas controlam a circulação na BR-174 e bloqueiam a rodovia todos os dias no fim da tarde, abrindo novamente às 5h da madrugada. Os indígenas também têm acordo com a mineradora, editam um jornal em sua prórpria língua e estão familiarizados com a internet, segundo Porfírio. ´´Tudo entre eles é decidido por todos, não com representantes. Por isso, às vezes demorar para haver uma decisão. Não há cacique nem líder único´´, diz o indigenista.

FONTE: Portal MS

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Projetos da Petrobras demandam 212 mil trabalhadores

Projetos da Petrobras demandam 212 mil trabalhadores


CIRILO JUNIOR


A indústria precisa treinar 212 mil pessoas de 2010 a 2014 para atender ao crescimento da demanda da Petrobras prevista para o período.

A avaliação é do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo), que identificou gargalos em todas os segmentos.

"Há necessidades em todas as categorias. Estamos mudando de patamar, vamos precisar de mais bombas, de mais tubos, de muito mais chapas de aço", afirmou o coordenador do Prominp, José Renato de Ferreira de Almeida, no 7º Encontro Anual do programa.

Em relação ao levantamento anterior, que cobria o período 2009-2013, foi observada a necessidade de se preparar mais 5.000 trabalhadores. O incremento se deu especialmente por replanejamentos nos projetos do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio) e da Refinaria Abreu e Lima (PE), cujas capacidades serão ampliadas.

Para sanar esse deficit de mão de obra, o Prominp realiza cursos anuais para treinar pessoas de diferentes níveis de escolaridade -do 1º grau ao nível superior.

NOVAS DEMANDAS

Entre as novas demandas está a necessidade de se formar operadores para sondas de perfuração.

A Petrobras tem um plano agressivo de exploração nos próximos anos, especialmente na camada pré-sal. A empresa licitou a construção de 28 novos equipamentos deste tipo.

"Haverá muitas sondas, e vamos precisar de operadores. Mas eles precisam de treinamento mais completo. É como um piloto de avião. Requer um tempo, e estamos correndo", disse Almeida.

Apesar de a indústria tentar se mobilizar para atender à futura demanda, alguns fornecedores demonstram insatisfação com condições para se investir e produzir.

Na avaliação do vice-presidente da Firjan (Federação das Indústrias do RJ), Raul Sanson, a produção da cadeia de petróleo ainda não está no nível esperado.

Walter Luiz Lapietra, presidente do conselho de óleo e gás da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), reclama da tributação, que, segundo ele, beneficia quem importa materiais e equipamentos, principalmente no atual patamar do câmbio.

O jornalista CIRILO JUNIOR viajou a convite da Petrobras.

FONTE: Folha

PROCURADOR FEDERAL MORRE DURANTE RITUAL DA MAÇONARIA

PROCURADOR FEDERAL MORRE DURANTE RITUAL DA MAÇONARIA




Da Redação - Pollyana Araújo

O procurador federal lotado na Fundação Nacional do Índio (Funai), Guilherme Moragas, esposo da jornalista Ana Cristina Gomes Moragas, faleceu na noite desse sábado (5), em Cuiabá, enquanto supostamente participava de um ritual de iniciação da Maçonaria. A suspeita é de que tenha sofrido um ataque cardíaco fulminante.

O fato ocorreu na Loja Maçônica localizada na região da Morada do Ouro, denominada Templo da Harmonia, tida como uma das lojas de “potência” de Mato Grosso.

Ainda não se sabe as causas da morte e, por isso, o corpo deve passar por uma autopsia, que deve ser concluída em 30 dias, para então concluir as razões da morte súbita. O corpo do procurador foi levado para Itanhangá, Minas Gerais, onde reside a sua família.

A maçonaria é envolta de mistérios, já que os seus membros não revelam os rituais ali seguidos. Para o ingresso à “sociedade discreta”, como é chamada, tem alguns critérios, como, por exemplo, aceitar, em termos gerais, um novo princípio, inclusive, abrindo mão de tudo o que era antes da iniciação.

FONTE: Clipping da FUNAI