domingo, 29 de maio de 2011

Brasil reduz a intensidade da pobreza, mas não acaba com a miséria

Brasil reduz a intensidade da pobreza, mas não acaba com a miséria

Por racismoambiental,

“O Brasil não tem política pública para acabar com a pobreza, nem política para acabar com a desigualdade”, constata a economista, em entrevista concedida, pessoalmente, à IHU On-Line, na última segunda-feira, quando esteve no Instituto Humanitas Unisinos (IHU), participando do Ciclo de Palestras Renda Básica de Cidadania. Segundo a pesquisadora, a instituição de programas de distribuição de renda mínima como o Bolsa Família demonstra que o país está mais consciente com as questões sociais e isso ocorre porque o Brasil retomou o crescimento econômico após trinta anos de estagnação. “Quando um país cresce, a renda média aumenta, então, tende-se a reduzir a pobreza”, esclarece.

Na entrevista que segue, ela explica a necessidade de os países capitalistas adotarem políticas de distribuição de renda, fala sobre a proposta da presidente Dilma de erradicar a miséria e ressalta que “é necessário entender a pobreza não apenas como um déficit monetário, mas como um déficit de bem-estar e, neste sentido, praticamente 40% da população brasileira vive em condições muito ruins de moradia. Além disso, nem todos têm o acesso que mereceriam ao sistema de saúde e têm um sistema de educação muito ruim”. A partir desta conjuntura social, argumenta, “o Brasil está longe de realmente poder alcançar a meta de erradicar a miséria e a desigualdade”.

Lena Lavinas é graduada em Economia pelo Institut d’Etudes pour le Développement Economique (França). É mestre e doutora em Estudos sobre a América Latina pelo Institut de Hautes Etudes d’Amérique Latine (França). Realizou o pós-doutorado no Centre de Sociologie Urbaine. É membro do comitê editorial do Feminist Economics (EUA) e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Entre seus livros estão Programas Sociais de Combate à Fome: o legado dos anos de estabilização econômica (Rio de Janeiro: Editora UFRJ – Ipea, 2004) e Emprego Feminino no Brasil: mudanças institucionais e novas inserções no mercado de trabalho (Santiago do Chile: Cepal, 2002). Confira a entrevista.

IHU On-Line – Quais são as possibilidades e os limites de implantar um programa de Renda Básica de Cidadania no Brasil?

Lena Lavinas – Há pouquíssimas probabilidades de nosso país implantar um programa de Renda Básica. A Lei 2835, de janeiro de 2004, aprovou a ideia de uma Renda Básica, porém, ela é muito restrita e contraditória. A Renda Básica tem o princípio da incondicionalidade, ou seja, distribuir o mesmo valor para todos, sem fazer distinção entre ricos e pobres. No entanto, a Lei 2835 já nasce com um viés muito grave: o de começar pelos pobres e só ser implementada se houver recursos orçamentários disponíveis. Esses já são pressupostos que comprometem a ideia da incondicionalidade da Renda Básica. O Brasil é um paradoxo porque é o único país do mundo que tem uma lei de Renda Básica. Os demais países nunca adotaram uma lei porque existe um grande debate internacional que discute se o melhor é ter uma Renda Básica ou se é ter mais políticas sociais, programas de transferências de renda, de auxilio saúde e de educação. A Renda Básica só existe no Alasca, um estado estadunidense, justamente em um país onde o nível de provisão social é muito pequeno, onde o nível de desigualdade social é muito alto para um país desenvolvido, e onde as pessoas têm um sistema de proteção social muito residual. O Brasil tem este paradoxo, entre muitos outros, que é o de ter uma lei de Renda Básica, cuja probabilidade de implementação me parece ser muito pequena.

IHU On-Line – Em outra entrevista que nos concedeu, a senhora disse que o Brasil conseguiu instituir um sistema de cobertura ampliada em termos de segurança social a partir dos programas de distribuição de renda. Em que aspectos o país ainda pode avançar nesse sentido? Qual seria o próximo passo para retirar mais cidadãos da miséria?

Lena Lavinas – O Brasil institucionalizou, com a Constituição de 1988, a assistência social como um direito a todos aqueles que são vulneráveis. Isto é uma grande revolução porque na maioria dos países em desenvolvimento, a assistência social é discricionária, ou seja, é implementada segundo a vontade dos governantes, com métodos não muito “católicos”. Portanto, o Brasil tem um diferencial: ao refundar o sistema de proteção social, criando a seguridade social em 1988, o país estabeleceu o seguinte tripé: a saúde, um direito universal com o financiamento de todos; o seguro social, que são as aposentadorias, pensões e outros direitos previdenciários que reúnem um financiamento contributivo específico daqueles que contribuem; e, finalmente, a assistência social voltada aos necessitados com financiamento proveniente das contribuições sociais que incidem sobre o consumo da população em geral, inclusive dos mais pobres. O Brasil cria, portanto, a institucionalidade da assistência social introduzindo imediatamente um primeiro mecanismo de transferência de renda que é o Benefício de Prestação Continuada – BPC. Este passa a ser implementado a partir de 1993 para as pessoas portadoras de deficiência e idosos que vivem em famílias cuja renda familiar per capita é inferior a um quarto do salário mínimo. Desde a sua origem, este novo sistema de proteção social garante um mínimo social, porém poucas pessoas eram cobertas por este mínimo social – hoje, cerca de 3,5 milhões de pessoas recebem este benefício. Portanto, foi necessário expandir essa segurança mínima monetária, e aí surgiu o programa Bolsa Família, que uniu vários pequenos programas fragmentados que existiam. Hoje, sua cobertura alcança 12 milhões e 900 mil famílias, alguma coisa como 44 milhões de pessoas.

Novas iniciativas

Essa política de distribuição de renda mínima é muito importante. Diferente do governo anterior, houve um reconhecimento, por parte do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, de que muitas pessoas não estavam contempladas no Bolsa Família, e, portanto a meta do governo Dilma é avançar no sentido de garantir essa cobertura a todos que sejam necessitados. Segundo a estimativa do governo, há mais ou menos um milhão de pessoas fora da cobertura, o meu calculo é bem maior, em torno de nove milhões. De qualquer modo, o fato de as pessoas receberem o Bolsa Família não garante que elas saiam da miséria. Sabemos que o programa é pouco efetivo na redução da miséria, ou seja, ele reduz a intensidade da miséria, que algo bem diferente. Com o benefício do Bolsa Família, poucas pessoas vão para além da linha da pobreza, mas elas reduzem a distância, o hiato, que as separa da linha da pobreza. Portanto, temos de entender que este programa tem um mérito muito grande, que não é de reduzir a pobreza, mas a intensidade. Para tirar as pessoas da pobreza precisa de mais coisas.

IHU On-Line – Existe um projeto de imposto sobre riquezas. Qual a sua opinião?

Lena Lavinas – Não há uma mínima chance de que esse projeto passe no Brasil, porque não há nenhum imposto de renda progressivo. Não precisamos chegar a um imposto sobre riquezas, basta mudar o imposto de renda aplicado atualmente, que tem quatro/cinco alíquotas, ou seja, qualquer pessoa que recebe acima de R$ 3,800 paga a mesma alíquota de imposto de renda de alguém que ganha R$ 500 mil por mês. Isso é um absurdo completo. O patrimônio também não é tributado no Brasil. Então, antes de pensarmos em um imposto sobre a fortuna, podemos começar a tributar corretamente o patrimônio, que não deixa de ser uma forma de fortuna. Também seria interessante tornar o imposto de renda progressivo.

IHU On-Line – Os programas de Distribuição de renda permitiram que parte da população tivesse acesso ao consumo. Mas, pensando em desenvolvimento, que avanços é possível constatar a partir de programas de distribuição de renda como Bolsa Família? Percebe-se mais desenvolvimento nas famílias ou apenas ascensão econômica?

Lena Lavinas – Em todos os países do mundo, os governos e a sociedade optam por garantir uma renda mínima aos mais pobres não porque têm pena deles – se fosse por pena e questão de justiça social, dificilmente se garantiria uma renda mínima para 45 milhões de brasileiros -, mas porque pessoas sem rendimento econômico geram uma série de distorções na economia. Por exemplo, se a pessoa não tem dinheiro para pagar a energia elétrica, ela vai fazer um “gato”; se não tem onde morar, vai ocupar uma zona e isso tem impactos na sociedade. A regulação da pobreza começou no século XIV, não tem nada de novo, e é uma forma de reduzir o conjunto de externalidades que são muito ruins em termos de mercado. A economia precisa funcionar e quem não tem o mínimo de recurso, não consegue nem pegar um ônibus para tentar um emprego. É necessário, para a economia funcionar, que as pessoas possam ter uma renda mínima, e é por isso que existem programas de distribuição de renda em todos os países capitalistas.

IHU On-Line – Por um lado, o governo manteve uma postura relutante na negociação do salário mínimo, não aceitando aumento maior de R$545,00 e, por outro, aumentou o valor do Bolsa Família. O que essas duas medidas significam, considerando o compromisso de Dilma em erradicar a miséria no país?



Lena Lavinas – O governo não teve um comportamento relutante. O Brasil criou um princípio de reajuste anual do salário mínimo, ou seja, uma regra geral. Entretanto, essa regra não foi votada, mas ela já era adotada na prática. Essa regra de reajuste prevê que o salário mínimo seja indexado a cada primeiro de janeiro, considerando a inflação acumulada no ano anterior e a taxa de crescimento de dois anos antes. Essa é uma regra muito importante, porque mostra que além de recuperar o poder de compra do salário mínimo – porque se vai incorporar à inflação -, também se garante que, se houver crescimento econômico, haverá um aumento real nos salários.
O governo não tergiversou sobre esta regra e embora ela não tenha sido votada, é vigente. Por isso, no próximo ano, embora se tenha uma inflação de 5,5%, será considerado o aumento de 7% da taxa de crescimento de 2010, o que irá resultar em um aumento significativo do salário mínimo, algo em torno de 14%, que não é pouca coisa. Temos de viver dentro de uma institucionalidade, e, nesse sentido, o salário mínimo é uma institucionalidade, é uma forma de regulação das relações de trabalho. Portanto, o governo fez muito bem em avançar neste sentido. O Bolsa Família foi reajustado acima da inflação, e isso é bom porque melhora a qualidade de vida das pessoa. Porém, ele continua sem ter uma regra definitiva de reajuste, não tem data, não tem prazo, não tem modalidade, e, evidentemente, os reajustes dos benefícios assistenciais continuam a mercê do governo federal.

IHU On-Line – O ajuste fiscal anunciado no inicio do governo pode prejudicar a continuidade das políticas públicas brasileiras?

Lena Lavinas – Sem dúvida. Um país que tem educação de tão má qualidade, que tem um sistema de saúde, que, embora seja universal, não consegue prover todo o serviço na quantidade e qualidade necessária, tem um déficit acumulado muito grande e isso implica gastos superiores. O Brasil gasta pouco em educação, em saúde, em segurança e gasta mal. Além disso, se gasta praticamente nada com política habitacional – o país está há 50 anos sem política habitacional.
Este ajuste fiscal que o governo começou a fazer, embora tenha preservado os valores do Bolsa Família, mostra que o país continua na mesma direção: investe em uma política de combate à pobreza, que na verdade é uma política de redução da intensidade da pobreza, em detrimento da consolidação de um sistema de preservação social, que é muito mais amplo.

IHU On-Line – Pode-se dizer que, historicamente, no Brasil entende-se desigualdade social como sinônimo de pobreza? Ou que as políticas sociais visam muito mais acabar com a pobreza do que de fato com a desigualdade social?



Lena Lavinas – Não penso que confundimos desigualdade social com pobreza. Sempre vai haver pessoas pobres em relação ao outro, porque a pobreza é medida não somente em termos absolutos (pessoas que não tem dinheiro para comer, para pagar o aluguel), mas ela é sempre vista como lugar de alguns indivíduos na sociedade, vis-à-vis outros que conseguem se beneficiar mais com o modo de vida que aquela sociedade construiu para si. Podemos supor que os pobres são aqueles que hoje não têm condições de se beneficiar com o bem-estar acumulado de uma determinada sociedade. A ideia de desigualdade é outra: Cuba, por exemplo, é uma sociedade pouquíssima desigual, relativamente igualitária, mas onde o nível de destituição de grande parcela da população é muito grande. As pessoas são relativamente pobres se comparadas com outras sociedades do mundo capitalista. O que se pode dizer é que a pobreza relativa, como este beneficiar-se de uma qualidade de vida, é uma abordagem que tende a relacionar os que não conseguem fazer com os que conseguem. A ideia de desigualdade não é exatamente esta, é a apropriação que cada parcela da população faz da renda nacional ou do patrimônio nacional. Neste aspecto, em termos de desigualdade, a situação é muito mais grave do que se pode imaginar.

IHU On-Line – Pode-se dizer que, em alguma medida, as políticas públicas brasileiras visam acabar com a pobreza e não com a desigualdade? Por que isso ocorre?

Lena Lavinas – O Brasil não tem política pública para acabar com a pobreza, nem política para acabar com a desigualdade. O país está mais consciente, porque retomou o crescimento econômico, que estava estagnado há trinta anos. Para reduzir a pobreza, é necessário crescer. O caso mais evidente é o da China, que reduziu muito a pobreza, tirou mais de 400 milhões de chineses da miséria. Quando um país cresce, a renda média aumenta, então, tende-se a reduzir a pobreza. Mas é necessário entender a pobreza não apenas como déficit monetário, mas como déficit de bem-estar e, neste sentido, praticamente 40% da população brasileira vive em condições muito ruins de moradia. Além disso, nem todos têm o acesso que mereceriam ao sistema de saúde e têm um sistema de educação muito ruim. Então, pelo lado da acessibilidade aos serviços básicos que podem elevar as dotações dos indivíduos, o Brasil está longe de realmente poder alcançar a meta de erradicar a miséria e a desigualdade.



IHU On-Line – Segundo dados do IBGE, o Brasil tem 16 milhões de pobres. O que esse valor representa para o país considerando o crescimento econômico dos últimos anos, a má distribuição de renda e a “luta” pela redução da desigualdade no país?

Lena Lavinas – O Brasil não tem uma luta histórica pela redução da desigualdade, muito pelo contrário, se tivesse, nós não estaríamos onde estamos hoje, com 16 milhões de pessoas que vivem em níveis de grande miséria e privação. Além disto, o Brasil continua tendo um índice Gini de 0,51, que é altíssimo. O país caiu do terceiro lugar dos mais desiguais para o 12º, então está longe de ser uma diferença boa. Ainda não temos o que comemorar. Estes 16 milhões representam uma estimativa reajustada em função dos dados recentes que o senso demográfico nos trouxe. A média que o governo tinha, com base do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2009, era de 10 milhões de indigentes e agora o número ampliou para 16 milhões. Então, evidentemente, vai ficar mais caro cuidar deles. Penso que o importante é esperar que o governo seja capaz, de fato, de tornar o Bolsa Família um direito de todos estes indivíduos. Hoje, o Bolsa Família não é considerado um direito, e é por isso que milhões de indigentes miseráveis não são alcançados pelo programa.

IHU On-Line – Como a senhora avalia o discurso da presidente Dilma em relação à erradicação da pobreza e da miséria no país? Que políticas sociais são necessárias para atingir esse objetivo? E que políticas não podem faltar no plano de combate à miséria, que será lançado no fim do semestre?

Lena Lavinas – Ainda não sabemos qual é a proposta da presidente. Existe uma intenção do governo federal expressa nas eleições, e desde que Dilma chegou ao governo, fala-se em erradicar a miséria. Sabemos que não é possível acabar com a miséria, mas se conseguirmos torná-la residual, seria o suficiente. Hoje em dia, praticamente 8,5% da população é considerada indigente. Se esse número diminuir para 2%, será melhor. Sei que a presidente reuniu uma equipe muito boa, coordenada pela Dra. Ana Fonseca (Unicamp), uma pessoa muito séria e correta, que tem princípios universalistas. Tenho certeza de que ela fará o melhor.

IHU On-Line – O que a gente pode pescar dos discursos de Dilma?

Lena Lavinas – Existe uma sensibilidade nova no governo para tentar, aproveitando a retomada do crescimento, minimizar os efeitos da miséria e promover a inclusão social.

IHU On-Line – Que políticas sociais são necessárias, então, para minimizar a miséria?

Lena Lavinas – O Brasil precisa de uma política de transferência de renda e ao mesmo tempo garantir a acessibilidade destes indivíduos a tudo àquilo que é necessário para eles terem uma vida digna, terem iniciativa, aproveitarem outras oportunidades. O país tem de garantir que os serviços básicos como saneamento, moradias de qualidade, saúde, educação cheguem a essa população.

IHU On-Line – Os jornais estão polemizando em torno do discurso da presidente enquanto candidata e o discurso atual em relação à pobreza. Antes, se considerava que o Brasil tinha 19,6 milhões de pobres, considerando a renda de R$ 70,00. Hoje, a medida é um quarto do salário mínimo, R$ 136,00, o que significa que o país tem 16 milhões de pobres. Por estes cálculos e discursos, hoje, ficam de fora da linha da pobreza cerca de 3 milhões de pessoas. Como vê essa polêmica?

Lena Lavinas – A medida continua sendo de R$70. A linha de pobreza não pode estar ligada ao salário mínimo, porque toda vez que o salário mínimo sobe, mais pessoas serão consideradas pobres. A linha de pobreza tem de estar associada à renda média da população. A linha de R$70 da indigência e de até R$200 reais de pobreza não está associada ao salário mínimo, é um valor a partir da renda média.

IHU On-Line – O que significa um Brasil sem miséria? Em que medida o Brasil se encaminha para atingir esse cenário?



Lena Lavinas – Não é possível prever quando isso vai acontecer, até porque o processo de inclusão social implica uma sistemática de garantias. O país tem que ter um horizonte, e precisa, antes de tudo, garantir a toda população o direito de receber o benefício monetário. Hoje isto não é garantido a toda a população. É preciso ter uma linha pobreza que esteja compatível com a realidade, a linha de pobreza e de indigentes que o Brasil tem hoje é muito baixa, deveriam ser maior. Também precisamos ter uma política de elevação do gasto público nestas áreas básicas prioritárias necessárias para o conjunto da população e hoje a política orçamentária vem contestar esta prioridade. Temos ainda uma série de coisas para acertar antes de pensarmos que iremos erradicar a miséria.



http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1〈=PT&cod=56886

Racismo nos tribunais

Racismo nos tribunais

Por racismoambiental,


Solange Azevedo, Isto é

O número de casos de discriminação julgados no Brasil vem crescendo e a quantidade de acusados considerados inocentes também – quase 70% deles saem livres do banco dos réus

Quando criança, a cabeleireira Vera Maria da Silva ouviu baterem palmas no portão e foi atender. “Podemos falar com a dona da casa?”, perguntaram dois vendedores de livros. Momentos depois, na presença deles, a mãe de Vera quis saber se a filha havia gostado dos livros. Os rapazes estranharam o questionamento da “dona da casa”, uma mulher branca, e um deles se voltou contra Vera: “Olha, negrinha, você não tem de dar opinião. Quem decide é a sua patroa.” Aquela foi a primeira vez que a cabeleireira lembra ter sido discriminada. Não foi a única. No mês passado, aos 59 anos, Vera diz ter sido xingada de “macaca” e “negra imunda” pelo comerciante Cláudio Kubo, de Sorocaba, no interior paulista, onde mora. Kubo sugeriu, ainda, que ela montasse “num urubu” e voltasse para a África. “Cresci ouvindo essas coisas e nunca tinha tido oportunidade de tomar providências”, conta Vera. “Duas testemunhas do crime prestaram depoimento”, afirma o delegado Fábio Cafisso. Autuado por injúria racial, Kubo foi preso em flagrante. Passou 24 horas na cadeia. Ele alega inocência.

Racismo – assim como injúria racial – é crime no Brasil desde a Constituição de 1988. Injúria é xingamento. Já o racismo fica caracterizado quando a vítima, por exemplo, é impedida de entrar em algum lugar ou preterida numa vaga de trabalho. Embora esse tenha sido um importante avanço na legislação, punir os agressores tem se mostrado complicado. Uma pesquisa do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, revela que os julgamentos de racismo e injúria racial vêm crescendo, mas o número de acusados considerados inocentes também. Depois de passar um pente-fino nos portais dos tribunais de segunda instância de todo o País, o Laeser localizou 84 ações julgadas entre 2005 e 2006. Nos dois anos seguintes, foram 148. Enquanto no primeiro biênio os réus venceram 52,4% dos processos, em 2007 e 2008 eles levaram a melhor em 66,9%.

“Juízes conservadores têm dificuldade de lidar com esses delitos e, às vezes, desqualificam a fala das vítimas”, diz Marcelo Paixão, coordenador do Laeser. “O mito da democracia racial, de que não existiria racismo no Brasil, também pode influenciar os magistrados.” Cleber Julião Costa, pesquisador do Laeser e professor de Direito da Universidade Estadual da Bahia, afirma que muitos processos são mal fundamentados porque os profissionais da área não são bem preparados para trabalhar com a temática. Por isso, na segunda instância, onde as questões técnicas têm mais peso, os réus acabam beneficiados. “Em muitos casos, o juiz muda o tipo penal de racismo para injúria qualificada. Só que o prazo para a suposta vítima propor uma ação por injúria é de 6 meses e, como o tempo de tramitação dos processos é maior do que isso, ela acaba perdendo esse direito”, relata Costa. “Mas, apesar disso, essas ações são importantes porque têm um caráter pedagógico para os réus e para a sociedade.”

Levar esses processos adiante, no entanto, pode ser penoso para as vítimas. Em 2005, durante um jogo, o ex-atacante são-paulino Grafite foi chamado de “negro de merda” e “macaco” pelo zagueiro argentino Leandro Desábato. Depois da partida, disputada no Morumbi e televisionada para vários países, Desábato foi preso em flagrante. Passou dois dias na cadeia. O episódio repercutiu mundialmente e motivou debates sobre o racismo no futebol. Menos de seis meses depois, Grafite desistiu de propor uma ação penal. “Logo depois do jogo, tinha muita gente ao meu lado”, relata Grafite à ISTOÉ. “Mas o tempo foi passando e eu fui ficando sozinho, sem apoio. Minha filha tinha 7 anos e não queria ir à escola porque ficavam perguntando o que eu ia fazer. Fiquei com raiva de ser discriminado naquele dia, mas era muito pior quando eu não era famoso. Eu vendia sacos de lixo e muita gente olhava esquisito quando via um negro batendo no portão.”

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/5/23/racismo-nos-tribunais

Novo Código Florestal permite desmatar mata nativa em área equivalente ao Paraná

Novo Código Florestal permite desmatar mata nativa em área equivalente ao Paraná

Por racismoambiental,

As mudanças nas regras de preservação de mata nativa nas propriedades rurais, que constam do novo Código Florestal aprovado pela Câmara, ampliam em 22 milhões de hectares a possibilidade de desmatamento no País – o equivalente ao Estado do Paraná. O número representa as áreas de reserva legal que poderão ser desmatadas legalmente caso o texto seja aprovado no Senado e sancionado pela presidente. A reportagem é de Andrea Vialli e Afra Balazina e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 29-05-2011.

Os cálculos foram feitos pelo professor Gerd Sparovek, do Departamento de Solos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), com base no texto do relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) e na emenda 164, aprovados na Câmara na terça-feira. A conta leva em consideração a dispensa de recuperação da reserva legal, que é a área, dentro das propriedades rurais, que deve ser mantida com vegetação nativa e varia de 20% a 80% das terras.

O texto aprovado na Câmara agradou à bancada ruralista, mas desagradou às entidades científicas, aos ambientalistas e ao governo – a presidente disse que poderá vetar parte da proposta, que, entre outros pontos, anistia produtores rurais que desmataram até 2008 e diminui as áreas de vegetação nativa em encostas e margens de rios. Também retira a proteção de áreas sensíveis, como restingas e mangues.

“O texto consolida a área agrícola do Brasil exatamente como ela está atualmente”, diz Sparovek. Ele explica que isso atende às reivindicações dos produtores rurais, mas torna difícil a conciliação entre produção agrícola e ambiente. “O novo Código permite que nenhum hectare daquilo que já foi desmatado precise ser restaurado”, analisa.

Além da reserva legal, o novo Código aprovado na Câmara também retira proteção das Áreas de Preservação Permanente, as APPs, que são as margens de rios, encostas, topos e morros e vegetação litorânea, como mangues e restingas. Segundo o texto de Rebelo, as APPs ocupadas com agricultura ou pecuária não precisam mais ser recuperadas com vegetação nativa.

A falta de proteção, especialmente nas encostas, preocupa o governo. O Ministério do Meio Ambiente elaborou, em fevereiro, um documento que mostra a relação entre a ocupação irregular de topos de morro e margens de rios na região serrana do Rio e a tragédia ocorrida em janeiro com as chuvas e deslizamentos de terra na área. Cerca de 900 pessoas morreram.

O relatório foi distribuído aos deputados federais na terça-feira, antes da votação da reforma do Código Florestal. “O que preocupa é o bem-estar da população. Essa questão do direito adquirido de ocupar uma área com produção agrícola ou moradia é muito complicada. Pergunte a uma pedra que cai da montanha ou ao rio que sobe se eles observam o direito adquirido”, afirma Wigold Schäffer, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) a serviço do ministério.

Mangues

Tasso Azevedo, ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e consultor do Ministério do Meio Ambiente, aponta prejuízos aos mangues como consequência do projeto que passou na Câmara. Hoje eles não podem ser ocupados, mas não terão qualquer tipo de proteção se o Código aprovado for implementado.

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), afirma que o texto aprovado na Câmara faz justiça ao produtor rural, que desmatou em uma época em que isso era permitido.

Segundo ela, existem em torno de 20 milhões de hectares de plantações localizadas em áreas de preservação, especialmente em margens de rios. “Não existe anistia a desmatador. O texto assegura que quem tem plantação em morros e várzea não vai ter de arrancar tudo de lá. É fazer justiça ao produtor”, ressalta.

PARA ENTENDER

Pelo Código Florestal atual, deve-se preservar a vegetação nas margens de rios em no mínimo 30 metros. Pela proposta aprovada na Câmara, onde a mata ciliar foi desmatada poderá ser feito o reflorestamento de somente 15 metros. Isso pode provocar aumento da erosão e assoreamento dos rios.

Hoje, há restrições para a agricultura e pecuária em encostas com alto declive (entre 25° e 45°) e o projeto libera essas atividades nas áreas citadas. O Ministério do Meio Ambiente está preocupado, pois diz que a ocupação da região serrana do Rio, por exemplo, foi agravada pela ocupação irregular de morros e margens de rios.

O Código aprovado pela Câmara na terça-feira também permite que proprietários de terras de até 4 módulos fiscais (entre 20 e 400 hectares) fiquem isentos de preservar mata nativa.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=43760

Saúde divulga resultados de sífilis e HIV em população indígena

Saúde divulga resultados de sífilis e HIV em população indígena

Por racismoambiental,

Em três anos, projeto inédito testou 45 mil índios que vivem em aldeias (representando 54,7% da população indígena do Amazonas e Roraima). Meta é levar o teste para outras comunidades indígenas

Uma pesquisa baseada no uso inédito de uma tecnologia para testagem de Sífilis e HIV permitiu rastrear a prevalência dessas doenças na população indígena do Amazonas e Roraima. Antes, os pacientes precisavam ser removidos para as áreas urbanas. Agora, em 20 minutos, na própria aldeia é obtido o resultado – a mesma tecnologia será utilizada em gestantes em todo o país, por meio da Rede Cegonha (veja abaixo).

Com o diagnóstico, foi possível o início imediato do tratamento para esses pacientes. A ação é uma parceria da secretarias Especial de Saúde Indígena (Sesai) e de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, da Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta (FUAM), da Fundação Bill & Melinda Gates e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os resultados estão sendo apresentados durante o I Encontro de Participantes do Projeto de Teste Rápido nos dias 24 e 25 de maio, em Manaus.

De acordo com o secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, o projeto buscou vencer as barreiras geográficas para diagnóstico destes agravos. É a primeira vez que o teste rápido para sífilis é utilizado no país. “O sucesso desse trabalho só foi possível graças à parceria com as entidades envolvidas e os profissionais de saúde, que não mediram esforços para colher as amostras e tabular os dados com qualidade. As comunidades escolhidas estão em áreas de difícil acesso, com algum interelacionamento dentro e fora da comunidade”, destacou. As áreas onde a sífilis apresentou maior prevalência foram na região do Alto Solimões e do Vale do Javari, localizadas na região da Tríplice Fronteira, situação de facilita o contato com não-indígenas.

Ainda de acordo com a pesquisa, fatores externos e internos foram apontados como causadores desta vulnerabilidade indígena. Entre os externos estão a ocupação ilegal de não indígenas, turismo e a presença de organizações não governamentais. Os fatores internos apontados pelos pesquisadores são o desconhecimento sobre DST/Aids, uso de álcool, presença de comunidades indígenas em centro urbanos, migrações, restrições de uso de preservativo e festividades com presença de não indígenas.

RESULTADOS

De acordo com o estudo, a prevalência de sífilis na população indígena avaliada foi 1,43% – um índice considerado elevado pelos pesquisadores. A prevalência de HIV foi de 0,1% na população testada, baixa quando comparada a população geral do país (0.6%). Em gestantes indígenas, o percentual de sífilis foi 1,03% um pouco mais baixa que as taxas encontradas em gestantes que moram nos grandes centros urbanos (1,6%); já a prevalência de HIV foi de 0,08%.

Até o momento, foram testados 45.612 indígenas, acima de 10 anos de idade, o que representa 54,7% da população indígena de Amazonas e Roraima. No total, serão testados pelo projeto, 83.311 indígenas destes dois estados, atingindo 100% da população dos dois estados correspondendo a 195 etnias espalhadas em áreas indígenas. A intenção da Sesai é ampliar a testagem para outras comunidades indígenas do país ainda este ano, devido ao contato dos índios com os não-índios. A primeira etapa do projeto termina em 30 julho.

O PROJETO

Em 2008, a Fundação Bill e Melinda Gates financiou sete projetos em vários países para expandir o diagnóstico e tratamento da sífilis em populações vulneráveis. No mesmo ano, foi selada uma parceria com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais/SVS/MS para detecção de HIV e sífilis. O projeto enfocou as populações indígenas nos estados do Amazonas e Roraima. As áreas foram escolhidas por estarem em localidades remotas ou de difícil acesso, e englobam nove Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (DSEIs): Alto Solimões (sede em Tabatinga), Alto Rio Negro (sede em São Gabriel da Cachoeira), Manaus, Parintins, Purus (sede em Lábrea), Médio Solimões (sede em Tefé), Vale do Javari (sede em Atalaia do Norte), Leste Roraima e Yanomami (ambos com sede em Boa Vista).

O Departamento de DST/Aids forneceu todos os testes rápidos de HIV utilizados no projeto. Coube a Sesai o treinamento dos 509 profissionais envolvidos, a realização dos testes nas comunidades, compilação e comunicação dos dados à FUAM, o fornecimento de penicilina para o tratamento da sífilis e os custos de transporte das equipes. A FUAM ficou responsável pelo fornecimento dos testes rápidos de sífilis (inéditos no país), a elaboração do projeto, a execução do controle de qualidade, a coordenação logística e o fornecimento de todos os outros insumos necessários para a realização da pesquisa. Além disso, houve um apoio Fundação Bill Gates que doou US$ 500 mil para a implementação do projeto.

REDE CEGONHA E TESTE SÍFILIS

A mesma tecnologia de testagem para sífilis será utilizada para gestantes em todo o país, por meio do Rede Cegonha. Em 2008, prevalência da sífilis foi de aproximadamente sete mil grávidas. Isso poderá evitar a transmissão da doença ao bebê (ou seja, a sífilis congênita, cuja taxa de incidência, em 2008, foi de 1,8 caso/mil nascidos vivos). A doença, quando não provoca a morte do bebê, pode causar problemas auditivos, visuais e neurológicos à criança. Toda a estratégia da Rede Cegonha prevê um investimento de R$ 9,4 bilhões até 2014. O objetivo é qualificar toda a rede de assistência obstétrica (às mulheres) – com foco na gravidez, no parto e pós-parto – como também infantil (às crianças) até o segundo ano de vida.

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/saude-divulga-resultados-de-sifilis-e-hiv-em-populacao-indig_11249

O Agradecimento

O Agradecimento

O povo partiu em marcha pelo deserto, e não tardou, começou a se queixar da falta da carne, a qual tinha acesso no Egito. Muito pressionado, Moisés foi ao Eterno, e mais uma vez recebeu um milagre. Mas desta vez, lhes foi enviada carne em tal quantidade que todos se enfastiaram, passando a se lamentar pelo enjôo do excesso. Eles já estavam livres do chicote, mas ainda carregavam o espírito da escravidão dentro deles.

Esta história não poderia ser mais atual. Este sentimento de não ter recebido o suficiente, e de precisar sempre de mais, é a tônica na vida da maioria das pessoas. E o resultado final é sempre o mesmo. O lamento, por não ter recebido o suficiente, ou por não saber o que fazer com o excesso.

Mas podemos romper com este mecanismo e para isto basta perceber a benção que é poder fazer parte da existência: Aqui, Agora. Essa semana nos livramos da cultura do “quero mais” e trocamos o lamento pelo agradecimento. Obrigado!!!!

Shalom!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Portal de Geoprocessamento da Funai dá acesso a mapas de terras indígenas

Portal de Geoprocessamento da Funai dá acesso a mapas de terras indígenas

Por racismoambiental,

Portal de Geoprocessamento da Funai dá acesso a mapas de terras indígenas

O site da Funai conta agora com uma nova seção, o Portal de Geoprocessamento, que oferece novos mapas e informações geográficas sobre as terras indígenas no Brasil

O site da Funai conta agora com uma nova seção, o Portal de Geoprocessamento, que oferece novos mapas e informações geográficas sobre as terras indígenas no Brasil. Desenvolvido pela Coordenação Geral de Geoprocessamento da Funai, o portal pode ser acessado pelo link “Mapas” – no menu localizado na parte esquerda da página inicial do site da Funai – ou diretamente – pelo endereço eletrônico . http://mapas.funai.gov.br.

Entre os novos serviços disponibilizados no portal, está o aplicativo de visualização de mapas i3Geo. Os mapas disponibilizados pelo programa mostram com precisão a localização das terras indígenas e área ocupada por elas, bem como a localização das Coordenações Regionais e Coordenações Técnicas Locais da Funai.

O programa permite também acessar a base de dados de outras instituições e criar mapas interativos combinando as informações sobre terras indígenas com outros mapas, como limites municipais, hidrografia, localização de unidades de proteção ambiental, rodovias etc. É possível também visualizar a localização das terras indígenas nas imagens de satélite do Google Maps ou do Google Earth.

O aplicativo pode ser acessado diretamente pelo endereço http://mapas2.funai.gov.br/i3geo.

O i3Geo é um aplicativo desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente, com base em softwares livres, para o acesso e análise de dados geográficos utilizando a web.

Maior desmatamento detectado pelo Inpe fica dentro de terra indígena

Maior desmatamento detectado pelo Inpe fica dentro de terra indígena

Por racismoambiental,

O maior foco de desmatamento detectado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em abril na Amazônia Legal é uma área de 68,8 km² dentro da Terra Indígena Maraiwatsede, em Mato Grosso – o equivalente a 43 vezes o Parque Ibirapuera, em São Paulo. A reserva é palco de uma disputa entre fazendeiros e índios xavantes.

Segundo informações do Inpe, as imagens de satélite dão a impressão de que se trata de uma área que vem sendo degradada há algum tempo, visto que um polígono semelhante a esse foi detectado em setembro de 2009. A imensa área fica próxima à única aldeia xavante dentro dessa terra.

Imagem do Inpe mostra, marcada com linha amarela, o alerta de desmatamento na Terra Indígena Maraiwatsede. O círculo vermelho, acrescentado pelo Globo Natureza, indica a localização da aldeia xavante. (Foto: Inpe)Imagem do Inpe mostra, marcada com linha amarela, o alerta de desmatamento na Terra Indígena Maraiwatsede. O círculo vermelho, acrescentado pelo Globo Natureza, indica a localização da aldeia xavante. (Foto: Inpe/Divulgação)

A Terra Maraiwatsede tem uma história problemática. Nos anos 60, os índios xavantes que ali habitavam foram transferidos para outras regiões pelo governo militar, para darem espaço a um projeto agrícola. Na época da Eco 92, a empresa proprietária da fazenda criada no local decidiu devolver a área aos xavantes. No entanto, posseiros dos arredores ocuparam a terra antes que a volta dos indígenas ocorresse.

Em 1998, veio a homologação da terra e o reconhecimento do direito dos xavantes à reserva. Mas até hoje há disputas judiciais em que os fazendeiros, que seguem na terra indígena, questionam sua saída da região.

Enquanto não saem, os posseiros seguem desmatando a terra indígena para aumentar sua produção. Na semana retrasada, um grupo de 125 indígenas invadiu uma das fazendas que, segundo alegam, estaria arrendando terras para a formação de mais pasto.

Transferência
Na semana passada, na tentativa de dar uma solução ao conflito entre fazendeiros o governo de Mato Grosso entregou ao Ministério da Justiça um documento propondo a transferência da reserva indígena para uma nova área, também localizada na região do Araguaia. A Funai, órgão subordinado ao ministério, que é responsável pela questão indígena no país, logo em seguida publicou um comunicado rechaçando essa possibilidade.

“A proteção constitucional garantida às terras indígenas veda qualquer possibilidade de transação das áreas reconhecidas como de uso tradicional, visto que são indispensáveis à sobrevivência física e cultural dos povos indígenas, nos termos do artigo 231 da Constituição Federal”, argumenta a Funai.

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/05/maior-desmatamento-detectado-pelo-inpe-fica-dentro-de-terra-indigena.html

domingo, 22 de maio de 2011

No Deserto

No Deserto
A porção desta semana, a primeira do livro de Números, descreve um momento em que o Eterno pede a Moisés para contar toda a congregação, em meio a sua caminhada pelo Deserto.

Muitos são os códigos por trás das contagens do censo. É evidente que aquele a que tudo criou não precisava de ninguém para contar as tribos. Mas o censo acontece em um momento fundamental. A contagem possibilitava a cada ser humano lembrar de sua importância, ao mesmo tempo que criava uma identidade de grupo.

Atravessar o deserto não é fácil. É preciso força para iniciar a travessia rumo à uma terra prometida. Não falamos de um lugar geográfico, mas de uma nova dimensão de vida: um estado desperto de consciência.

Nesta semana saímos do isolamento e nos reconhecemos como elementos de um grupo que busca algo relevante e não perecível. Há um longo deserto pela frente, mas o atravessamos com a certeza de que não estamos sós.

Shalom!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Inquérito apura irregularidades no transporte de suposto material radioativo nos municípios de Caetité e Guanambi-BA

Inquérito apura irregularidades no transporte de suposto material radioativo nos municípios de Caetité e Guanambi



Desde a última segunda-feira, 16 de maio, o MPF encaminhou um ofício à Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), requisitando informações sobre a carga radioativa

O Ministério Público Federal (MPF) em Guanambi (BA) instaurou ontem, 19 de maio, inquérito civil público a fim de apurar supostas irregularidades na recepção, transporte e comercialização de carga radioativa no Município de Caetité (BA) e Guanambi por parte das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB). Na última segunda-feira, 16 de maio, quando se teve notícia do problema, o procurador da República Cláudio Gusmão encaminhou um ofício à INB, requisitando informações sobre o material radioativo.

Em denúncia ao MPF, a Promotoria de Justiça da Comarca de Caetité (BA) e entidades da sociedade civil organizada noticiaram a preocupação com a natureza da carga de nove contêineres, que encontra-se retida no município de Guanambi, devido a protestos dos moradores e representantes de ONGs locais, sob a suspeita de tratar-se de lixo radioativo.

O MPF deve solicitar, ainda hoje, informações detalhadas e atualizadas acerca da retenção da carga ao 17° Batalhão de Polícia Militar, em Guanambi, onde o material está retido. O órgão vem participando de todas as audiências e reuniões realizadas desde então a fim de pôr fim ao impasse. Um servidor foi designado para participar da reunião realizada no dia 17, na sede da Prefeitura de Caetité, e da inspeção promovida ontem, 18 de maio, com o objetivo de tratar do assunto.

Fonte: Ministério Público Federal na Bahia

quarta-feira, 18 de maio de 2011

ONU: Piden crear Observatorio de Mujeres Indígenas contra la Violencia

ONU: Piden crear Observatorio de Mujeres Indígenas contra la Violencia

Por racismoambiental,

El Foro Internacional de Muieres Indigenas pidió promover y apoyar la creación y consolidación de un Observatorio de Mujeres Indígenas contra la Violencia liderado por las propias mujeres indigenas.

El obietivo del observatorio será monitorear, sistematizar y documentar información sobre manifestaciones de violencias contra mujeres indigenas “aportando mayor visibilidad al tema e incidiendo en los espacios de toma de decisión”.

Así lo expuso la lideresa indígena de Guatemala Otilia Lux de Coti en una intervención realizada en la décima sesión del Foro Permanente para las Cuestiones Indígenas que se celebra del 16 al 27 de mayo en la sede de las Naciones Unidas, en New York.

Otilia propuso también redoblar la asignación de recursos materiales, financieros y humanos con el fin de erradicar las diferentes manifestaciones de violencia y en particular la mortalidad matema entre las mujeres indigenas.

Se debe “valorar y retribuir el trabajo de las mujeres indigenas que se ocupan de la prevención de la violencia, la reparaci6n emocional y el cuidado de la salud fisica y mental de las mujeres y niños que han sufrido violencia” expresó.

La intervención realizada en el tema del desarrollo económico y social se sustentó en la necesidad de que las mujeres indígenas tengan acceso “a una vida libre de violencia, con autonomía, desanollando el empoderamiento económico, sin dividir lo público y lo privado”.

“Las mujeres indígenas, no somos grupo vulnerable, no somos minorías, las mujeres indigenas somos sujetos de derechos, incluyendo derechos económicos y políticos y agentes económicas, agentes reproductoras de vida, de cultura, de identidades, de conocimientos y de memoria histórica” afirmó Lux de Coti.

Intervención completa de Otilia Lux de Coti

  • Distinguidos Miembros del Foro Permanente para las Cuestiones Indigenas de las Naciones Unidas,
  • Distinguidos representantes de los Estados Miembros,
  • Agencias de las Naciones Unidas,
  • Lideres y lideresas indigenas,
  • Distinguidos representantes

Como Foro Intemacional de Mujeres Indigenas -red internacional que articula organizaciones regionales y nacionales de Amdrica, Asia y África- quisiera en primer lugar felicitar a la hermana Mirna Cunningham como nueva presidenta electa del Foro Permanente y expresar nuestro apoyo y compromiso a su gestión.

En esta sesión, donde el Foro Permanente estará analizando las recomendaciones sobre desarrollo económico y social, es importante resaltar que las mujeres indigenas contribuyen a las economías nacionales con el manejo y protección de los recursos naturales, la producción de alimentos y la soberanía alimentaria, la atención a la salud reproductiva, la transmisión de saberes tradicionales, el cuidado de los niños, niñas y mayores, entre otros aspectos.

Sin embargo aún el dia de hoy, cuando se trata el tema de mujeres indigenas, se caracterizan como grupos vulnerables, o bien se incorporan en esa frase tan repetida: “niños, jóvenes y mujeres indígenas…”.

Las mujeres indígenas, no somos grupo vulnerable, no somos minorías, las mujeres indigenas somos sujetos de derechos, incluyendo derechos económicos y políticos y agentes económicas, agentes reproductoras de vida, de cultura, de identidades, de conocimientos y de memoria histórica.

En este contexto si analizamos los obstáculos estructurales para el desarrollo desde las propia perspectiva de las mujeres indigenas, es necesario hacer un llamado de atención sobre el tema de la violencia.

Para lograr el desarrollo económico y social es necesario que las mujeres indígenas tengamos acceso a una vida libre de violencia, con autonomía, desarrollando el empoderamiento económico, sin dividir lo público y lo privado, identificando los tipos de violencia y sobre todo partiendo de nuestra visión, de nuestras lógicas, de nuestra cultura, de nuestros saberes, experiencias y nuestras propuestas.

Frente a esta situación el Foro Internacional de Mujeres Indigenas recomienda:

A los Estados, a los organismos financieros de cooperaci6n multi y bilaterales, a UNFPA, ONU MUJERES y otras agencias de Naciones Unidas:

1. Reconocer a las mujeres indígenas como portadoras de recursos y capacidades, como agentes activas de la economía y como sujetos de derechos económicos y politicos.

2. Asignar recursos financieros y diseñfar mecanismos y procesos culturalmente pertinentes para fortalecer las organizaciones y redes de mujeres indígenas construyendo liderazgos, capacidades e impulsando empoderamiento económico como una estrategia para acceder a una vida libre de violencia, con libertad y autonomía.

3. Promover y apoyar la creación y consolidaci6n de un Observatorio de Mujeres Indígenas contra la Violencia liderado por las propias mujeres indígenas con el objetivo de monitorear, sistematizar y documentar información sobre manifestaciones de violencias contra mujeres indígenas aportando mayor visibilidad al tema e incidiendo en los espacios de toma de decisi6n.

4. Desarrollar un mecanismo de articulación entre los organismos institucionales y los mecanismos comunitarios, para redoblar la asignación de recursos materiales, financieros y humanos con el fin de erradicar las diferentes manifestaciones de violencia y en particular la mortalidad matema entre las mujeres indígenas.

5. Valorar y retribuir el trabajo de las mujeres indígenas que se ocupan de la prevención de la violencia, la reparación emocional y el cuidado de la salud física y mental de las mujeres y niños que han sufrido violencia. Para lograrlo se requiere de políticas y programas apropiados recomendados por la CEDAW y por la Convención de Belen Do Para.

6. Documentar las experiencias y las buenas prácticas que se han desanollado en diversos espacios, experiencias valiosas muchas de éstas que han surgido de los espacios comunitarios.

7. Promover la ciudadanía de las mujeres indígenas en el ámbito del ejercicio de poder a fin de lograr la representación politica y paritaria en los espacios de decisión a todo nivel en nuestros paises. Esto permitiria el desarrollo de nuestros pueblos y de las mujeres indigenas.

Para concluir, resaltamos el compromiso del Foro Internacional de Mujeres Indigenas y nuestro apoyo para el cumplimiento de las recomendaciones adoptadas por el Foro Permanente para las Cuestiones Indigenas de las Naciones Unidas en la lucha por el pleno ejercicio de los derechos de las mujeres indígenas.

http://servindi.org/actualidad/45058?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+Servindi+%28Servicio+de+Informaci%C3%B3n+Indigena%29

Governador ordenou ida da Tropa de Choque para desobstruir BR-163

Governador ordenou ida da Tropa de Choque para desobstruir BR-163

Por racismoambiental,

Eles fazem parte da Tropa de Choque, unidade ligada à Cigcoe, e já estão na rodovia, a dois quilômetros de onde estão os índios.

O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), informou nesta manhã que ordenou a ida de homens da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) para a desobstrução da BR-163, bloqueada por índios na nação Terena, desde as 4h.

Puccinelli disse, ao participar da formatura de policiais militares, nesta manhã, que determinou a desobstrução “com ou sem imprensa”. A decisão, segundo ele, foi para garantir o direito de ir e vir das pessoas que usam a via,uma das principais do Estado.

O secretário de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, afirmou que, como se trata de uma rodovia federal, cuja fiscalização é feita pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), sãos os policias da corporação que farão a negociação para desocupar a pista. Os homens da Cigcoe vão dar apoio à ação, segundo o secretário.

Eles fazem parte da Tropa de Choque, unidade ligada à Cigcoe, e já estão na rodovia, a dois quilômetros de onde estão os índios.

O bloqueio Cerca 300 índios estão no local. A pista foi fechada com pneus e no acostamento há uma fogueira para espantar o frio. No ponto do bloqueio, só estão os indígenas e a PRF.

O local do protesto foi isolado por barreiras policiais, tanto no sentido Campo Grande/ Cuiabá, quanto no caminho inverso. A partir da Capital, a primeira barreira policial é no anel viário, próximo ao bairro Nova Lima. A segunda barreira foi montada a 200 metros do ponto de interdição. Conforme a PRF, o congestionamento no sentido Cuiabá a Campo Grande passa de 10 km.

O protesto é para exigir a demarcação da terra indígena Buriti, em Sidrolândia. São,no total, 17 mil hectares, já reconhecidos mais ainda em posse dos fazendeiros em sua maioria. Uma das fazendas que faz parte da terra, a 3R, em Sidrolândia, está ocupada por índios, desde o dia 10, e uma decisão de segunda-feira da Justiça Federal determinou a desocupação da área.

http://www.coximagora.com.br/?p=9541

A discriminação no Brasil é étnica, social e regional

A discriminação no Brasil é étnica, social e regional

Por racismoambiental,

Emir Sader

O processo de ascensão social de massas, inédito no Brasil, volta a promover formas de discriminação. A política – de sucesso comprovado – de cotas nas universidades, a eleição de um operário nordestino para Presidente da República – igualmente de sucesso inquestionável -, a ascensão ao consumo de bens essenciais que sempre lhes foram negados – fenômeno central no Brasil de hoje -, provocaram reações de discriminação que pareciam não existir entre nós.

A cruel brincadeira de repetir um mote das elites – “O Brasil não tem discriminação porque os negros conhecem o seu lugar” – mostra sua verdadeira cara quando essas mesmas elites sentem seus privilégios ameaçados. Setores que nunca se importavam com a desigualdade quando seus filhos tinham preparação sistemática para concorrer em melhores condições às vagas das universidades públicas, passaram a apelar para a igualdade na concorrência, quando os setores relegados secularmente no Brasil passaram a ter cotas para essas vagas.

Professores universitários – incrivelmente, em especial antropólogos, que deveriam ser os primeiros a lutar contra a discriminação racial -, músicos – significativa a presença de músicos baianos, que deveriam ser muito mais sensíveis que os outros à questão negra -, publicaram manifesto contra a política de cotas, em nome da igualdade diante da lei do liberalismo.

A vitória da Dilma, por sua vez, provocou a reação irada e ressentida de vozes, especialmente da elite paulistana, contra os nordestinos, por terem sido os setores do país que pela primeira vez são atendidos em seus direitos básicos. Reascendeu-se o espírito de 1932, aquele que orientou o separatismo paulista na reação contra a ascensão do Getúlio e de suas politicas de democratização econômica e social do Brasil. Um ranço racista, antinordestino, aflorou claramente, dirigidos ao Lula e aos nordestinos, que vivem e constroem o progresso de São Paulo, e aos que sobreviveram à pior miséria nacional no nordeste e hoje constroem uma região melhor para todos.

A discussão sobre o metrô em Higienópolis tem a vem com a apropriação privilegiada dos espaços urbanos pelos mais ricos que, quando podem, fecham ilegalmente ruas, se blindam em condomínios privados com guardas privados. A rejeição de pessoas do bairro – 3500 assinaturas – à estação do metrô expressava o que foi dito por alguns, sentido por todos eles, de impedir que seja facilitado o acesso ao bairro – a que mesmo seus empregados particulares tem que chegar tomando 2 ou 3 ônibus -, com a alegação que chegariam camelôs, drogas (como se o consumo fosse restrito a setores pobres), violência, etc.

Nos três tipos de fenômeno, elemento comum é a discriminação. Étnica, contra os negros, na politica de cotas; contra os nordestinos, nas eleições; na estação do metrô, contra os pobres.

Os três níveis estão entrelaçados historicamente. Fomos o último país a terminar com a escravidão, por termos passado de colônia à monarquia e não à república. Adiou-se o fim da escravidão para o fim do século. No meio do século XIX foi elaborada a Lei de Terras, que legalizou a propriedade – via grilagem, em que em papel forjado é colocado na gaveta e o cocô do grilo faz parecer antigo. Quando terminou finalmente a escravidão, todas as terras estavam ocupadas. Os novos cidadãos “livres” deixaram de ser escravos, mas não foram recompensados nem sequer com pedaços de terra. Os negros livres passaram a se somar automaticamente à legião de pobres no Brasil.

O modelo de desenvolvimento, por sua vez, concentrador de investimentos e de renda, privilegiou o setor centro sul do Brasil, abandonando o nordeste quando se esgotou o ciclo da cana de açúcar. Assim, nordestino, esquematicamente falando, era latifundiário ou era pobre. Esse mesmo modelo privilegiou o consumo de luxo e a exportação como seus mercados fundamentais, especialmente com a ditadura militar e o arrocho salarial.

A discriminação dos negros, dos nordestinos e dos pobres foi assim uma construção histórica no Brasil, vinculada às opções das elites dominantes – em geral brancas, ricas e do centro-sul do pais. A discriminação tem que ser combatida então nas suas três dimensões completamente interligadas: étnicas, regionais e sociais. O fato do voto dos mais pobres (que inclui automaticamente os negros) e dos nordestinos estar na base da eleição e reeleição do Lula e na eleição da Dilma, com os avanços sociais correspondentes, só acirram as reações das elites. Discriminações que tem que ser combatidas com politicas publicas, com mobilizações populares e também com a batalha no plano das idéias.

http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=704

Acadêmico indígena de Direito apresenta TCC

  1. Acadêmico indígena de Direito apresenta TCC

Por racismoambiental,

Na próxima sexta-feira, dia 20 de maio, o representante dos acadêmicos indígenas da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Luiz Henrique Eloy Amado apresenta sua monografia, na sala da coordenação do curso de Direito, no Bloco C da UCDB, às 10h30. O tema do trabalho do formando em Direito é “O Supremo Tribunal Federal como `construtor’ da Constituição Federal: análise das condicionantes impostas para demarcação de terras indígenas”. Na banca estarão o orientador Ms. Maucir Pauletti e os examinadores Dr. José Manfroi e Ms. Evandro Silva Barros.

Indígena da etnia Terena, nascido na aldeia Ipegue, em Taunay, distrito de Aquidauana, Luiz é um dos acadêmicos que integram o Rede de Saberes, um projeto que apoia a permanência de indígenas no ensino superior, desde 2005, com recursos da Fundação Ford. O Rede de Saberes é desenvolvido por meio de uma parceria entre a UCDB, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul de Aquidauana (UFMS).

Hoje, o Rede alcança aproximadamente 600 indígenas, em Mato Grosso do Sul. O projeto promove eventos para o debate de questões que abrangem a educação indígena, estimula e orienta a iniciação científica, têm laboratórios de informática, oferece cursos de extensão, monitorias e auxilia na cópia e impressão de material. Luiz é um dos muitos acadêmicos que têm ou tiveram sua trajetória acadêmica marcada pela presença do Rede de Saberes. O formando foi bolsista de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) durante três ciclos.

Da aldeia para a universidade – desconstruindo preconceitos

Em 2006, Luiz entrou para o curso de Direito na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Segundo ele, foi este o período mais difícil, pois morou longe dos pais tendo poucos recursos financeiros. Passado um semestre, conseguiu vaga na UCDB e passou a morar com a mãe que a pouco morava em Campo Grande. Desde então, as dificuldades anteriores foram superadas e iniciava-se uma nova etapa, trazendo outros desafios.

“No início do curso, quando o professor propôs um debate sobre as cotas eu me apresentei. Os colegas ficaram espantados e até o professor, quando me identifiquei como indígena e bolsista do Programa Universidade para Todos (ProUni) e contei que havia nascido e estudado na aldeia. Uma colega de turma chegou a dizer que não considerava capaz quem entrava pelas cotas ou estudara em aldeia indígena”, contou o acadêmico. Este pensamento preconceituoso não era muito diferente do demonstrado pela maioria dos alunos com quem Luiz estudaria a partir de então. Porém, a presença dele na universidade desafiou os colegas a repensar as questões indígenas ou, ao menos, emitir essas opiniões com maior respeito. Hoje, muitos superaram o espantamento diante da presença de indígenas na universidade.

Esta mensagem foi enviada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas da Universidade Católica Dom Bosco (Neppi/UCDB), www.neppi.org – 3312 3590.

Adição de cachaça em bebida tradicional agravou alcoolismo entre indígenas, diz estudo

Adição de cachaça em bebida tradicional agravou alcoolismo entre indígenas, diz estudo

Por racismoambiental,

Caxiri, bebida tradicional dos índios do Alto Rio Negro, consumida em comemorações, não tem teor alcóolico mas seu preparo leva fermentação

Elaíze Farias

A adição de álcool (sobretudo o derivado da cachaça) e açúcar industrializado no caxiri, bebida tradicional da região do Alto Rio Negro, no Amazonas, vem contribuindo para aumentar o alcoolismo entre a população indígena daquela localidade.

Este dado integra resultado de uma pesquisa preliminar realizada desde o início deste ano na zona urbana do município de São Gabriel da Cachoeira (a 851,23 quilômetros de Manaus).

A psicóloga Ana Délia Oliveira, uma das coordenadoras da pesquisa, diz que este resultado merece uma análise e uma reflexão, pois o caxiri pode estar sendo um estimulante para que o indivíduo, especialmente indígena, torne-se um dependente de álcool.

A pesquisa, que ainda terá uma segunda etapa, foi realizada por uma equipe multidisciplinar da Secretaria Municipal de Saúde de São Gabriel da Cachoeira e da Diocese do município.

O estudo pretende fazer um diagnóstico sobre o consumo de álcool e drogas entre os indígenas que vivem na zona urbana do município.

Nesta primeira etapa, foram aplicados 500 questionários, entre eles o item dedicado ao caxiri.

Entre os que responderam as questões, 75% das pessoas afirmaram que consomem álcool e drogas ilícitas.

Fermentação

O estudante de mestrado João Paulo Barreto, da etnia tukano e nascido na região de São Gabriel da Cachoeira, confirma que o consumo de caxiri com álcool aumentou nos principais centros urbanos do município, entre eles o Distritos de Iauaretê e de Pari-Cachoeira.

Ele não sabia, contudo, que este quadro também se repetia com relevância na zona urbana de São Gabriel da Cachoeira.

Conforme Barreto, o caxiri tradicional, consumido em festas coletivas, não tem teor alcoólico e leva apenas mandioca fermentada durante dias.

No preparo, a bebida também leva diferentes produtos, como batata e pupunha, além de cana-de-açúcar para dar o sabor.

“Provavelmente para o efeito de fermentação ficar mais rápido estão colocando álcool. E para ficar forte, colocam açúcar”, disse.

João Paulo Barreto esclarece que o consumo de álcool e drogas entre os indígenas é historicamente elevado, mas que as causas são, na maioria das vezes, sociais e reflete a faltam de perspectiva profissional e econômica da população.

“Os mais jovens vão para a cidade para estudar e os pais acompanham. Chegando lá, entram em contato com outras pessoas, e quando terminam os estudos não têm o que fazer. Não tem emprego. Ficam sem alternativa”, disse.

O antropólogo Raimundo Nonato Pereira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), salienta que o caxiri “não pode ser criminizado” por conta dessa constatação.

“Isto ocorre não de forma generalizada. Nas comunidades alguns membros das comunidades conseguem burlar a fiscalização da Funai. Mas não ocorre em todas, porque a própria comunidade condena. Isso é mais comum nos centros urbanos”, disse ele.

São Gabriel da Cachoeira é o município com maior população indígena do país. Na região vivem 23 etnias diferentes, a maioria delas com línguas próprias, com domínio do tukano, baniwa e nheengatu.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=384304

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sobre o código florestal e a pressão externa

Sobre o código florestal e a pressão externa


Muitos argumentam que o ambientalismo é uma nova forma de colonialismo. De certa forma têm razão, pois os argumentos, os fundos e a ideologia vêm, normalmente, do exterior. Dizem também que países que devastaram seus próprios ambientes naturais não têm moral alguma para criticar o Brasil e outros países que ainda mantêm boa parte de sua cobertura vegetal preservada. Novamente estão certos. O problema é que, a partir dessas duas verdades bem expostas, chegam a uma conclusão falsa: já que os outros países, os desenvolvidos, destruíram o ambiente para crescerem economicamente, nós também temos o direito de fazer o mesmo. É aí que está o engano.

A partir desse raciocínio estabelecem um lógica dual: quem for contrário a esse modelo de desenvolvimento está a favor dos interesses externos que querem impedir o desenvolvimento do Brasil. Ora, o mundo não é tão simples assim. Primeiro, há várias formas de enxergar o desenvolvimento. Segundo, há diversos atores no cenário nacional que são ao mesmo tempo contra o colonialismo e a degradação ambiental. Pensemos, por exemplo, nos conceitos sobre o “viver bem” presentes em muitos culturas indígenas. Entendem que o país pode se desenvolver de outras formas e que a lógica econômica não deve ditar a linha de todas as ações humanas. Afinal, existe algo além da economia.

A chave do problema está justamente na mentalidade colonial ainda muito presente em nossa sociedade. Sérgio Buarque de Holanda tinha razão quando apontou a inércia e a preguiça como traços fundamentais da formação do Brasil. Olhamos para os países desenvolvidos e queremos ser como eles, usar as suas roupas, falar sua língua, aplicar os seus modelos, sem levar em conta as nossas próprias características. É uma imitação rasteira. Um exemplo típico disso são as roupas dos executivos: ternos e gravatas engomados num calor de mais de 40°C realmente faz todo sentido!

Queremos imitar inclusive as maiores idiotices desses países, como a devastação ambiental e até mesmo o imperialismo! Esquecemos, contudo, que nunca seremos os Estados Unidos ou a Holanda, pelo mesmo e simples motivo que eu não serei o George Bush ou o chefe da Igreja Ortodoxa. Somos diferentes na essência e na história. Os próprios renascentistas já tinham percebido a especificidade de cada época e lugar, a especificidade de cada indivíduo. Ora, se é assim, porque insistimos em copiar modelos? Até quando tentaremos ser a Nova Europa? Quando pararemos de querer construir o velho mundo nesse nosso já não tão novo?

Pois bem, os próprios herdeiros dessa mentalidade colonial, os ruralistas, querem agora acusar os que pensam diferente deles de colonialistas. Sérgio Buarque de Holanda, novamente ele, mostrou também como os senhores de engenho se tornaram os novos fazendeiros que, por sua vez, se tornaram os agro-empresários de hoje. Ora, são eles os herdeiros dos privilégios de classe, são herdeiros da espoliação feita aos índios, são eles os que mantêm o estado paternalista e que defendem formas arcaicas de organização social e política para manter seu poder. São eles os herdeiros dos lucros do trabalho escravo, presente ainda hoje em muitas fazendas. E, por fim, são eles que plantam a soja, a cana e criam o gado para atender sobretudo os interesses externos.

Este último ponto merece destaque. Para onde vai a soja plantada? Para onde vai a carne? Sem dúvida não é para a mesa dos brasileiros. Vejam as estatísticas de exportação e as notícias dos jornais. O agronegócio, muitas vezes controlado pelo capital estrangeiro, está de costas para o país. Está interessado no mercado externo, no preço das commodities, e não se importa em ver boa parte da população brasileira ainda na miséria. Ao contrário, quando os miseráveis tentam reclamar, jagunços neles. Procurem saber sobre a violência no campo, é alarmante. Em muitos lugares o Brasil é ainda terra de ninguém, quem manda é o coronel. Sim, esse nome fatídico ainda está presente na vida de muitas pessoas.

O agronegócio é responsável por boa parte da devastação das grandes áreas de vegetação nativa do Brasil. O que é isso? Nada mais é do que a transferência do impacto ambiental. Os europeus querem carne, os chineses querem soja, os estadunidenses querem etanol. Só não querem os enormes impactos ambientais causados por esses cultivos. Imagine só se quantificássemos os danos e cobrássemos por isso? A pecuária brasileira, por exemplo, seria a atividade mais inviável do planeta: tem produtividade baixíssima e consome uma quantidade inimaginável de recursos.

Se fosse para o desenvolvimento do país, se fosse para que as pessoas melhorassem de vida, isso poderia se justificar. Mas o agronegócio gera poucos empregos se comparado em proporção com a agricultura familiar e mesmo com atividades industriais. Além disso promove concentração de terra e riqueza, não considera as necessidades estratégicas do país (como a conservação da água e da biodiversidade) e impede o desenvolvimento de outras formas de produção, tanto através da violência quanto de lobbies. Emperra também o estudo e o aproveitamento da grande biodiversidade brasileira, pois mantém a mentalidade colonial de que o mato é para ser posto abaixo.

Justamente o agronegócio de exportação é que mantém o Brasil quase como uma colônia no cenário mundial. É a velha história repetida tantas vezes, exportamos produtos de pouco valor agregado e importamos outros de muito. Vale a pena? Vale a pena diminuir as áreas de proteção, as matas ciliares – causando assim o assoreamento dos rios? Vale a pena jogar fora boa parte de nossa biodiversidade ainda desconhecida para atender interesses externos e de um poucos barões daqui de dentro?

Não queremos ser colônia nem precisamos imitar as metrópoles. Podemos sim buscar alternativas, criar o nosso modelo, para atender os interesses da nossa população. Queremos um modelo mais equitativo, em que necessidades básicas, como o acesso à água e à comida, a uma moradia digna, sejam atendidas antes de pensarmos em servir outras mesas, cuja fartura foi obtida através da nossa exploração. Não devemos defender o ambiente por causa de pressões externas. Nesse sentido não importam o WWF, o Greenpeace e a opinião pública internacional! É por nós mesmos que fazemos isso.




Geraldo Witeze Jr.
Contatos com ele através do email woitze@gmail.com.

domingo, 15 de maio de 2011

Você Já Ouviu a Sua Voz?



Você Já Ouviu a Sua Voz?



Por Sara Chana Radclifffe


Você tem um gravador à mão? Se tiver, tente ligá-lo às 8 da manhã, às 5 da tarde e às 8 da noite durante alguns dias. Deixe ligado o tempo suficiente para conseguir uma boa amostra de sua voz nessas horas. Como é a sua voz? Musical, harmoniosa e melodiosa? Ou possui aquele tom aflito, áspero ou estridente? Talvez um pouco de tudo, dependendo de quando você dormiu pela última vez.

Seus filhos também são gravadores de som. Sua voz está programada nos pequenos cérebros deles. Daqui a vinte anos, ela surgirá na cabeça deles enquanto cuidam dos filhos pela manhã, após a escola e na hora de dormir. Eles soarão como você. Isso será bom?

A Voz Envia uma Mensagem

O tom e o volume da voz comunicam todos os tipos de coisas. Um murmúrio suave pode indicar contentamento ou afeição. Pelo menos, é pacífico. Uma voz alta e aguda pode transmitir fúria, pânico, histeria, entusiasmo ou alegria – dependendo da altura, do ritmo e, é claro, do conteúdo.

Quando o teor da mensagem é crítico (“Não gosto quando você derruba o cereal na mesa”) e é pronunciado num tom sério, frio (“Eu não gosto quando você DERRAMA seu cereal na mesa!”) então um subtexto também é passado. Pode soar – aos ouvidos da criança – algo do tipo “… e não gosto de VOCÊ quando você faz isso.” O tom severo na voz encerra rejeição e insulto, O ideal seria usá-lo somente em raras ocasiões durante a jornada da criação dos filhos, quando houver comportamentos graves como ameaça de vida, e algo que envolva algo ilegal ou imoral. Para o comportamento regular, do dia-a-dia, como não ouvir, brigar com os irmãos, desobedecer e outros do tipo, um tom de voz regular, oficial, pode ser usado. Os limites podem ser estabelecidos, as expectativas colocadas e a disciplina forçada ao se usar este tom de voz frio, mas sério. Como ensina o Rei Shelomô: “As palavras do sábio são ouvidas gentilmente.” (Cohêlet 9:17). Gemer, chorar, gritar e outros “ataques” transmitidos vocalmente deveriam ser reservados aos bebês da família até que aprendam a se comunicar com palavras.

Usar o Nome de um Filho

O autoconceito de uma criança está relacionado com seu nome. Portanto, é muito importante usar um tom de voz agradável ao prounciar o nome da criança. E observe que isto vale para todos que se relacionam conosco, não somente nossos filhos e crianças.

No entanto, é tentador para os pais gritar ou berrar o nome de um filho quando ele não está ouvindo ou cooperando. “LEA! Quantas vezes tenho de lhe dizer para não subir naquela cadeira!” De fato, quanto mais vezes um pai chama um filho, mais provável é que o pai logo estará gritando o nome do filho no tom de voz mais desagrádavel. Multiplique a experiência por muitas vezes diárias ou semanais e você pode acabar com um filho que odeia escutar o som do próprio nome. Aquele som começa a significar desprazer, castigo e/ou rejeição . É suficiente até para fazer com que uma pessoa deseje trocar de nome. Uma medida preventiva que os pais podem tomar para não gritar o nome de um filho é jamais se permitir chamar um filho mais de duas vezes. Isso impede o tipo de frustração que leva a uma alteraçnao de voz bastante desagradável. Outro truque é ir direto até o filho que não está cooperando e falar perto do seu rosto. Você não precisará usar qualquer nome. Uma terceira ideia é simplesmente seguir a regra de que você JAMAIS deve usar um tom de voz desagradável ao chamar o nome de seu filho.

Portanto, pratique sua voz agradável (da mesma forma que se dirige com um tom meloso ao seu bebê que chora). Isso fará com que você e todos na casa se sintam muito melhor.

A língua dos sábios adorna o conhecimento...

Beit Chabab

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NOTA: O Conteúdo em Itálico foi acrescentado por nós para ampliar a visão do sentido textual.

Consumo de recursos naturais pode aumentar 3 vezes no mundo, diz ONU

Consumo de recursos naturais pode aumentar 3 vezes no mundo, diz ONU

Por racismoambiental,

O consumo mundial de recursos naturais pode ser triplicado até 2050, a 140 bilhões de toneladas por ano, caso não sejam tomadas medidas drásticas para frear a superexploração, advertiu a ONU.

O programa da ONU para o meio ambiente (PNUE) ressalta em um informe – publicado na quinta-feira (12) – que as reservas a um bom preço e qualidade de certos recursos essenciais como o petróleo, o ouro e o cobre já estão se esgotando.

Com uma população de 9,3 bilhões de pessoas esperadas para o ano de 2050 e com países em desenvolvimento cada vez mais prósperos, o PNUE adverte que “as perspectivas de níveis de consumo cada vez mais elevadas vão muito além do que é provavelmente viável”.

O informe indica que os governos devem fazer mais com menos, e de maneira mais rápida que o ritmo de crescimento econômico.

Atualmente, nos países desenvolvidos, uma pessoa consome em média 16 toneladas de minerais, combustíveis fósseis e biomassa por ano, contra 4 toneladas na Índia, segundo o informe.

O PNUE considera necessário refletir integralmente sobre a exploração dos recursos e prever “investimentos massivos” nas inovações tecnológicas, econômicas e sociais a fim de conquistar, pelo menos, o congelamento dos níveis atuais de consumo de recursos nos países ricos. (Fonte: G1)

Explosão do desmate. Ibama chama agentes do Brasil todo para a Amazônia

Explosão do desmate. Ibama chama agentes do Brasil todo para a Amazônia

Por racismoambiental,

A explosão no desmatamento na Amazônia fez o Ibama suspender todas as suas operações de fiscalização no país para concentrar esforços na contenção da derrubada. A reportagem é de Ana Flor e Cláudio Angelo e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo,14-05-2011.

O governo acredita que o pulo nos índices de desmate é resultado da perspectiva de afrouxamento da legislação com o novo Código Florestal. A determinação do Ibama foi baixada na segunda-feira, num memorando às superintendências de todo o país.

O documento, obtido pela Folha, determina que todas as operações de fiscalização do PNAPA (o plano anual de operação do Ibama) que não tenham relação com o combate ao desmatamento na Amazônia sejam suspensas. Para 2011, o programa tinha 1.300 operações previstas.

“Não adianta combater o tráfico de animais, por exemplo, se o habitat deles foi para o saco”, diz o presidente do Ibama, Curt Trennepohl. “Foi a decisão mais lógica. Temos de estancar a hemorragia em Mato Grosso.”

Agentes dos Estados também estão sendo deslocados em massa para a Amazônia. Segundo Trennepohl, há cerca de 520 homens na região agora. O número deve crescer, já que só do Rio Grande do Sul, nesta semana, serão deslocados mais 60 agentes.

O governo foi surpreendido pela retomada da devastação, principalmente em Mato Grosso. Dados preliminares do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a serem divulgados na semana que vem, sugerem um repique sem precedentes desde o final de 2007, quando o governo baixou o embargo de crédito aos desmatadores (gênese da polêmica atual sobre o Código Florestal).

PULO DO GATO

O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, recusou-se a fornecer o dado, alegando que ele ainda está sob verificação. “O gato subiu no telhado. Falta ver o tamanho do pulo”.

A expectativa em relação à mudança no código, em discussão no plenário da Câmara, é considerada pela área ambiental do governo um dos principais fatores por trás da aceleração da derrubada.

Como já é tradição na Amazônia, o setor produtivo se antecipa a decisões do poder público e derruba a floresta.

Neste ano, em MT, o objetivo do desmatamento seria criar “áreas consolidadas” antes da aprovação do código para ganhar anistia.

Parlamentares ruralistas e entidades do setor têm vendido à base que o novo código permitiria a manutenção de áreas rurais consolidadas e abriria a possibilidade de consolidar o uso de áreas de preservação permanente.

A retomada do preço das commodities no mercado internacional e a anistia ao desmatamento concedida pela recém-aprovada lei de zoneamento do Estado também são apontadas como causas possíveis do repique.

Segundo Trennepohl, a devastação tem se concentrado na região produtora de grãos do Estado, e o desmate é sobretudo para agricultura.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=43263

Degradação na Amazônia Legal cresce 35%, diz Instituto Imazon

Degradação na Amazônia Legal cresce 35%, diz Instituto Imazon

Por racismoambiental,

Na Amazônia Legal, 299 quilômetros quadrados de florestas foram degradados em março deste ano, um aumento de 35% em comparação com o mesmo período de 2010, quando a área atingida foi de 220 km2. Os dados, do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), constam no último boletim do Instituto Imazon. A reportagem é de Fátima Lessa e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 14-05-2011.

Segundo o instituto, Mato Grosso foi responsável por 73% da degradação, seguido por Rondônia, com 23%. Degradação florestal significa que a floresta foi cortada parcialmente ou sofreu queimada, mas não foi totalmente derrubada.

Os dados confirmam o alerta feito pelo Deter, sistema de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que detecta a ocorrência de corte raso, ou seja, desmatamento total de uma área, na Amazônia Legal.

Em janeiro e fevereiro deste ano, o Deter apontou 19,2 km2 de áreas desmatadas. Mato Grosso apareceu como o Estado que mais desmatou, com 14,4 km2, seguido pelo Maranhão, com 4,3 km2.

Perfil

O diretor de desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Mauro Pires, confirma que houve um pico fora da curva e diz que agora a maior preocupação é em relação à mudança do perfil do desmate. Nos últimos cinco anos, o desmatamento ocorreu em polígonos que variavam de 20 a 80 hectares. Hoje é comum encontrar áreas desmatadas com mais de mil hectares.

“Constatamos a volta do uso de correntão (grandes tratores), que desmata de maneira ilegal com mais rapidez e em maior quantidade”, afirmou o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama),Ramiro Hofmeister Martins-Costa.

Para Pires, os desmatadores estão apostando no perdão ao desmate que pode ser concedido pelo novo Código Florestal, que não tem data para ser votado no Congresso.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=43268

terça-feira, 10 de maio de 2011

Tupinambá

Tupinambá

Fonte: Cimi

POVO
TUPINAMBÁ

Outras denominações:

Outras grafias:

Língua:

Tronco Lingüístico:

Família lingüística:

Língua materna:

Perderam a língua nativa

Línguas faladas:

População:

No Estado:

2.000

Total:

2.000

Localização:

Terra Indígena:

Tupinambá de Belmonte

Tupinambá de Olivença

Estado:

Bahia

Município:

Tapebi e Belmonte

Ilhéus

Pataxó Hã-Hã-Hãe

Pataxó Hã-Hã-Hãe

Fonte: Cimi

POVO
PATAXÓ HÃ-HÃ-HÃE

Outras denominações:

Outras grafias:

Língua:

Tronco Lingüístico:

Família lingüística:

Língua materna:

Perderam a língua nativa

Línguas faladas:

População:

No Estado:

2.000

Total:

2.000

Localização:

Terra Indígena:

Caramuru-Catarina Paraguaçu

Estado:

Bahia

Município:

Camacã

Itajú do Colônia

Pau Brasil